ENTREVISTA | MARGARIDA MARTINS: UMA FORÇA MOBILIZADORA

Uma das primeiras intervenções de Margarida Martins, como presidente da Junta de Freguesia de Arroios, foi no Mercado 31 de Janeiro, onde vai ser implementada uma Loja de Cidadão.

Margarida Martins, presidente da Junta de Freguesia de Arroios, adora mercados, recordando que uma das suas primeiras intervenções, como presidente da Junta de Freguesia, foi no Mercado 31 de Janeiro, onde as obras de renovação permitiram voltar a ver famílias às compras ao sábado de manhã.

É, com orgulho, que sublinha: este mercado até tem um espaço para as crianças, revelando que a sua paixão pelos mercados começou ainda em miúda: «Ia a uma loja em frente ao mercado de Arroios com a minha mãe e madrinha fazer fotografias. Ao mercado do Saldanha ia com o meu pai comprar amêijoas para fazermos carne de porco à alentejana. O mercado do Forno do Tijolo era onde ia com a minha avó. E até nasci na freguesia! Nasci na maternidade de Santa Bárbara, que à data pertencia à freguesia do Socorro mas agora é de Arroios. Apesar de, com os anos, me ter virado mais para o lado do Bairro Alto, este território sempre fez parte da minha vida».

Mulher de lutas e causas, que gosta de estar próxima das pessoas, Margarida Martins é uma mulher apaixonada pela sua freguesia e pelos «seus três mercados» (31 de Janeiro, Arroios e Forno do Tijolo) que, conforme refere, têm atraído gente à Freguesia.

Conforme alguém, em tempos idos disse, Margarida Martins é uma «mulher de ideias que produzem sonhos que, por sua vez, transformam a sociedade e criam projetos inovadores para a sua freguesia». E, de facto, Margarida Martins tem, aos poucos e poucos, mudado a «vida» das gentes desta freguesia lisboeta.

Com os mercados renovados conseguiu atrair gente à sua freguesia, recordando que foram a primeira Junta de Freguesia a criar espaços infantis nos mercados, o que permite às crianças brincarem enquanto os pais fazem compras. Agora, está a apostar nos mercados «de cultura».

Do ponto de vista de Margarida Martins, os mercados de Arroios, 31 de Janeiro e do Forno do Tijolo assumem-se como elementos essenciais na vida comercial, social e multicultural da freguesia, além de fazerem parte do imaginário tradicional da cidade.


Mercado de Arroios

É com carinho que Margarida Martins fala do mercado de Arroios que estava degradado e com pouca clientela. As obras de reabilitação, no valor de cerca de um milhão de euros, injetaram esperança nos vendedores, que consideram que as vendas melhoraram.Inaugurado em 1942, o mercado de Arroios (um dos 6 maiores mercados de Lisboa) foi o primeiro a ser requalificado e reaberto, em Janeiro de 2017, com a marca «Mercados Lisboa», ao abrigo do Plano Municipal de Mercados Municipais.

O «novo» mercado de Arroios é agora um ponto de encontro e um dos corações do bairro, que foi muito importante revitalizar, defende Margarida Martins. A presidente da Junta de Freguesia de Arroios entende que, com a reabilitação deste mercado, o espaço está agora «com outro aspeto para receber as pessoas».

No ano em que celebra o seu 75º aniversário, o mercado de Arroios apresenta uma nova dinâmica, com espaços próprios para eventos, novas lojas, feiras temáticas e uma estufa hidropónica (sistema de cultivo sem solo) na cobertura – que o tornará no primeiro mercado hidropónico do mundo.

Para Margarida Martins, as obras de requalificação permitiram, por um lado, que os comerciantes tivessem mais conforto e o mercado fosse mais apelativo para os consumidores. Além da renovação interior, instalaram-se também restaurantes no exterior que trouxeram uma nova vida à zona, outrora pouco movimentada pelo encerramento do mercado às 14h.

As obras realizadas neste mercado fazem parte do plano da Câmara Municipal para promover a marca ‘Mercados de Lisboa’, que pretende melhorar a qualidade de 25 mercados da capital, tornando-os mais atrativos para os consumidores.

Mercado 31 de Janeiro

Localizado em Picoas, perto do Saldanha, o mercado 31 de Janeiro tornou-se um dos espaços comerciais mais modernos da cidade.Sob a gestão da Junta de Freguesia de Arroios, este mercado tem espaços para todos os gostos. Peixe fresco, congelados, legumes, fruta, carne, pão, pastelaria, charcutaria, restauração e bebidas são algumas das ofertas existentes na secção alimentar, havendo outros espaços para comprar flores, plantas, artigos de jardinagem e artigos para o lar.

Entretanto, no próximo ano, este espaço vai acolher a futura Loja do Cidadão. Assim, onde agora apenas existe um mercado e um café, os lisboetas poderão, no próximo verão, revalidar o seu cartão de cidadão, tratar dos seus impostos ou dos papéis para a licença de maternidade.

A Loja do Cidadão ficará localizada no primeiro piso do Mercado 31 de Janeiro, um espaço de dois mil metros quadrados, cujas obras de requalificação irão implicar um investimento entre «1,5 e 1,7 milhões de euros» e que será suportado pelo município.

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, considera que “esta foi uma decisão governamental que irá contribuir para a melhoria das condições de vida e de trabalho na cidade de Lisboa”, uma vez que a cidade vai “recuperar a sua Loja do Cidadão, avançando num processo de melhoria da qualidade de prestação dos serviços”.

Mercado do Forno do Tijolo

O mercado do Forno do Tijolo, com projeto vanguardista do arquiteto Eduardo dos Reis, foi inaugurado em 1956, distribuindo-se por cinco edifícios, que incluem atualmente um pequeno mercado, com seis lugares de horto-frutícolas e quatro de peixe.

Depois da remodelação, em julho de 2013, foi inaugurado no mercado um FabLab. Trata-se de um laboratório de fabricação digital que permite a criação de novos produtos de propriedade intelectual (a baixo custo) e negócios. O FabLab Lisboa pretende ser acessível ao cidadão comum, possibilitando-lhe o acesso a um espaço onde se possa fazer quase tudo, visando o desenvolvimento social e económico, seja a nível individual ou comunitário. Com este laboratório a CML pretende estimular a inovação, a criatividade e o empreendedorismo, e ajudar a tornar realidade o protótipo de uma ideia.Por outro lado, uma outra grande aposta da presidente da Junta de Freguesia para este espaço prende-se com o «Mercado de Culturas», que pretende ser um espaço polivalente, dedicado a eventos culturais, desportivos e de índole social com gestão da inteira responsabilidade da Junta de Freguesia de Arroios. Situado na antiga nave central do Mercado do Forno do Tijolo e com quase 1000 m2, este novo equipamento é já um importante ponto de encontro de pessoas e culturas na cidade de Lisboa, tendo aberto portas em 2016.

O Mercado de Culturas está apto a receber eventos públicos diversos, desde exposições, feiras, workshops, espetáculos (cinema, teatro, música, etc.), bem como acolher a realização de iniciativas com origem no dinâmico movimento associativo da cidade.

Leia e descarregue a edição completa | Mercados de Lisboa OLHARES DE LISBOA Nº 5

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