PACTO DE MOBILIDADE PROMOVE TRANSPORTE PARTILHADO E TELETRABALHO

Empregando cerca de 80 mil pessoas, 57 empresas assinaram o Pacto de Mobilidade Empresarial para a Cidade de Lisboa, que permitirá soluções de mobilidade mais seguras, eficientes e sustentáveis. Todos querem a redução do uso do carro individual.Algumas das maiores empresas portuguesas e multinacionais, entre elas o Metropolitano de Lisboa, a Carris, a EMEL, a Brisa, a EDP, a ANA, a Galp e a Repsol, assinaram o Pacto de Mobilidade Empresarial para a Cidade de Lisboa, juntando-se ao World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), à Câmara Municipal de Lisboa, ao BCSD Portugal e a 50 outras empresas na procura de soluções mais ecológicas e eficientes para responder às necessidades e desafios da mobilidade e, ao mesmo tempo, de conservação e proteção do planeta.

Lisboa, como foi por várias vezes referido durante a cerimónia, é cidade pioneira a promover o primeiro Pacto de Mobilidade Empresarial, através do qual as empresas subscritoras se comprometem a identificar e promover soluções de mobilidade e sustentabilidade urbana, que podem passar, por exemplo, por oferecer aos trabalhadores créditos para usar meios de transporte partilhado. Medida que poderá ter um impacto direto na vida de milhares de trabalhadores.

Sob o mote «catalisar a liderança empresarial para transformar a mobilidade nas cidades», o pacto pretende agregar empresas e outras instituições, incluindo autarquias, com o objetivo de melhorar e transformar ativamente a mobilidade de uma cidade, prevendo-se que este projeto se estenda a outras cidades do país.

Entre as várias medidas previstas, uma delas refere-se ao uso da «liderança empresarial para promover e executar soluções de mobilidade urbana sustentável – soluções que devem contribuir para reduzir emissões e os níveis de poluição, promover uma maior eficiência económica e ambiental e, ao mesmo tempo, contribuir para melhorar a experiência urbana de quem vive e visita as cidades».

Objetivos prioritários

Estas medidas visam atingir quatro objetivos: em primeiro lugar, cumprir metas ambientais, contribuindo para reduzir as emissões de CO2 (pelo menos 50% de redução em 2030 em comparação com os níveis de 1990) e o nível de poluentes, ao mesmo tempo que se melhora a qualidade do ar; em segundo, tornar as cidades mais inclusivas, desenvolvendo planos de mobilidade que garantam soluções de mobilidade sustentáveis e acessíveis a todos os colaboradores das empresas aderentes ao pacto; e o terceiro objetivo visa a eficiência, através da promoção de parcerias, incentivos e plataformas digitais que permitam, por exemplo, que todos tenham tempos de viagem casa-trabalho mais curtos, com maior conforto e menos despesa. E, por fim, a segurança, através da promoção de comportamentos mais responsáveis, alinhados com políticas públicas e com o objetivo de «zero mortos» nas estradas.

Empresários e autarcas definiram assim três pilares estratégicos da mobilidade que, de certa forma, vão «mexer» com a vida das pessoas e das empresas: otimizar e descarbonizar as operações e as frotas das empresas que subscrevem o compromisso; promover a integração e a conectividade multimodal coletiva, aumentando a mobilidade partilhada e ativa para reduzir o congestionamento e promover a descarbonização dos transportes; fomentar o crescimento da cultura de transporte multimodal coletivo e inclusivo.


Envolver trabalhadores e promover o teletrabalho

Falando na cerimónia de assinatura do pacto, que decorreu no Museu da Carris, o vereador da Mobilidade, Miguel Gaspar, defendeu que este é um «documento de ações concretas», destacando a eletrificação das frotas, a oferta de pacotes de mobilidade para os funcionários e a criação de «condições para que as pessoas acedam ao local de trabalho nestes modos ativos». As medidas têm de «abranger todos os trabalhadores», sublinhou o vereador.

E, por isso, Miguel Gaspar defendeu a necessidade de alterar a forma de trabalhar, «permitindo às pessoas, por exemplo, terem mais dias de teletrabalho em casa para que tenham de se deslocar menos vezes».

Entre as várias ações que podem ser desenvolvidas pelas empresas no âmbito deste pacto e que poderão contribuir para alterações de comportamento dos cidadãos em relação ao meio ambiente, estão, por exemplo, a promoção de veículos elétricos em frotas empresariais, aumento do número de carregadores em parques públicos, privilegiar os carros elétricos em estacionamentos mais limitados, incentivar reuniões à distância, oferecer aos trabalhadores créditos de mobilidade partilhada (para bicicletas, scooters e outros meios), agravar custos de estacionamento para veículos que não sejam elétricos ou de uso partilhado ou oferecer passe de transportes públicos, entre muitas outras.

O vereador da Mobilidade realçou ainda que a cidade assumiu o compromisso de se reunir de forma regular com estas empresas, de modo a discutir «o problema da mobilidade na cidade de Lisboa».

Já para o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, este é um compromisso de ações concretas, que «vamos dar visibilidade, vamos avaliar e vamos poder mostrar às pessoas», salientando que é «obrigação das empresas, e da autarquia levantar e identificar problemas e construir os meios para os ultrapassar. «Porque se nós só identificamos um problema e não traduzimos a ação concreta, o que nós criamos muitas vezes é uma ansiedade que só agrava o problema», notou.

Do ponto de vista do autarca, esta «não é uma agenda pacífica, aceite e fácil de implementar», porque colide com os hábitos instalados. Fernando Medina afirma: «A ambição de qualquer pessoa não é o transporte coletivo. A ambição de qualquer pessoa é ter mesmo o espaço para o seu carro individual».

Por seu turno, o presidente do conselho de administração da Carris, Tiago Farias, anfitrião desta cerimónia, revelou que a empresa vai «implementar uma rede interna de bicicletas partilhadas elétricas e aumentar a frota interna de veículos elétricos, entre outras medidas que contribuirão para cumprir as metas traçadas pela cidade de Lisboa em termos de descarbonização e em termos de ambiente».

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