CAMPOLIDE É COMO VIVER NUMA ZONA ANTIGA NO CENTRO DA CIDADE

As opiniões dividem-se entre os que acham que Campolide está a envelhecer e quem considera que está a rejuvenescer. Na Rua de Campolide, uma das principais vias da freguesia, assiste-se a um movimento intenso à hora de almoço.

No largo, junto ao mercado, está parado o elétrico 24, que com o seu reaparecimento veio facilitar a vida aos moradores que querem ir ao centro da cidade.

Mas percorrendo as ruas notam-se contrastes entre a parte antiga na freguesia e as novas urbanizações que surgiram e outras que estão planeadas para a zona. Se as novas habitações puxam novos moradores para a freguesia, já quem mora na parte antiga se sente um pouco esquecido, como sublinha a moradora Joana Oliveira: “nós que vivemos aqui no bairro velho estamos um pouco esquecidos”.

Por estar situada numa zona central da cidade, junto a grandes pólos comerciais, como as Amoreiras e o El Corte Inglês, as ruas da freguesia sentem com intensidade o trânsito que aqui passa e que, na sua maioria, é de passagem.

Também nas suas ruas se nota muito comércio tradicional com as portas encerradas. Por contraste, a maioria dos restaurantes e cafés estão cheios.

Nota-se algum investimento na requalificação de alguns espaços públicos, mas outros problemas permanecem, segundo os moradores, como é o caso do estacionamento, que a vinda da EMEL não ajudou a resolver.

Com os seus 2,77 km² de área e 15.460 habitantes (Censos de 2011), Campolide é uma freguesia em que os seus moradores mais antigos prezam muito o espírito de vizinhança e entreajuda. Uma característica rara, num bairro que tanto tem de antigo como de moderno.


Uma das coisas que Jorge Silva mais valoriza em Campolide “é ser um bairro sossegado”. No entanto, como também noutras freguesias de Lisboa, também aqui se vê o peso da demografia a fazer mossa no que respeita ao envelhecimento da população residente. É algo que este comerciante, com 30 anos de bairro, nota: “nos últimos anos este bairro envelheceu muito. Há pouca gente ne lojas da vova e os escassos habitantes novos são temporários”. Em especial nas “estadias de curto prazo e, também, alguns estrangeiros que aqui aparecem”.

Também outro reparo que Jorge Silva faz respeita à falta de limpeza nas ruas: “Há muitos animais e as pessoas não são civilizadas. Deixam por aí as necessidades dos cães. Uns limpam outros não limpam. Acho que a câmara ou a junta (de freguesia) deveria ter um pouco mais de cuidado neste aspeto”.

Estas críticas não fazem Jorge Silva deixar de elogiar o espírito de vizinhança que existe no bairro:” há um espírito de entreajuda entre as pessoas, quase todos se conhecem e há sempre aquela preocupação de saber se a pessoa está bem ou não”. E esta é uma qualidade que distingue este bairro, refere.

As opiniões divergem no que respeita ao envelhecimento da população residente. Por exemplo, Luís Marques considera que o aumento do número de habitações vendidas em Campolide teve uma sequência quase direta: “Saiu muita população mais antiga e veio para aqui morar uma população mais nova”.

Como local para viver tem as qualidades necessárias, no entender deste comerciante: “tem cafés, supermercados”. Também considera que é “um bairro sossegado e não grandes problemas ao nível de segurança”.

A nível de estacionamento as coisas não estão muito bem, sublinha Luís Marques, porque “as pessoas pensavam que com a vinda da EMEL para aqui, isto iria melhorar, mas as coisas mantêm-se como estavam, com os mesmos constrangimentos no estacionamento”.

Manuel Freire praticamente nasceu no bairro, pois vivi aqui à 59 anos. “Este é o meu bairro de sempre e não tenho nada de mal a dizer dele”, afirma categoricamente.

Refere algumas das coisas boas que têm sido feitas, como o “arranjo da praça junto à Rua de Campolide, ficou com uma cara lavada esta zona”.

A única crítica que faz é ao nível dos transportes públicos, pois “onde moro estou um pouco mal servido. Moro na Bela Flor e temos que andar um pouco para apanhar o autocarro”.

“É um bairro simpático e tranquilo. É central e tem boa vizinhança”, resume Joana Oliveira em poucas palavras o que a faz viver nesta freguesia à 24 anos. “Tem as coisas boas, mais modernas e, depois, tem as coisas boas do bairro”, como “as mercearias, os idosos. Toda a gente conhece toda a gente e isso é bom”.

Esta moradora assegura que, se fosse presidente da junta de freguesia, apostava na limpeza urbana. E explica: “A nível de limpeza a situação não é a ideal”. E lança  criticas ao presidente da junta de freguesia: “O nosso presidente da junta está muito focado nos votos e pouco nas pessoas. Gosto muito dele, mas ele está muito focado no à volta e nós que vivemos aqui no bairro velho estamos um pouco esquecidos”.

Gosta muito do seu bairro, mas para Leonilde Dias há uma coisa que parece estragar um pouco essa harmonia: a calçada, “porque é terrível subir nestas pedras”.

Esta moradora sublinha como positivo “os transportes públicos que servem o bairro. Também temos as Amoreiras, temos o jardim da Amália Rodrigues que é um passeio lindíssimo”.

Não sente a falta de nenhum serviço e “tenho tudo por perto”, sublinha esta moradora.

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