A MARCHA DA AJUDA ESTEVE EM RISCO DE NÃO PARTICIPAR POR FALTA DE HOMENS

A Marcha da Ajuda já está a ensaiar há quase três meses e este ano, esteve quase a desistir da participação por falta de homens marchantes. Quem nos conta é o coordenador da Marcha da Ajuda, Adolfo Santos, que acrescenta ainda que pouca gente transitou da edição de 2020 para 2022.

 “A juventude já não é como antigamente, cada vez menos os jovens se interessam pelas marchas, a menos que sejam influenciados pelos pais”, lamenta o responsável, acrescentando ainda que “os dois últimos anos foram péssimos porque muita gente dispersou-se, as pessoas ganharam outros hábitos”. Por isso, foi necessário abrir candidaturas, às quais responderam 48 mulheres e muito poucos homens.

“Inicialmente, algumas pessoas estavam com medo por causa da pandemia e no início a adesão foi fraca”, conta Adolfo ao Olhares de Lisboa, sendo que, após uma grande sensibilização para a importância das marchas na questão da manutenção das tradições e do bairrismo, lá se conseguiu o número de elementos necessários.

Contudo, quase nenhuns residem na Ajuda. “Há cada vez mais estrangeiros a viver na Ajuda, e por isso a nossa marcha conta com pessoas de outros bairros e da Margem Sul do Tejo”, lamenta Adolfo Santos, que não fecha as portas a ninguém, mas preferia que o grupo de marchantes “fosse composto por pessoas todas residentes na Ajuda”, porque considera que, de outra forma, “o bairrismo começa-se a perder”.

A Marcha da Ajuda ensaia todos os dias, de segunda a sexta-feira, a partir das 22h00, no Pavilhão Multiusos da Ajuda. Os marchantes têm idades entre os 15 e os 60 anos. Não existem muitos requisitos para entrar na marcha: “apenas ter gosto e bairrismo”, explica Adolfo Santos ao Olhares de Lisboa, embora admita que houve a necessidade de fazer uma pré-seleção às mulheres, por o número de candidatas ser superior ao necessário.

“Aos homens não pudemos fazer isso, porque eram poucos. Muitos não sabiam cantar nem marchar, e então tivemos que lhes ensinar”, conta o coordenador. No entanto, houve um requisito fundamental para entrar na Marcha da Ajuda: ter Certificado Digital de Vacinação.

No âmbito da pandemia, os organizadores da Marcha fizeram os ensaios sem máscara, mas qualquer suspeita de casos positivos tem de ser comunicada e se alguém testar positivo à Covid-19, é imediatamente substituído. A Marcha da Ajuda nunca ganhou as Marchas de Lisboa, e melhor resultado que teve foi um segundo lugar, ainda nos anos 70.


Em 2022, os padrinhos da Marcha da Ajuda são novamente o fadista Gonçalo Salgueiro e Paula Sá, que 10 anos depois aceitaram novamente o desafio. Os ensaiadores são Ricardo Magalhães e Beto Valles, sendo este último também o autor das músicas. Já os figurinos estão a cargo de Vasco Catarino.

Os ensaios arrancaram em março, mais cedo do que a maior parte das marchas a concurso. “Nós começamos mais cedo porque nunca conseguimos ensaiar com as 48 pessoas ao mesmo tempo, nem sempre é fácil conciliar com os horários de toda a gente”, conta Adolfo Santos, que é responsável pela Marcha da Ajuda desde 2008 e que tem “um enorme orgulho em ser da Ajuda”.

A Marcha da Ajuda apresenta-se no Altice Arena, no dia 5 de junho. Depois, volta a desfilar na noite de 12 para 13 de junho na Avenida da Liberdade.

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