O RETOMAR DA VIDA DENTRO DA NORMALIDADE POSSÍVEL

    Os portugueses começam a regressar à rua «devagarinho». Afinal, não houve grandes filas para os cabeleireiros e os autocarros andaram quase vazios e, hoje, foi a vez dos consultórios dentários abrirem. Ou seja, está a ser recuperada a «normalidade possível», mas com cuidado.

    Desde segunda-feira, o país iniciou o desconfinamento e foram levantadas algumas das medidas de restrição que estiveram em vigor durante o estado de emergência. Hoje, terça feira, foi a vez de abrirem os consultórios de dentistas, com normas muito rigorosas para doentes, dentistas e pessoal não médico. Mas, ontem, foram vários os sectores a abrirem as portas aos clientes e os transportes públicos voltaram a circular com mais frequência e com maior quantidade de passageiros, no dia em que vários portugueses regressaram ao trabalho presencial.

    Cabeleireiros, barbeiros, centros de estética, lojas de tatuagens, lojas de roupa e stands de automóveis voltaram esta segunda-feira a abrir portas. As regras são muitas, mas o pequeno comércio começou a preparar-se mesmo antes de o Governo ter dado luz verde oficial à reabertura dos espaços.

    De acordo com as regras, só poderão estar dentro dos espaços comerciais cinco pessoas por cada 100 metros quadrados. Nos cabeleireiros, por exemplo, é necessária marcação e é proibido esperar pelo atendimento dentro do espaço. Além disso, deverá ser deixada uma cadeira livre entre clientes enquanto estão a ser atendidos.

    No comércio, as portas devem estar sempre abertas para evitar tocar nos puxadores, o mobiliário deve ser organizado de forma a facilitar a circulação dos clientes e, se possível, deve ser usada uma porta para a entrada e outra para a saída. Os funcionários passam agora a trabalhar de máscara ou viseira e aos clientes pede-se o uso de máscara e uma distância física de dois metros.

    A situação no país é avaliada a cada 15 dias pelo Governo, estando prevista a reabertura dos restaurantes e lojas até 400 metros quadrados no dia 18 de maio e dos centros comerciais no primeiro dia de junho. Apesar das mudanças, durante o mês de maio deve permanecer o teletrabalho.

    As recomendações de Graça Freitas


    Com o país retomar a atividade económica e profissional, a diretora-geral de Saúde, Graça Freitas, lembra que existe a necessidade de nos habituarmo-nos  a «outras rotinas e a outras práticas no nosso dia a dia, que têm como objetivo prevenir a infeção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2)».

    Entre essas práticas destacam-se a higiene das mãos, o isolamento social, as medidas de etiqueta respiratória e a limpeza de superfícies, pois sabe-se atualmente que o vírus sobrevive durante horas e até dias em superfícies.

    Com o retomar da atividade económica, «tudo isto terá que ser feito, ainda com muitos cuidados, com muitas alterações ao que era a nossa rotina antes do aparecimento deste novo vírus e da doença que ele originou».

    Daqui para a frente, explicou a diretora-geral da Saúde, os portugueses terão que aprender a viver com três movimentos, entre os quais o do vírus, «que tem vida própria. É como se fosse uma mola, tende a expandir-se». O outro, esclareceu, corresponde às medidas de saúde pública ou coletivas referidas anteriormente e «os 10 milhões de pessoas em Portugal têm de fazer parte deste movimento». O terceiro movimento diz respeito ao sistema de saúde, que tem de continuar a «identificar precocemente os casos, detetar esses casos, isolá-los, contê-los, fazer cada vez melhor vigilância epidemiológica para encontrar os contactos próximos.

    «Temos de ser muito disciplinados, coesos, organizados para reduzir os efeitos negativos da pandemia em Portugal», frisou, lembrando as regras basilares que presidem à retoma da atividade económica.

    As regras

    CABELEIREIRO E BARBEARIAS

    As idas ao cabeleireiro, barbearia e similares devem ser feitas dia e hora marcados e tanto os profissionais como os clientes têm obrigatoriamente de usar máscaras., devendo ser utilizados materiais descartáveis por parte dos cabeleireiros e barbeiros.

    PEQUENO COMÉRCIO

    Só é permitida a abertura de lojas até 200m2 com porta para a rua, com uma lotação máxima de 5 pessoas por 100m2 em espaços fechados. Incluem-se aqui não só, lojas de roupa como livrarias, mercearias, drogarias, stands automóveis e oficinas. Em todas é obrigatório o uso de máscara e desinfetar as mãos à entrada.

