LOURES VAI INVESTIR NA RECICLAGEM DE ÁGUAS NA ETAR DE FRIELAS QUE VAI PRODUZIR BIOMETANO ATÉ 2022

As lamas da Estação de Tratamento de Águas e Resíduos (ETAR) de Frielas, em Loures, vão ser utilizadas a partir de julho de 2022 para produção de hidrogénio e biogás, através de um processo inovador hoje apresentado pelas Águas do Tejo Atlântico e pelo Grupo Dourogás. Ricardo Leão, presidente da Câmara de Loures, aproveitou a ocasião para anunciar um investimento de 5 milhões de euros na «reciclagem» das águas pluviais.

As lamas da ETAR de Frielas vão ser usadas para produzir hidrogénio e biogás, segundo um projeto hoje apresentado, fruto de uma parceria entre as Águas do Tejo Atlântico e o grupo Dourogás, que «irá permitir a produção de biometano, hidrogénio verde e e-metano, gases 100% renováveis», na Fábrica de Água de Frielas, em Loures.

O presidente da Câmara de Loures, Ricardo Leão, aproveitou a cerimónia para anunciar um investimento de cinco milhões de euros, em parceria com as Águas Tejo Atlântico, para a construção de uma conduta no concelho, que permita o aproveitamento/reciclagem das águas pluviais para lavagem de ruas, viaturas municipais e rega de jardins.

Para o autarca, estes projetos, apresentados durante uma cerimónia presidida pelo ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Matos Fernandes, poderão permitir «o abastecimento de toda a frota municipal de veículos dos resíduos sólidos» e, quem sabe, do resto da frota automóvel do município, a curto prazo.

Resultado de uma parceria entre o Grupo Dourogás e as Águas do Tejo Atlântico, empresa do grupo Águas de Portugal responsável pela gestão e exploração do sistema multimunicipal de saneamento de águas residuais da Grande Lisboa e zona Oeste, os dois projetos, designados por “Hidrogasmove” e Solargasmove”, recorrem a «tecnologia pioneira em Portugal para produzir biometano 100% renovável, a partir de biogás gerado pelas lamas produzidas na Fábrica de Água de Frielas, no concelho de Loures».

No arranque oficial dos projetos, onde houve ainda tempo para um momento simbólico para memória futura, com a colocação de uma caixa com a descrição do empreendimento e dos seus objetivos, o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Matos Fernandes, destacou a importância deste projeto que, segundo o governante, demonstra que «é um erro pensar que os resíduos que são produzidos, por exemplo a partir do tratamento dos esgotos, perdem o valor».

«Os esgotos que tratamos são afinal relevantes para poder ter um conjunto de utilizações, como para regar a relva, lavar ruas, para regar, mas mais do isso. A matéria orgânica numa ETAR liberta biogás. Esse biogás pode substituir o gás natural e ser utilizado para esse fim», apontou o responsável governamental que, antes de ter sido ministro, foi responsável pela gestão de duas ETAR’s na zona norte do País.


Metade da frota da Carris pode ser abastecida por Frielas

A título exemplificativo, João Matos Fernandes perspetivou que metade da frota da Carris possa ser abastecida a partir do biogás que será gerado na ETAR de Frielas a partir de julho de 2022.

Já o presidente da Dourogás, Nuno Moreira, fez questão de destacar o caráter inovador deste projeto, explicando que a sua implementação vai permitir retirar uma rentabilidade de mais de 90% contra os 20/30% atuais.

«É um projeto que vai fazer a limpeza do biogás aqui produzido para ser utilizado em veículos, injetado nas redes, utilizada das casas, nas empresas. Temos também uma componente de hidrogénio e uso do Co2 do biogás para produzir combustíveis sintéticos. É um avanço muito significativo para a utilização deste biogás», sublinhou.

Esta parceria entre a Dourogás Renovável, empresa do Grupo Dourogás, e a Águas do Tejo Atlântico, do Grupo Águas de Portugal e responsável pela gestão e exploração do sistema multimunicipal de saneamento de águas residuais da Grande Lisboa e Oeste, irá permitir a produção de biometano, hidrogénio verde e e-metano – gases 100% renováveis – que serão, posteriormente, injetados na rede de gás natural e utilizados como combustível veicular, promovendo uma mobilidade mais sustentável ao reduzir a emissão de gases com efeito estufa e aumentando a qualidade do ar.

Por seu turno, Alexandra Serra, presidente do Conselho de Administração da Águas do Tejo Atlântico, afirmou: «Como referência do sector da água em Portugal, a Águas do Tejo Atlântico abraça esta parceria com muita satisfação e como exemplo da prioridade que damos à qualidade do serviço que prestamos nos 23 Municípios em que estamos presentes e que serve cerca de 2,4 milhões de pessoas».

«A inovação, competência, eficiência, sustentabilidade e criação de valor em todos os processos que desenvolvemos, são compromissos que assumimos voluntariamente como parte da nossa missão. Faz parte do nosso trabalho diário, desenvolver e promover soluções mais eficientes – nomeadamente ao nível do aproveitamento do biogás, que pode ser utilizado na produção de energia verde – que promovam a circularidade e a sustentabilidade dos recursos com vista ao cumprimento dos objetivos da transição energética para uma economia neutra em carbono», acrescentou a responsável das Águas Tejo Atlântico.

Os projetos

Em causa, estão dois projetos de demonstração tecnológica de conceito – Hidrogasmove e Solargasmove – que recorrem a tecnologia pioneira em Portugal para produzir biometano 100% renovável, a partir do biogás gerado pelas lamas produzidas na Fábrica de Água de Frielas, e estão completamente alinhados com o conceito de economia circular, ao transformarem resíduos em recursos energéticos e, desta forma, produzindo uma energia limpa, explicam os técnicos das Águas Tejo Atlântico e da Dourogás.

Contudo, enquanto o projeto Hidrogasmove recorre à purificação do biogás das lamas de ETAR, o Solargasmove aposta no processo de metanação para produzir metano sintético, combinando-o com hidrogénio verde (produzido por eletrólise, a partir de fonte solar e de águas residuais).

Com benefícios económicos e ambientais evidentes, estes projetos permitem, assim, demonstrar a «viabilidade de produção destes gases naturais e, desta forma, contribuem, com efeitos imediatos, para a descarbonização da rede de gás natural e do setor dos transportes, atualmente assentes em combustíveis fósseis».

O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, a secretária de Estado do Ambiente, Inês dos Santos Costa, o secretário de Estado Adjunto e da Energia, João Galamba, e o presidente da Câmara Municipal de Loures, Ricardo Leão, foram algumas das individualidades presentes na apresentação deste projeto e das suas potencialidades ambientais,  designadamente na  produção de gases 100% renováveis, gerados a partir do biogás produzido pelas lamas com origem no tratamento das águas naquela infraestrutura.

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