IR PARA A ESCOLA DE MODO ATIVO E SUSTENTÁVEL

A Câmara Municipal de Lisboa quer reduzir o uso de automóveis no transporte de alunos para as escolas, tendo o vereador com o pelouro da Mobilidade, Miguel Gaspar, apresentado o Programa de Mobilidade Escolar.O Jardim de Inverno do Teatro Municipal de São Luiz foi o palco escolhido, no dia 16 de maio, para a apresentação do Programa de Mobilidade Escolar e do relatório do projeto Mãos ao Ar Lisboa! 2018. A abertura da sessão esteve a cargo do vereador da Educação, Manuel Grilo, que sublinhou a importância de melhorar a mobilidade dos alunos das escolas da capital para um modo mais sustentável.

Um facto reforça esta importância: «em período de férias ou de interrupção das aulas e atividades letivas há menos 20% de automóveis a circular na cidade, pois estão em tempo de aulas afetos à mobilidade escolar». Isto é, boa parte do tráfego lisboeta é gerado pela necessidade de os encarregados de educação levarem as crianças e jovens à escola. Por isto mesmo, o autarca anunciou que, já no próximo mês de setembro, o passe Navegante Escolar gratuito será alargado, no ato de matrícula, a todos os alunos das escolas básicas e secundárias da capital.

Já o vereador da Mobilidade, Miguel Gaspar, referiu a necessidade de «mudar para um futuro mais sustentável. Só podemos resolver o problema da mobilidade na cidade resolvendo o da mobilidade escolar, para o que devemos transmitir hoje o que são as melhores opções de deslocação aos que amanhã serão os adultos».

O autarca destacou algumas medidas entretanto tomadas para melhorar os transportes públicos (renovação da frota da CARRIS”) e monitorizar a qualidade do ar (com mais 78 sensores), lembrando que cerca de 3 mil crianças lisboetas apresentam problemas respiratórios. No fundo, trata-se também de mudar uma realidade evidenciada por um estudo: 60% dos lisboetas têm medo de ser atropelados à porta de casa. E «são as crianças que nos ajudam a mudar», revelou Miguel Gaspar.

Miguel Gaspar avançou que vai ser desenvolvido um plano de mobilidade escolar no próximo ano letivo, em cinco escolas piloto, quatro públicas e uma privada, assim como mais 23 projetos que vão acompanhar estas escolas «numa lógica de replicação». O objetivo é conhecer «com detalhe qual é que é a forma como as crianças chegam à escola», de modo a «implementar medidas que contribuam para uma repartição modal diferente de chegarem à escola», destacou.

O projeto pretende saber, por exemplo, «onde é que as crianças moram» e perceber «se faz sentido mudar o horário de uma carreira da Carris», criar caminhos para as crianças irem em grupo para escola, a pé ou de bicicleta.

«Uma das coisas que nós concluímos é que cerca de 42% dos alunos vão de carro para a escola, mas enquanto na escola pública este número é cerca de 30%, no ensino privado chega aos 70%», revelou Miguel Gaspar.


Para o autarca, «deve haver condições de fruição do espaço público, de viver o espaço público, de andar a pé, de andar de bicicleta, de andar de transportes públicos, de andar na rua».

Miguel Gaspar sublinhou ainda que «as pessoas que têm filhos em idade escolar usam 50% mais o carro do que as pessoas que vêm só trabalhar para a cidade de Lisboa».

«Se nós conseguirmos acalmar aquilo que é o acesso à escola, por formas menos dependentes do veículo automóvel, com menos concentração de tráfego, obviamente vai melhorar também a qualidade do ar para a escola e para as crianças que são pessoas mais vulneráveis do que os adultos», defendeu o vereador com o pelouro da Mobilidade e da Segurança.

Por seu turno, Inês Castro Henriques, da edilidade, apresentou os objetivos do Programa de Mobilidade Escolar, que passam por melhorar as rede pedonal e ciclável, mais segurança e autonomia dos alunos, melhores transportes públicos. Outra técnica municipal, Sofia Martins, forneceu detalhes sobre a passe Navegante Escolar. O passe funciona com um cartão que é simultaneamente o de identificação do aluno, servindo como título gratuito nos transportes públicos da CARRIS e Metropolitano (atualmente), sendo em setembro alargado também ao transporte oferecido pela CP e pela Fertagus, permitindo ainda o acesso aos equipamentos culturais da EGEAC e funcionar como porta moedas para pagamentos correntes na escola (papelaria, cantina). Para além dos alunos do primeiro ciclo (15 mil de 84 escolas públicas e 11 600 de 98 privadas), o passe Navegante Escolar será alargado aos alunos do 2ª e 3ª ciclos já no ano letivo de 2019-2020, ou seja, a mais 16 mil alunos de 46 escolas.

Outro projeto do programa é o LX Sem Rodinhas, um projeto piloto apresentado por Miguel Pacheco que, no âmbito da educação física das escolas básicas pretende, ao longo de dois meses (abril e maio)ensinar 800 alunos a andar de bicicleta. Prevê-se alargar a outras escolas este projeto piloto. Já Joana Freitas, da EMEL, revelou aspetos do projeto Pela Cidade Fora que, através de livros (35 mil já distribuídos) e de atividades lúdicas pretende familiarizar os alunos com questões de utilização dos transportes públicos e da segurança rodoviária. Na mesma senda, o projeto Caminho Seguro, apresentado por Sofia Knapic, da CML, visa estimular a utilização correta de modos suaves de deslocação, como andar a pé, de bicicleta, de trotineta ou de skate.

O projeto Ciclo Expresso é uma experiência apresentada por um morador no Parque das Nações, João Bernardino, que vem promovendo um “combóio de bicicletas”, com o objetivo de promover este meio de transporte e incentivar medidas de acalmia do tráfego e de segurança junto às escolas. Outra Experiência Escolar, no âmbito do programa Erasmus + envolvendo sete escolas de vários países europeus, leva os alunos a monitorizar os seus passos através de um contador, assim se incentivando o aspecto saudável do andar a pé, revelou Maria João Lucena, do Agrupamento de Escolas Filipa de Lencastre.

Antes do final da sessão, Inês Castro Henriques, da CML, e Mário Alves, das associações cívicas agregadas na liga Estrada Viva, apresentaram o relatório do projeto Mãos ao Ar Lisboa! 2018 – “Isto é uma votação popular!”. Trata-se de um inquérito realizado junto dos alunos de 60 escolas públicas e 25 privadas, com cerca de 15 700 respostas, procurando saber como os alunos se deslocam para a escola e da escola para casa. Os resultados mostram que a maioria vem com os pais de automóvel (43%), cerca de um terço (31%) a pé ou de bicicleta e 24% de transportes públicos.

No final, os vereadores José Sá Fernandes, Manuel Grilo e Miguel Gaspar atribuíram os prémios Mãos ao AR às escolas do top 2018, as escolas que conseguiram maior participação na resposta ao inquérito em que foram feitas questões “para caracterizar a mobilidade das crianças” e fazer um diagnóstico das escolas no âmbito das deslocações. A iniciativa contou com a participação de mais de 15 mil alunos e 85 escolas públicas e privadas de Lisboa, do 1.º, 2.º e 3.º ciclos do ensino básico.

 

 

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