MARCHAS TÊM TUDO A POSTOS PARA O GRANDE DIA

Com o aproximar das Festas de Lisboa o pulsar da cidade mais genuína ganha nova aceleração. Os lisboetas já começaram a contagem decrescente, agitando-se com o avizinhar das festividades, onde se incluem as mediáticas marchas

Os bairros ultimam os ensaios para as marchas e os moradores anseiam pelo “apito inicial” do grande desfile que vai cobrir a Avenida da Liberdade de cor, música e emoção. Com mais ou com menos ambição, o grande objetivo passa por dar continuidade a uma tradição genuinamente alfacinha e mostrar ao mundo a fibra do povo lisboeta. No final, só um poderá levantar o troféu dos vencedores, mas as expetativas não esmorecem e ninguém se dá por vencido antecipadamente.

Antes da apresentação oficial do programa das Festas, o “Olhares de Lisboa” indagou os primeiros responsáveis das marchas a chegar ao local da conferência de imprensa onde se deu a conhecer a programação do certame de 2019. E constatou que o “nervoso miudinho” já tomou conta dos marchantes.

Bruno Santos, coordenador da marcha de São Vicente, afiança estar no horizonte dos moradores/marchantes de São Vicente participar com afinco na defesa da sua cidade.

“As expectativas são as de embelezar ainda mais as festas da cidade de Lisboa, dando o nosso pequeno contributo para que estas Festas mantenham o nível que têm tido e ganhem protagonismo a nível nacional e até ao nível internacional”, garante.

Bruno Santos escusa-se a revelar o tema da marcha, mas adianta que vai girar à volta das vivências do bairro nos últimos anos. “O nosso bairro está situado no ‘meio’ de outros bairros com forte pendor turístico, como Alfama, Graça e Mouraria. Há hoje um fenómeno de turismo que tem ‘invadido’ o bairro, levando a que as pessoas sejam obrigadas a sair para outras paragens. Tem havido um êxodo, mas é um fenómeno quase inevitável e que tem vindo a crescer nos últimos cinco, seis anos.”

Francisco Ferreira, coordenador da marcha de Alcântara, aponta para objetivos ambiciosos. O céu é o limite dos alcantarenses, assume.


“As expectativas são muito positivas. Vamos lutar pelo primeiro lugar, embora saibamos que ultimamente a competição tem estado muito igualada, complicando as coisas para o júri.”

O tema de Alcântara andara à volta de uma profissão que tem os dias contados e que, por isso, merece uma homenagem sentida e de agradecimento dos marchantes do bairro.

“Vamos homenagear os amoladores de Lisboa. É uma profissão que está em vias de extinção e decidimos fazer uma homenagem a estes homens, que tinham uma profissão muito importante no passado. No fundo, vamos fazer uma homenagem à Lisboa antiga”, reforça.

O Alto de Pina não quer deixar os seus pergaminhos por mãos alheias. E, diz Marco Campos, o objetivo da marcha do Alto de Pina “é ganhar, como sempre”. Este ano, reitera o coordenador da marcha do Alto de Pina, “vamos ter o regresso do Bruno Vidal e creio que estamos no bom caminho para levar de vencida este concurso, até porque já ganhámos com ele e voltamos a estar na corrida pela conquista do primeiro lugar”.

O tema da marcha do Alto de Pina ainda está no segredo dos deuses, mas o Marco Campos afiança que a temática andará em volta das realidades que se vivem no bairro.

Os marchantes do bairro da Ajuda estão com a confiança em alta e, quem sabe, aspiram a algo mais do que a mera participação ‘desportiva’, diz Adolfo Barão, coordenador da marcha da Ajuda.

“As perspetivas são sempre boas. Queremos fazer sempre mais e melhor. O nosso objetivo é participar e fazer parte desta grande Festa da cidade de Lisboa. Presentemente, os moradores já depositam muita confiança na nossa marcha porque temos vindo a crescer de ano para ano e temos conseguido conquistar mais apoio da nossa população, algo que não acontecia há anos, o que é de louvar. As pessoas que participam pela primeira vez na marcha já nunca mais saem porque ficam com o ‘bichinho’ para sempre.”

Quanto ao tema, Adolfo Barão não esconde as cartas e assume que versará a temática dos “assadores de sardinhas. É uma singela homenagem a estas pessoas e uma tradição muito lisboeta”.

O bairro da Bica, por seu turno, não baixa os braços na luta pela conquista do título. Contudo, Pedro Duarte, coordenador da marcha da Bica, revela que os moradores do seu bairro estão duplamente motivados, pois vão homenagear um antigo morador que marcou a vida da Bica durante muitos anos e que ainda hoje é recordado por todos.

“A marcha da Bica entra sempre para ganhar. Mas, este ano, vamos, acima de tudo, homenagear, dignificar e honrar um personagem que durante décadas deu tudo o que tinha à freguesia e ao bairro. A marcha da Bica vai ter um tema muito querido às pessoas do bairro. Vamos fazer uma homenagem ao Fernando Duarte, num regresso aos anos 60, que era uma pessoa bem-amada e muito popular. Foi presidente da junta, presidente da marcha, em suma, um grande homem que deu tudo de si pelo nosso bairro e pelas suas gentes”.

À margem da competição, a marcha do Mercados de Lisboa promete voltar a chamar as atenções mediáticas para a realidade destes espaços de comércio tradicional, que continuam a batalhar por manter o seu lugar no coração da cidade e a ser parte de pleno direito, de uma Lisboa que está a sofrer transformações profundas e que precisa de manter a sua alma.

“O objetivo da nossa participação é promover os mercados de Lisboa, mostrando vontade de progredir e de evoluir rumo ao futuro. Estamos cá para receber a população de braços abertos e também os muitos turistas que temos na cidade”, anota Luísa Carvalho, coordenadora da marcha dos Mercados.

 

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