ESTUÁRIO DO TEJO FORTALECE TURISMO NA REGIÃO DE LISBOA

O turismo é a atividade económica e social mais importante da AML, tendo gerado, em 2018, 14,7 mil milhões de euros de receita e mais de 201 mil empregos, contribuindo com 20,3% para o PIB regional e com 15,4% para o emprego.

O novo plano estratégico para o turismo na região de Lisboa quer dar maior destaque ao Tejo e uma maior integração de vários pólos. A criação de 12 pólos turísticos na região de Lisboa é uma das propostas do Plano Estratégico do Turismo de Lisboa 2020-2024, que defende mais protagonismo para o Tejo e a aposta em produtos transversais a todo o destino.

«O plano estratégico 2020-2024 deve focar-se na sustentabilidade do destino e na preparação de um novo ciclo de crescimento», afirma Luís Paixão Martins, da Associação de Turismo de Lisboa, dando um enfoque especial ao desenvolvimento turístico da região de Lisboa que, segundo ele, «devem ter como objetivo integrar o seu conteúdo nos planos individuais dos vários municípios da Área Metropolitana de Lisboa».

Pela primeira vez, afiança Luís Paixão Martins, «existe uma ideia central» para o turismo da região de lisboa. «Estamos a iniciar um novo ciclo que, inclusivamente, vai valorizar a oferta sociocultural», numa perspetiva de «uma nova estratégia política territorial».

A tónica do discurso de Luís Paixão Martins «centrou-se» na necessidade de «harmonizar» a relação «entre visitantes e residentes», lembrando que «a captação de turistas» não passa por desertificar as cidades, correndo com as pessoas para dar lugar a alojamentos turísticos. «Temos que conciliar os interesses dos residentes e o dos visitantes», salientou.

A apresentação deste projeto (que contou com a presença dos presidentes das Câmaras Municipais de Lisboa, Fernando Medina, de Loures, Bernardino Soares, de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita, e de Sesimbra, Francisco Jesus, e do presidente-adjunto da ATL, José Luís Arnaut, do presidente da ERT-RL, Vítor Costa,  e do vogal da Direção da ATL, Luís Paixão Martins), além de realçar que o turismo é a atividade económica e social mais importante de Lisboa, tendo gerado, em 2018, 14,7 mil milhões de euros de receita e mais de 201 mil empregos, contribuindo com 20,3% para o Produto Interno Bruto (PIB) regional e com 15,4% para o emprego, teve o grande mérito de propor a criação de 12 polos turísticos, divididos em três ‘categorias’: pólos consolidados (polo Lisboa-Centro, polo Belém-Ajuda, pólo Sintra, pólo Cascais e pólo Ericeira), pólos em desenvolvimento (pólo Tejo, polo Lisboa Oriente, pólo Mafra e pólo Arrábida) e pólos a potenciar (pólo Arco Ribeirinho Sul, pólo Reserva Natural do Estuário e pólo Costa da Caparica).

As diferentes ofertas


Assim, no pólo Lisboa-Centro a estratégia deverá passar pela gestão dos fluxos, a aposta na qualidade e promoção de novas zonas com potencial turístico, nomeadamente a Praça de Espanha ou Alcântara, enquanto o pólo Belém-Ajuda deverá focar-se na promoção de conteúdos culturais.

Já, no pólo Sintra, a atenção deverá ir para a oferta de um turismo de «maior valor», para o reforço das soluções de mobilidade e uma maior promoção das riquezas arqueológicas e, no pólo de Cascais, deverá reforçar-se o «posicionamento ‘premium’ com o aumento da oferta de hotelaria e restauração de luxo e a dinamização do segmento do golfe e do ‘hub’ náutico de luxo».

O pólo Ericeira deverá reforçar o seu posicionamento como destino sustentável de ‘surf”.

Na categoria «pólos em desenvolvimento, a criação do pólo Tejo irá transformar o rio num novo ativo turístico», nomeadamente através do novo Cais de Lisboa e da Rede cais do Tejo. No pólo Lisboa Oriente deverá apostar-se no desenvolvimento das infraestruturas existentes no Parque das Nações, enquanto as zonas de Marvila e Beato deverão explorar a sua vocação enquanto «zonas jovens e ‘trendy’ em harmonia com a raiz tradicional local» e Loures deverá potenciar os seus conteúdos de «arte pública».

O pólo Mafra deverá promover o seu estatuto de Património Mundial, criando novas infraestruturas e dinamizando um ‘cluster’ ligado à música.

Já o pólo Arrábida deverá focar-se no desenvolvimento do Turismo da Natureza, aproveitando a vertente “sol e mar”.

