«QUEREMOS PRESERVAR A IDENTIDADE CULTURAL E INDUSTRIAL DO BEATO»

O presidente da Junta de Freguesia do Beato está assistir com expetativa mas também com contenção todo o crescimento que esta zona oriental da cidade de Lisboa tem vindo a registar.

Em entrevista ao Olhares de Lisboa, Silvino Correia dá conta que “este eixo está a sofrer um aumento de interesse por parte das pessoas”. Segundo o autarca, “o movimento começou com a vinda de artistas, com a instalação de ateliers e exposições”.

O presidente garante que a junta tem feito “o acompanhamento da situação, nomeadamente numa proximidade muito grande com a Câmara Municipal de Lisboa, que é quem tem a capacidade para fazer os investimentos que são necessários”.

Estas apostas devem prender-se especificamente com as infraestruturas, “porque estamos a falar de uma zona da cidade que está envelhecida, tanto na população, como no edificado”.

Mas Silvino Correia garante que a junta de freguesia quer “preservar aquilo que é o património e a identidade cultural e industrial do Beato”.

Face à maior procura desta zona, será necessário uma resposta adequada ao nível da mobilidade. O presidente de junta defende que, “na sua globalidade, a freguesia tem um bom serviço de transportes, nomeadamente na zona alta da Picheleira, com várias carreiras de autocarro e com o metro”.

A área antiga do Beato também está bem servida de carreiras da Carris. O problema acontece na zona da Gualdim Pais, que só passa uma carreira.


Para melhorar ainda mais estes serviços, Silvino Correia sabe que a autarquia vai “aumentar a periodicidade dos transportes” e também irá trazer até ao Parque das Nações uma linha de elétrico dedicada, na qual operará o número 15.

Papel importante nesta zona poderá ter o Hub do Beato, que está a ser gerido pela Startup Lisboa, mas no qual a junta de freguesia deposita grande esperança.

“Estão a tentar encontrar algumas empresas âncora, que façam o investimento inicial e que depois captem a atenção de outras empresas mais pequenas”, explica.

E acrescenta: “há muitas empresas interessadas mas a questão prende-se com a reabilitação do edificado. Seria precisos muitos milhões para reabilitar toda a área”. Porém, Silvino Correia acredita que, “num curto espaço de tempo, é possível ter mais atividade no Hub do Beato”.

PROJETOS

Nascido há 50 anos na Picheleira, freguesia do Beato, Silvino Correia está na junta desde 2009. Primeiro com um mandato na assembleia de freguesia, na qual foi líder de bancada.

Depois, entre 2013 e 2017 foi vogal do executivo nas áreas do movimento associativo, desporto, habitação, reabilitação, educação e segurança. E em outubro foi eleito presidente.

O dirigente sabe que, apesar do empenho da junta, ainda há “vários projetos para implementar”.

Um deles passa por encontrar um novo edifício para a sede da junta, “um objetivo essencial para o futuro”. As instalações atuais “já não têm condições de acessibilidade”, afirma.

Depois, os próximos quatro anos vão servir para “consolidar vários projetos”. Tal como o Espaço Jovem, um iniciativa de apoio ao estudo para jovens entre o 5º e o 9º anos.

O projeto funciona numa antiga creche da Santa Casa, junto à Escola Luís António Verney, e recebe 75 alunos, distribuídos por cinco professoras.

“Tem tido um reflexo positivo”, revela, de tal forma que os encarregados de educação já solicitaram o alargamento para o ensino secundário.

Promover a dinâmica do movimento associativo é também uma das prioridades deste executivo. Silvino Correia entende as coletividades e as coletividades enfrentam alguns problemas, em parte devido à Lei das Rendas aprovada em 2012.

“Esta legislação trouxe problemas a algumas coletividades porque a lei foi cega no sentido das instituições de utilidade pública. Deveria de haver uma exceção para que estas associações fossem protegidas”, considera.

Recorda também que o Beato está há alguns anos sem conseguir incluir a sua marcha popular no concurso, apesar das candidaturas.

Para tentar ajudar estas associações, a Junta de Freguesia do Beato tem dado espaço às instituições em várias iniciativas, com é o caso do “Lisboa Vai ao Parque”. Trata-se de uma parceria com a Câmara Municipal de Lisboa, que nesta freguesia realiza-se na Mata da Madredeus, e “onde juntamos clubes e associações que fazem as suas demonstrações”.

“O movimento associativo já conheceu melhores dias, mas há alguma vontade de crescer”, conclui.

BOMBEIROS DO BEATO
Silvino Correia espera novo quartel ainda neste mandato

Depois de encontrado o terreno e aprovado o projeto há ainda um obstáculo pela frente: “encontrar as fontes de financiamento”.

Silvino Correia garante que tem “desenvolvido contacto com as outras juntas abrangidas pela área do corpo de bombeiros, no sentido de encontrar um agregar de vontades para que o apoio possa ser mais efetivo”. Estes contactos têm-se alargado a empresas privadas.

Para além do apoio corrente aos bombeiros, a Junta de Freguesia do Beato também contribuiu para o desenvolvimento do projeto do novo quartel.

“Vamos apoiando na medida do possível, com a aquisição de materiais, máquina para encher botijas de ar, entre outros apoios”, sustenta o presidente que “gostaria que esta questão ficasse solucionada durante este mandato”.

É que, para além das condições precárias para bombeiros, “queremos resolver o problema da comunidade ali à volta”, explica. “Temos um estudo prévio para revitalizar aquela zona, com uma configuração diferente. Isto porque a própria proximidade com o Hub Criativo do Beato faz antever que vamos ter ali mais trânsito e movimento de pessoas”.

Acima de tudo, Silvino Correia considera que “os bombeiros são essenciais na sociedade” e está “apostado em resolver o problema”.

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