CARLOS MOEDAS VOLTOU A ALMOÇAR COM TRABALHADORES DA HIGIENE URBANA

O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, disse esta terça-feira que irá negociar com as juntas de freguesia uma solução estrutural para a questão do lixo na cidade, reiterando que o problema da higiene urbana já não é novo. O autarca falava aos jornalistas após um almoço com os trabalhadores da higiene urbana na cantina do Polo dos Olivais, um ano depois de cumprir a primeira promessa eleitoral, para fazer outra: a recolha do lixo terá “reforma estrutural”.

Há precisamente um ano, Carlos Moedas cumpria a sua primeira promessa eleitoral e entrava no refeitório do Polo dos Olivais para almoçar com os funcionários da higiene urbana da autarquia na condição de presidente da Câmara eleito. Esta terça-feira, já depois de ter desbloqueado 18 milhões para as freguesias, voltou a ouvir algumas queixas e a solidarizar-se com os problemas dos trabalhadores. Recorde-se que a delegação de competências na área da Higiene Urbana para as juntas de freguesias representa um investimento municipal de 18 milhões de euros, tendo já sido pago metade e o restante valor vai ser pago até ao final do ano.

“É uma alegria estar aqui um ano depois. Foi o primeiro sítio que vim como presidente da Câmara. Foi o meu primeiro almoço enquanto autarca foi aqui, com todo este pessoal do Departamento de Higiene Urbana”, disse Carlos Moedas, acrescentando que este encontro teve como objetivo repetir o que fez exatamente há um ano, a 27 de setembro de 2021, um dia depois de ser eleito, como forma de “celebrar o primeiro ano à frente” da Câmara de Lisboa.

Carlos Moedas foi saltando de mesa em mesa, partilhando a refeição de tabuleiro com vários trabalhadores. Na manga trazia também uma novidade: quer uma reforma estrutural da recolha de lixo na cidade. O edil recorda que já teve a oportunidade de almoçar várias vezes na cantina do Pólo dos Olivais, juntamente com os funcionários da Higiene Urbana, departamento onde, há um ano, “existia falta de pessoal”. “Dei-me conta deste problema e contratámos quase 200 pessoas”, acrescentou ainda Carlos Moedas, que teve ainda a oportunidade de estar com mais de 100 funcionários desta área na semana passada. Para o mesmo, neste último ano, foi também possível começar a “pagar o subsídio de penosidade” a estes empregados, que “trabalham todos os dias, em condições muitas vezes difíceis”.

O presidente da Câmara de Lisboa reconhece que a higiene urbana é um dos principais problemas que a cidade enfrenta e, nesse sentido, explicou ainda que “tem tentado resolver a questão, através da aplicação de recursos”, entre as quais a transferência de verbas para as juntas de freguesia para a recolha de resíduos. “Não posso, de um dia para o outro, mudar estruturalmente aquilo que não está bem, mas os recursos estão a ser aplicados e, portanto, estamos à espera e eu penso que já se estão a ver esses resultados”, acrescentou Carlos Moedas.

Todavia, frisa que “é preciso deixar responsabilidades claras” no que compete à Câmara Municipal e às Juntas de Freguesia. Se estiver sujo, pelo menos, será possível apontar o dedo “claramente” ao culpado. O pingue-pongue entre a limpeza das ruas ou dos caixotes do lixo ficará, idealmente, com os dias contados. Prazos? Por enquanto não há.

Com as juntas de freguesia, Carlos Moedas quer garantir que “as boas relações continuam” e que os presidentes das juntas são ouvidos. Não será tempo de comprar mais uma guerra e fazer crescer a oposição à governação num tema tão caro à cidade.


Contudo, o autarca lisboeta admite que a “reforma administrativa” trouxe um problema para Lisboa, uma vez que “a divisão de trabalho entre a Câmara e as freguesias não está a funcionar”, reconhecendo que vai negociar, com o acordo da Assembleia Municipal, as funções quer da autarquia, quer das juntas de freguesia, nesta matéria, de forma a clarificar “quem faz o quê”.

“Primeiro vou falar com todos os presidentes da junta e definir qual é a melhor solução”, disse ainda o autarca, que não quis apresentar nenhuma solução, nem nenhum prazo por enquanto, porque “estas reformas estruturais não se fazem com prazos e com avisos, mas sim através da negociação que tem de ser feita, consultando todas as pessoas primeiro”.

Já à mesa com alguns trabalhadores da higiene urbana, Carlos Moedas comenta que “os turistas chegam a Lisboa e mencionam que é uma cidade muito limpa”, embora reconheça que aos olhos dos próprios lisboetas “a ideia é completamente diferente”.

“Aquilo que eu vejo é que não há também da parte das pessoas respeito pelo vosso trabalho, já vi pessoas largarem os cães para irem fazer as necessidades nos sítios onde estão as pessoas a limpar”, comenta Moedas logo numa das primeiras mesas onde se senta. De volta recebe agradecimento pela proximidade e pelo respeito a um trabalho que poucos estão interessados em fazer.

Aos jornalistas, o presidente da Câmara de Lisboa referiu que este almoço com os funcionários da higiene urbana serviu para “ouvir os problemas e ideias”. “Por exemplo, estivemos a falar do desenho daquilo que são os chamados Ecopontos e Eco Ilhas, discutimos porque é que foram desenhados daquela maneira e o que leva a que, muitas vezes, as pessoas ponham os sacos ao lado e não dentro do ecoponto ou Eco Ilha”, acrescentou o autarca, salientando que, com este encontro, pretendeu assim, “ouvir na prática, o que são os problemas de todos os dias e tentar resolver problemas práticos”.

Outro assunto falado entre Carlos Moedas e os funcionários da Higiene Urbana foi o uso da inteligência artificial na recolha do lixo na cidade. “Tive-lhes a contar os problemas que vou vendo em certas partes da cidade e que normalmente envio imediatamente para o Diretor Municipal e são resolvidos na hora”, disse o edil, admitindo que existem “mais problemas nas zonas com maior carga turística”, apelando a uma “maior sensibilização e fiscalização” na cidade.

Em jeito de despedida, com um sabor até à próxima, Carlos Moedas afirmou: “Estou aqui hoje sobretudo para dar um abraço aos trabalhadores e às trabalhadoras, e agradecer-lhes por todo o trabalho, porque é um dos trabalhos mais complexos da nossa Câmara Municipal”.

Após o almoço, o presidente da Câmara de Lisboa visitou as oficinas da Direção Municipal de Higiene Urbana, instaladas no Polo dos Olivais.

 

 

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