Aeroporto do Montijo

Na perspetiva de aproveitar os aspetos positivos da construção do novo aeroporto no Montijo, deverão ser criados o pólo Arco Ribeirinho Sul, dedicado à exploração turística fluvial, o pólo Reserva Natural do Estuário, com um turismo dedicado à tradição rural e ao usufruto do rio, e o pólo Costa da Caparica, que deverá reforçar a qualidade dos acessos às praias e da oferta de alojamento.

No Plano Estratégico para o Turismo da região de Lisboa 2020-2024 é ainda defendida uma aposta no ‘marketing’ focado nos segmentos do visitante individual, em família e em pequenos grupos.

Por outro lado, é proposto o lançamento de iniciativas (a nível dos medias locais e de programas digitais) em mercados do Médio Oriente e Ásia, entre os quais Japão, Coreia do Sul, Turquia, Emirados Árabes Unidos, Catar, Israel, Irão, Arábia Saudita e Rússia.

Paralelamente deverá manter-se a promoção em mercados já consolidados, como no Reino Unido, Irlanda, Alemanha, Suíça, Espanha, França e Itália, bem como nos mercados que estão a crescer mais: Estados Unidos da América, Canadá e Brasil.

Qualificação da oferta

Com um peso crescente para a atividade económica e social da Grande Lisboa, o novo Plano Estratégico do Turismo de Lisboa 2020-2024, define uma aposta na qualificação da oferta nos centro de maior procura turística – como é o caso de Belém-Ajuda, Baixa, Bairros Históricos, Oriente, Cascais, Sintra e Ericeira – e aceleração do crescimento de outras áreas como Arrábida e Mafra, e estimular zonas como potencial como Loures, Alcochete, Seixal e Costa da Caparica.

Para integrar toda a oferta turística de toda a região, o novo plano estratégico (aprovado pela Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa e pela Associação Turismo de Lisboa) define uma aposta em marketing focado nos segmentos do visitante individual, famílias e pequenos grupos. Estes segmentos de turistas são os que melhor permitem uma integração harmoniosa com os residentes, igualmente um dos objetivos desta estratégia.

A Área Metropolitana de Lisboa recebeu até novembro de 2019 (últimos dados disponíveis) mais de 7,56 milhões de turistas, um valor ligeiramente acima do registado no ano de 2018. Sem descurar os mercados emissores tradicionais para a região – como Reino Unido, Irlanda, Alemanha, Suíça, Espanha, França e Itália – as entidades ligadas ao turismo vão lançar iniciativas para elevar a notoriedade de Lisboa junto de mercados no Médio Oriente e Ásia. O número de turistas a chegar a Portugal e a passar pela capital portuguesa oriunda de destinos como Israel e China tem vindo a crescer. No caso dos turistas israelitas, beneficiam do aumento do número de rotas aéreas. No caso da China, a maior capacidade financeira da população permite-lhes viajar mais, escolhendo muitas vezes a Europa e passando assim por Portugal.

Integração intermunicipal

Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa e também presidente da Área Metropolitana de Lisboa, não tem dúvidas de que esta «é a fórmula de integração das várias características e pontos diferenciadores que compõe a região», abrangendo os vários municípios, o «que permite um crescimento sustentável» da atividade turística.

«A cidade de Lisboa, enquanto comunidade capaz de oferecer experiências complementares diversificadas crescentes do ponto de vista turístico, tem um horizonte limitado. Tem um horizonte limitado no território, pelas ofertas que é capaz de gerar e tem uma crescente limitação no que diz respeito à sustentabilidade social do desenvolvimento turístico. Isto é, a crescente necessidade de compatibilizar o turismo com o desenvolvimento quotidiano da cidade», salientou, acrescentando que, «é, por isso, critico que consigamos desenvolver as várias polaridades sem sermos capazes de dar o salto, de fazer esta complementaridade, de aproveitarmos os vários produtos e as várias complementaridades que se geram».

Para o presidente da Área Metropolitana de Lisboa, em termos de desenvolvimento sustentável do turismo na cidade de Lisboa, «é urgente e vital que consigamos o desenvolvimento de novas oportunidades  e casar as novas polaridades turísticas».

Toca a coser

No entanto, para que este objetivo de alavancagem do turismo nestas regiões se concretize, falta uma peça essencial que é «coser» toda a infraestrutura de mobilidade da área metropolitana, lembrou Fernando Medina. Para tal, será lançado, no próximo dia 18, o concurso internacional para aquisição do serviço público de transporte rodoviário de passageiros na Área Metropolitana de Lisboa, que vão passar a operar debaixo de uma marca única, e, segundo foi já anunciado, permitirá aumentar em 40% a rede de transportes face à atual.

Para finalizar, Fernando Medina lembrou que, com a finalização das obras no Palácio Nacional da Ajuda, que deverá depois acolher o Museu do Tesouro Real, o pólo Belém-Ajuda poderá focar-se «na promoção de conteúdos culturais» e tentar atingir «um maior equilíbrio na utilização turística», numa área já de si muito pressionada pelos turistas que procuram sobretudo o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém.