Super Bock inaugura cervejeira no Beato Innovation District

A Super Bock Group inaugurou, esta terça-feira, 2 de julho, o primeiro espaço da cervejeira Browers, no Beato Innovation District. Este espaço surge no âmbito da requalificação e modernização da antiga Central Elétrica da Manutenção Militar de Lisboa, é um espaço polivalente, e tem cerca de 700 metros quadrados, incluindo um local para a microprodução de cervejas, zona de restauração e uma área destinada a eventos.

Foi inaugurado, esta terça-feira, 2 de julho, o primeiro espaço da cervejeira Browers, no Beato Innovation District, uma zona que conta com cerca de 700 metros quadrados, incluíndo um local para a microprodução de cervejas, zona de restauração e uma área destinada a eventos. Esta inauguração contou com a presença de Tiago Brandão, diretor-geral da The Browers Company, que começou a sua intervenção a lembrar que “estamos aqui hoje, seis anos passados desde que demos início a esta aventura, que foi a de constituirmos a Browers Beato. Fizemos-no com um objetivo claro por parte do acionista principal e único deste projeto, a Superbock Group”.

Para o responsável, este é um “projeto inovador, empreendedor, responsável e criativo”, ou seja, com “todos os princípios que estão inerentes ao grande projeto da Beato Innovation Factory, que se está a desenvolver aqui, no âmbito também da Fábrica de Unicórnios”. Tiago Brandão destacou ainda a “enorme dedicação” da equipa que desenvolveu este projeto, ressalvando que “estamos aqui hoje porque existem, obviamente, pessoas, empresários e empreendedores que acreditam que é possível fazer algo que manifestamente não é normal, do ponto de vista do que é a evidência de uma construção industrial”.

Cerveja é fabricada no local

O diretor do projeto deu ainda os parabéns a toda a equipa que participou na concretização da Browers, “um desafio que nos foi colocado por parte da Startup Lisboa e pelo executivo camarário. Criamos um conceito em que juntamos o know-how da Superbock Group, enquanto cervejeiros de eleição e, deixem-me ser menos humilde, os melhores de Portugal”. Esta cervejeira conta ainda com “uma fábrica, uma unidade produtiva e que mostra totalmente o que é o projeto e o processo cervejeiro, desde a moagem, passando pela produção do mosto, à fermentação e aos tanques de serviço. Nós estamos, provavelmente, perante aquele que é o maior balcão de Portugal, e onde, daqui por umas semanas, vamos passar também a que seja o maior balcão de Portugal onde se bebe cerveja”.

Já de acordo com o arquiteto Nuno Graça, em representação do arquiteto Eduardo Souto de Moura, responsável pelo projeto, “o que nós encontramos [em 2018], era um armazém bastante degradado, mas com uma atmosfera muito bonita e muito particular, com uma atmosfera maravilhosa e que tinha sido a antiga central elétrica do núcleo da Manutenção Militar”. “Só o conhecemos como um espaço vazio e com um ou outro elemento, como aquele gerador que está ali ao fundo, que decidimos aproveitar. Uma das principais questões que se colocava, em primeiro lugar, era uma alteração radical do programa, a introdução de uma fábrica de cerveja e um estabelecimento de restauração que pudesse também promover eventos, e o outro desafio era que não se perdesse também esse ambiente, essa atmosfera particular que o espaço tinha”, referiu ainda o arquiteto, que também foi responsável pelo novo desenho da cervejeira.

Espaço mantém traça do edifício original

Nuno Graça acrescentou, igualmente, que “o projeto em si teve muitas variações, em que um dos grandes desafios do programa era meter toda esta parafernália enorme toda que vocês veem aqui. Este edifício é classificado e não havia espaço nenhum para se meterem esses equipamentos lá fora”. Por isso, “arranjámos soluções muito complexas para resolver o problema, mas ao fim creio que se conseguiu manter essa atmosfera industrial que o edifício tinha”. A nova cervejeira tem “um balcão longo, que atravessa o espaço de uma ponta a outra, e num lado estão as zonas de serviço, fábrica e restauração, e no outro, a zona pública. Os elementos antigos foram todos restaurados. Mudámos tudo e ficou tudo diferente, mas de alguma forma, também ficou mais ou menos na mesma como estava”, referiu ainda o arquiteto.

Por outro lado, Rui Sanches, CEO do grupo Multifood Platform, lembrou que o grupo foi desafiado pela Superbock em 2018 “para fazer uma cervejaria artesanal, que não existia no mercado. Começámos por identificar quais eram os benchmarks (concorrentes) internacionais, a nível de cerveja artesanal e a nível de cervejarias internacionais. Fomos para o terreno, identificámos quais eram as grandes linhas de orientação que o projeto devia ter. A Superbock Group tem 2300 pessoas e o seu CEO esteve envolvido diretamente neste projeto e a discutir os detalhes conosco, atento a todos os detalhes, assim como o arquiteto Souto Moura e a sua equipa”.

