RUAS SUJAS “AFASTAM AMOR” PELA PENHA DE FRANÇA

A localização e o facto de haver uma forte oferta do pequeno comércio, aliados à existência de profundo laços de interajuda entre vizinhos, são alguns dos fatores que contribuem para tornar a freguesia da Penha de França atrativa para os residentes.

Situada num dos pontos mais altos da cidade, a freguesia da Penha de França é caracterizada por uma orografia que não ajuda à deslocação da maioria da população residente, mais envelhecida. A maioria só sai de casa para ir às lojas do bairro ou ao supermercado.

A par do envelhecimento da população também existe o envelhecimento do parque habitacional. Como salientam vários moradores, nomeadamente Maria Antonieta, de 80 anos, reformada e moradora na Rua da Penha de França, o «espaço público não é requalificado há muitos anos, há prédios a ruir e muito lixo nas ruas. As pessoas não recolhem os dejetos dos cães. São as beatas e papéis no chão».

A higiene urbana é realmente o alvo principal dos moradores e comerciantes da freguesia. João Moreira, de 56 anos, da Rua Angelina Vidal, é da mesma opinião: «A limpeza é essencial e falta muita limpeza nas ruas», defendendo também a necessidade de um maior policiamento: «um ou dois polícias a passar na rua de vez em quando também era agradável».O mesmo defende Catarina Jesus, 50 anos, moradora na Praça Paiva Couceiro, ao referir-se à «falta de policiamento. Antigamente, havia policias a andar pelas ruas e agora já não os vejo. Esta é uma zona muito envelhecida e, ao que sei, tem existido assaltos. Os assaltantes estão nos prédios e roubam os idosos quando estes estão a entrar em casa».

Apesar disso, tanto Maria Antonieta, como João Moreira e Catarina de Jesus, à semelhança de outros entrevistados, designadamente José Fidalgo, 77 anos, da Avenida General Roçadas, e Ricardo Jesus, de 42 anos, comerciante da Rua da Graça, afirmam que a Penha de França é um bom local para se viver, salientando que, durante o dia, «é bastante calmo, com muito comércio e vários supermercados».

Todos os nossos entrevistados são unânimes em considerar, por outro lado, que um outro fator que torna a freguesia agradável de se viver são os transportes públicos. «É muito central, com muitos transportes para todo o lado. Daqui à Baixa demora-se 15 minutos a pé. Temos aqui as Finanças, os Correios. Temos tudo aqui à mão de semear», afirmam.Independentemente dos aspetos menos positivos da freguesia, nomeadamente a necessidade de mudanças no posto de Saúde da Graça porque, desde miúdo, que Ricardo de Jesus se lembra da «avó ir às 5 da manhã para conseguir uma consulta e essa situação continua», todos defendem que, «apesar de tudo, não trocavam este lugar por nenhum outro».

Segundo eles, as principais razões para se sentirem bem prendem-se com os laços de vizinhança, criados ao longo dos anos, o sossego e a abundância do comércio e outros serviços perto de casa.


Contudo, apesar dessas benesses continuam a criticar a falta de limpeza das ruas e o fraco policiamento. Mas, independentemente desses aspetos menos positivos, na balança «do deve e haver» continuam a pesar muito os aspetos positivos na rotina dos seus habitantes.

Por outro lado, os preços ainda acessíveis das casas, quando comparados com outras zonas, acabam por atrair novos residentes.

Olhares de Lisboa sabe que a Junta de Freguesia, que ainda não respondeu ao questionário por nós enviado, tem planos para requalificar o miradouro e o espaço público.

A freguesia

A Penha de França pertencente à zona do Centro Histórico da capital, com 2,71 km² de área e 27 967 habitantes. Densidade: 10 319,9 habitantes/km². Foi criada por decreto de 13 de abril de 1918, com áreas cedidas pelas freguesias do Beato, Santa Engrácia e São Jorge de Arroios.

O nome da freguesia advém da sua padroeira, Nossa Senhora da Penha de França. Com a reorganização administrativa da cidade de Lisboa de 7 de fevereiro de 1959, a sua área foi reduzida, o que contribuiu para a criação das freguesias de São João e Alto do Pina. Mais tarde, na sequência da reorganização administrativa de 2012, que entrou em vigor após as eleições autárquicas de 2013, a freguesia quase quadruplicou a sua área e mais do que duplicou a sua população, reincorporando o território da antiga freguesia de São João e uma pequena faixa de território anteriormente pertencente à freguesia do Beato.

Os principais monumentos e locais de interesse da freguesia são: Fonte Monumental da Alameda D. Afonso Henriques; Praça Paiva Couceiro; Cemitério do Alto de S. João; Museu Nacional do Azulejo/ Convento e Igreja da Madre de Deus; Convento de Santos-o-Novo; Forte de Santa Apolónia; Mercado de Sapadores; Igreja e Convento de Nossa Senhora da Penha (atual Comando-Geral da PSP); Miradouro da Penha de França e reservatório de água da EPAL; e Palácio Diogo Cão (atual sede da Junta de Freguesia).

 

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