INCÊNDIO NO CHIADO FOI HÁ 31 ANOS

Lisboa acordou há 31 anos com um incêndio que mudou para sempre o Chiado e o modo como se combatem fogos nos grandes centros urbanos. No âmbito do Dia Municipal do Bombeiro realiza-se amanhã, domingo, uma cerimónia evocativa da data. Na madrugada de 25 de agosto de 1988, um incêndio deflagrou nos extintos armazéns Grandella, no Chiado, destruiu 18 edifícios, vários dos quais históricos, provocou mais de 50 feridos e duas vítimas mortais – um bombeiro e um residente -, desalojou cinco famílias, deixou duas mil pessoas desempregadas e foi considerado, a seguir ao terramoto de 1755, uma das piores catástrofes que assolaram a capital portuguesa.

Para assinalar a data, a Câmara Municipal de Lisboa vai realizar, no domingo, 25 de agosto, a partir das 11h00, junto ao número 43 da Rua do Carmo, uma cerimónia comemorativa do Dia Municipal do Bombeiro, com a participação do vereador da Proteção Civil, Carlos Manuel Castro. Este evento, em que se assinala a passagem de 31 anos sobre o incêndio do Chiado, destina-se a homenagear todos os corpos de bombeiros que diariamente contribuem para a qualificação da prestação do serviço de proteção e socorro no município de Lisboa.

Nessa madrugada de agosto, as chamas deflagraram por volta das 03:30, foram dominadas pelas 11:00 e dadas como extintas pelas 16:00. Consumiram quase oito hectares – o equivalente a oito campos de futebol – daquela zona histórica da cidade. As causas nunca foram estabelecidas. O incêndio chegou a ter seis frentes e foi combatido por mais de 1.500 operacionais. No terreno estiveram ainda elementos da PSP, da Polícia Judiciária e de empresas de distribuição de eletricidade e de gás.

Floreiras impediram acesso dos bombeiros

A ausência do então presidente da Câmara de Lisboa, Nuno Krus Abecassis, que se encontrava de férias, foi criticada na altura, mas uma das principais polémicas foi a presença de floreiras na Rua do Carmo, que impediram a entrada de carros de bombeiros.

As autoridades recearam que o incêndio se propagasse à Baixa da cidade, tendo o autarca Pedro Feist (que na altura era vereador, mas assumiu a presidência da Câmara de Lisboa na ausência de Nuno Krus Abecassis) mandado «retirar todos os processos que considerava importantes» dos Paços do Concelho. Depois do incêndio, os bombeiros continuaram no local durante cerca de dois meses, na remoção de escombros.

Foi durante esse tempo que se depararam com uma vítima mortal, um eletricista reformado do Arsenal da Marinha com cerca de 70 anos.


A outra vítima mortal foi Joaquim Ramos, um bombeiro de 31 anos, que foi atingido por uma língua de fogo e gases muito quentes enquanto combatia as chamas na Rua do Carmo, tendo ficado com 85% do corpo queimado.

O incêndio causou vários feridos – mais de cinquenta – entre bombeiros (outros dois estiveram internados por vários dias no Hospital de Curry Cabral) e agentes de segurança com fraturas e queimaduras “mais ligeiras”.

Melhorar acessos

Um facto, é que após o Chiado nada ficou igual ao que era. O combate às chamas mudou bastante nos últimos 31 anos, desde a organização do teatro de operações, aos postos de comando e aos próprios meios. Todavia, três décadas passadas depois do incêndio do Chiado, a acessibilidade continua a ser o maior inimigo dos bombeiros: os bairros antigos, as ruas cheias de trânsito e o estacionamento caótico.

Atualização| Vídeo da cerimónia de 25 agosto

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