    No caso dos estabelecimentos de comércio a retalho de vestuário e similares há restrições específicas:  durante a presente fase, deve ser promovido o controlo do acesso aos provadores, salvaguardando-se, quando aplicável, a inactivação parcial de alguns destes espaços, por forma a garantir as distâncias mínimas de segurança, e garantindo-se a desinfecção dos mostradores, suportes de vestuário e cabides após cada utilização, bem como a disponibilização de solução anti-séptica de base alcoólica para utilização pelos clientes.

    SUPERMERCADOS

    Só é permitida a entrada nos supermercados com viseira ou máscara. Estes equipamentos passam a ser necessários para fazer compras.

    TRANSPORTES PÚBLICOS

    É obrigatório o uso de máscara obrigatoriamente sob pena de ser multado (as coimas vão de 120 a 350 euros) por uma força de segurança, devendo-se privilegiar o horário entre as 10h e as 17h para evitar horas de ponta.

    Os condutores dos autocarros estão protegidos por uma cabine e haverá gel desinfetante a bordo. As máscaras, álcool gel e luvas descartáveis podem ser adquiridas em algumas máquinas de vending nas estações do metro de Lisboa. A lotação dos transportes públicos está limitada a 2/3 da sua capacidade.

    BALCÕES DE ATENDIMENTO AO PÚBLICO

    Nos balcões de atendimento público do estado, designadamente repartição de finanças ou conservatória, é obrigatório fazer marcação prévia e utilizar máscara. As autoridades de saúde recomendam o pagamento com cartão e o uso de luvas ou lenço de papel para tocar nas teclas do terminal multibanco.

    CONSULTÓRIOS DENTÁRIOS

    Nenhum consultório de dentista deverá atender utentes sem marcação prévia através de contacto remoto e ter um plano de contingência actualizado. Todos os espaços deverão disponibilizar máscaras cirúrgicas sempre que os utentes não possuírem e solução alcoólica à entrada do consultório, clínica ou serviço.

    A máscara deve ser usada dentro do espaço de sala de espera ou recepção, só removendo quando estiver no gabinete de consulta. Devem ainda ser retiradas revistas, folhetos, máquinas de café, dispensadores de água, entre outros objectos que possam ser manuseados por várias pessoas, das salas de espera.

    Os profissionais e consultórios devem ainda «proteger com barreiras plásticas ou em papel de alumínio descartáveis as superfícies mais expostas ao contacto com as mãos do gabinete de consulta», como é o caso de equipamento informático, da pega do candeeiro, do tabuleiro, painel de comando da cadeira, instrumentos rotativos, entre outros.

    Remotamente, o utente deve sempre ser questionado sobre possíveis sintomas sugestivos de Covid-19, bem como sobre eventuais contactos recentes com sujeitos infectados. Caso se verifique, a consulta deverá ser reagendada. Contudo, «na necessidade imperiosa de observar um caso suspeito ou confirmado de Covid-19, em situações urgentes e inadiáveis, considerar o agendamento da consulta, ao final da manhã ou da tarde, em horários específicos, por forma a não existir partilha da sala de espera, sempre com utilização de equipamento de protecção para procedimentos de alto risco».

    No consultório, os utentes devem cumprir com o distanciamento mínimo de dois metros, evitar tocar em superfícies desnecessariamente e optar pelo pagamento através de meios que evitem contacto físico. Nas instalações, a abertura de janelas é preferível em relação ao uso de ar condicionado. Ainda, nesse caso, o seu funcionamento deve ser em modo de extracção e não de recirculação de ar.

    Médicos e assistentes devem retirar todos os adereços — anéis, pulseiras, colares, brincos e relógios –, bem como manter as unhas naturais, curtas e limpas, sem usar unhas artificiais ou outro tipo de extensores, verniz, gel ou gelinho.

    DESPORTO

    A prática de desportos individuais ao ar livre – sem utilização de balneários nem piscinas – é permitida. Mas, ir à praia só para praticar desportos náuticos, como surf, evitando lugares com muita gente e mantendo uma distância mínima de segurança. Não são permitidos ajuntamentos com mais de 10 pessoas.

    CULTURA

    Os cinemas e os teatros continuam encerrados, devendo abrir em junho quando for levantada a proibição de ajuntamentos com mais de 10 pessoas. Abriram as livrarias, bibliotecas, sendo obrigatório a máscara, tanto para clientes como funcionários.

    FUNERAIS

    Só é permitida a presença de familiares em funerais.

    ANTES DE ENTRAR EM CASA

    Deve deixar os sapatos à porta, deixar as chaves e a carteira dentro de uma caixa e ir lavar de imediato as mãos. A roupa com que andou na rua deve ir para lavar. Se tem cão ou cães e foi passear com ele(s) antes de entrar em casa deve lavar as patas ao seu animal de estimação.

    REGRAS GERAIS

    O confinamento obrigatório para pessoas doentes e em vigilância ativa; dever cívico de recolhimento domiciliário; proibição de eventos ou ajuntamentos com mais de 10 pessoas.

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