A REVOLUÇÃO SILENCIOSA DO BEATO

Afinal há petróleo no Beato… não na forma literal da expressão, mas sim através da criação de novas empresas e indústrias. Contudo, os moradores queixam-se da falta de uma farmácia e uma estação de correio.

O Beato é uma das mais antigas freguesias de Lisboa e dentro das suas fronteiras guarda realidades distintas e ricas.  Algumas delas ainda remontam ao tempo que o Beato era um lugar de antigas quintas e palacetes, como o Convento do Beato, um dos mais importantes do património Lisboeta, utilizado para a realização de vários tipos de eventos.

Com uma localização privilegiada junto ao rio, tem zonas na margem com um grande potencial, que podem ser aproveitadas. Nos últimos anos têm sido implementados projetos para melhorar a qualidade de vida das populações e devolver ao Beato uma dinâmica renovada de urbanidade.

Quem aqui vive e, realmente, conhece o Beato reconhece que este é um lugar onde se faz uma vida de bairro tranquila. A freguesia ainda é uma zona calma, onde os seus habitantes apreciam o sossego e a segurança.

Desde o bairro mais tradicional da Madre de Deus até à zona mais industrial da freguesia, este bairro está a descobrir-se à cidade e aos visitantes. Novas empresas estão a instalar-se, novas atividades ligadas à cultura e à criatividade estão a mudar-se para o Beato.

Antigas indústrias convertidas em novos restaurantes e nichos de negócios. Mas os moradores queixam-se de falar de oferta de serviços, como uma farmácia, uma estação dos CTT ou supermercados.

Aparentemente, a freguesia está a desenvolver-se, mas faltam serviços básicos e essenciais a quem aqui vive e trabalha.


Beato criativo

Já do ponto de vista de Rodrigo Correia, de 28 anos, Chefe de Sala, Rua do Grilo, o bairro «está a começar a mexer», salientando: «Toda a parte criativa do Beato está a levar uma reforma grande. Vêm novas empresas trabalhar para aqui. As casas também são um pouco mais baratas que no centro. O estacionamento não ser pago também é ótimo. Existem várias fábricas de cerveja artesanal. Tem o Criativo do Beato. o Coworking Now, que traz muita gente nova. temos aqui casas na Airbnb».

No entanto, como reconhece, o bairro «precisa de mais empresas e de coisas a acontecer à noite para trazer mais coisas aqui», nomeadamente «algumas coisas culturais, que podem trazer estrangeiros e turistas»

Alda Ramos, de 36 anos, Empregada de balcão, Calçada do Duque de Lafões, corrobora a versão de Ricardo, sublinhando: «Está a ser tudo renovado. Está zona está a ficar com negócios. Estão a abrir aqui empresas novas. Isto é um ambiente muito familiar. Isto vai ganhar vida. é um bairro histórico e tem tudo para se gostar de viver aqui».

Apoio a idosos

Bairro muito calmo e com imensos transportes tem, contudo, algumas carências, nomeadamente uma farmácia, uma estação de correio e um supermercado. Um outro aspeto que preocupa Alda Ramos são as pessoas mais idosas que «precisam de alguns cuidados mais imediatos, que aqui não há».

Residente no bairro há mais de 40 anos, Hermínia Toscano, de 70 anos, reformada, Rua Nicolau Tolentino, valoriza «o sossego que aqui existe e o bom ambiente». No entanto, lamenta a falta de oferta ao nível do comércio.

Para Maria de Castro, 73 anos, Empregada de restauração, Alameda do Beato, também está tudo bem no Beato. «Este bairro é sossegado e é um bom local para viver. Tem de tudo um pouco. Tem um mercado tradicional e é tudo perto. Tem transportes à porta», salienta esta moradora.

João Fonseca, de 55 anos, repositor Aeroporto de Lisboa, Rua Vicente Ribeiro, há 20 anos que mora na freguesia e, por isso, conhece muito bem a realidade da zona, o que o leva a afirmar: «O bairro é bastante agradável e tem muita qualidade de vida. Tem transportes para todo o lado».

Contudo, apesar de ser um local aprazível para viver, existem situações que complicam a vida dos moradores, nomeadamente; «faltam muitas infra-estruturas ao nível dos parques infantis. Não existe um pavilhão desportivo na freguesia. Temos poucos recintos desportivos e os que há estão bastante degradados. Há pouca oferta ao nível de equipamentos desportivos».

Por último, pede mais segurança na mata da Madre de Deus.

A freguesia

A freguesia do Beato, inicialmente denominada São Bartolomeu do Beato, foi criada em 1756, por desanexação de Santa Maria dos Olivais, tendo sido uma das poucas a manter-se aquando da reorganização administrativa da cidade de Lisboa, sofrendo apenas pequenos ajustes nos limites com as freguesias vizinhas.

Alguns monumentos e locais de interesse a visitar são: Convento de São Francisco de Xabregas ou Convento de Santa Maria de Jesus; Convento do Beato António ou Convento de S. Bento de Xabregas; Palácio de Xabregas ou Palácio dos Marqueses de Olhão ou Palácio dos Melos; Igreja e antigo Convento do Grilo ou Igreja.

 

 

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