MARCHA DO LUMIAR CONTESTA RESULTADO NAS MARCHAS POPULARES DE 2023

A organização da Marcha do Lumiar não concordou com o 20º lugar conseguido na edição deste ano das Marchas Populares de Lisboa. Segundo Artur Botão, coordenador da marcha, este resultado deveu-se a uma penalização de 30 pontos, 20 dos quais devido à ausência de um arraial de Santo António, elemento que o regulamento obriga a todas as marchas a ter.

Contudo, a organização da Marcha do Lumiar garante que levou este elemento na sua apresentação, tanto no Altice Arena, como na Avenida. Por isso, já apresentou a sua contestação à entidade organizadora do concurso, a EGEAC. A outra penalização, de 10 pontos, deveu-se “a termos excedido o tempo de exibição no pavilhão”, erro que, contudo, é assumido pela organização. “Sem penalizações, tínhamos ficado em 11º lugar, e só com a penalização do tempo, ficaríamos em 14º lugar”, explica Artur Botão, que lamenta ter de ficar um ano de fora do concurso.

A Marcha do Lumiar, explica, conseguiu um total de 182 pontos. Subtraindo as penalizações, ficou apenas com 152 pontos. “O relatório chegou no dia 30 de junho, e alega que nós não levámos uma figura obrigatória que é o arraial do trono de Santo António, mas nós levámos”, defende o organizador da marcha. Após esse prazo, todas as marchas tem cinco dias úteis para contestar, que foi o que fez a Marcha do Lumiar. Para já, a organização ainda não obteve respostas, mas espera obter um parecer até ao final desta semana.

No entanto, “este recurso devia ser pedido a uma entidade diferente do que aquela que nos avaliou”, defende Artur Botão, que considera que a contestação, desta forma, poderá não servir de nada. “Os marchantes estão numa grande ansiedade, as pessoas que trabalham com a marcha querem saber se vão continuar aqui para o ano. Tenho de contestar por respeito aos meus marchantes e à equipa”, sublinha o responsável. Contudo, salienta que, caso a resposta seja negativa, não vai avançar com o caso para os tribunais.

Não participação no concurso leva à perda de marchantes

Por isso, a organização espera conseguir uma resposta favorável por parte da EGEAC, sobretudo para não ficar de fora da edição de 2024. Recorde-se que as marchas que ficam nos últimos três lugares da classificação são excluídas da edição do concurso do ano seguinte. Caso a resposta não seja positiva, a Marcha do Lumiar fica de fora em 2024 e, nesse ano, irá a concurso para ser ou não apurada para a edição de 2025.

“É horrível ficar um ano de fora, porque os nossos marchantes continuam a marchar, mas por outros bairros. E muitas vezes o que acontece é que os melhores ficam por lá”, diz Artur Botão. Atualmente, acrescenta, “existem marchantes nossos no Alto do Pina, Alfama, Madragoa, Carnide”, entre outros bairros lisboetas. Neste sentido, “o que acontece é que temos de estar sempre a recomeçar, porque temos que fazer um grupo novo”.

“Há uns que voltam, mas são poucos, a maior parte do grupo é tudo gente nova que não tem experiência”, lamenta o responsável da Marcha do Lumiar. Segundo o mesmo, esta marcha já ficou de fora do concurso nos anos de 2017 e 2019. “Estamos agora a lutar para inverter o cenário” no próximo ano, reforça. Caso a EGEAC dê razão á Marcha do Lumiar, explica Artur Botão, “passamos para o 14º lugar da classificação”.

“Quem estiver abaixo dessa posição, descerá um lugar, e sabemos naturalmente que haverá uma marcha a ser desclassificada”, admite. Contudo, “não queremos penalizar ninguém, só queremos uma resposta que seja honesta e compreensível”, concluí o coordenador da marcha. O Lumiar participa há 20 anos no concurso das Marchas Populares de Lisboa. Em 2023, apresentou o tema ‘Parque Mayer, o melhor está para vir’, com o qual os marchantes representaram um teatro de revista, tão típico daquele espaço cultural.

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Mais transparência na avaliação, pede o responsável

Por sua vez, Artur Botão mostra-se “cansado” e “desmotivado” e pede mais transparência na avaliação que é feita a cada uma das marchas que participa no concurso. “A sensação que eu tenho é que parece que existe muita parcialidade nas classificações. Não tenho vontade de fazer mais marchas populares porque estamos sempre a sofrer desconsiderações e erros de análise”, lamenta o coordenador da Marcha do Lumiar. “Qualquer dia sugiro só fazerem marchas dos bairros do centro da cidade”, concluí.

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