Preservar a cultura portuguesa

Por isso, na perspetiva de Rui Sanches, “tivemos o privilégio de estar a discutir detalhes do balcão, das cadeiras ou como aumentar o conforto do espaço. Foi realmente um projeto que deu um enormíssimo gozo iniciar e desenvolver. Ainda que tenhamos, felizmente, um largo portfólio de marcas, atualmente, foi um projeto desafiante e inovador, porque nos vamos estrear neste segmento da cerveja artesanal. Foi um projeto que nos obrigou a pensar, de raiz, qual era o layout da cozinha, o menu que devíamos servir, a estrutura da carta que tínhamos que ter, ou que tipo de cozinha e o desenho que tínhamos que fazer. Foi um projeto que começou desde a sua fundação. Criámos uma proposta que promove a cultura gastronómica portuguesa na globalidade”, referiu o responsável.


No entanto, e apesar de “o ADN do projeto ser acolher múltiplas nacionalidades, a realidade é que a nossa filosofia é desenvolver projetos para o público local. Portanto, o desafio foi criar uma proposta gastronómica que fosse uma modernização daquilo que é a cervejaria clássica portuguesa. Vamos ter Bacalhau à Braz, peixinhos da horta, essas iguarias que todos nós tanto gostamos”, disse Rui Sancho, agradecendo a todos os que colaboraram neste projeto. Já o CEO do Super Bock Group, Rui Lopes Ferreira, começou a sua intervenção a partilhar uma das histórias que deu origem a este projeto. “Quando eu pedi ao arquiteto Nuno Graça que me apresentasse ao Eduardo Souto Moura para falar deste projeto, a resposta que recebi dele foi ‘Rui, mas eu não percebo nada de cerveja’, ao que eu reagi dizendo, ‘ora aí está uma boa oportunidade para aprender alguma coisa interessante'”.

Parceria entre a Super Bock e a CML

“Portanto, hoje estamos aqui decorrentes de um processo de aprendizagem mútua. Os arquitetos aprenderam muito sobre cerveja e nós, Super Bock, também aprendemos muito sobre recuperação de património e sobre como se pode colocar a arte e a arquitetura, ao serviço da defesa do património e à criação de algo com valor económico”. O CEO da Super Bock Group lembrou ainda que “esta é uma iniciativa que nasceu fruto de uma parceria entre a Super Bock Group, a Câmara Municipal de Lisboa e a Startup Lisboa. Esta parceria foi enquadrada por uma visão comum, a de ajudar a revitalizar e a dinamizar uma zona relevante da cidade, para que Lisboa continue a ser percepcionada como capital do mundo virada para o futuro, uma capital aberta, empreendedora, inovadora e criativa.

Temos a forte convicção, aqui na Super Bock Group, que, para as sociedades progredirem, é imprescindível valorizar o património e os ativos históricos”. “Aderimos também a esta parceria, porque este projeto tem subjacente a agenda estratégica da Super Bock, muito assente em quatro pilares. O primeiro, a inovação, através da criação de novos modelos de negócio, assente precisamente em parcerias estratégicas como esta e no desenvolvimento também de produtos diferenciados”. Já a segunda vertente, diz respeito “ao empreendedorismo, através de parcerias com startups e incubadoras e, acima de tudo, promovendo práticas colaborativas de troca de conhecimento, mas também através da sustentabilidade, com o desenvolvimento de produtos que incorporem princípios de economia circular, reduzindo o desperdício e aumentando a longevidade dos recursos utilizados”.

Criar um ponto de referência

Por fim, existe também a ” vertente de responsabilidade social, que se materializará através do envolvimento das comunidades locais em muitas áreas. Vamos aportar a este projeto, para além da nossa experiência cervejeira, vamos aportar o nosso DNA de apoio e envolvimento às indústrias criativas, como é nosso apanágio já desde há muitos anos”. Por isso, “ambicionamos que este projeto possa vir a tornar-se um ponto de encontro e um ponto de referência de acesso facilitado à cultura. Na verdade, este projeto, para além da vertente de recuperação de património, também tem uma vertente de apoio à produção de eventos de cariz musical e cultural, que será uma componente fundamental deste projeto e que esteve nas bases da contratualização que fizemos com a Startup Lisboa para a cedência deste edifício”.

“Foi assim, neste contexto, que surgiu esta ideia da cervejeira Browers Beato, que é o primeiro espaço associado a este spin-off da Superbock, que é a Browers Company. Teremos como propósito a promoção e a divulgação da cultura cervejeira, bem como também fazer pedagogia e elevar o conhecimento dos consumidores, conferindo à cerveja um patamar de excelência e de referência na sua qualidade. Através desta cervejeira, Browers Beato, vamos ajudar a desenvolver o projeto do Beato Innovation District e vamos apoiar a economia local”, através da microprodução de cerveja, a zona de restauração, e um espaço para eventos.

Juntar a comunidade

“Foi uma obra bastante ambiciosa e extremamente complexa, sendo que pelo meio, ainda tivemos uma pandemia que atrasou esta concretização”, referiu ainda o responsável, agradecendo a toda a equipa que concretizou o projeto, que “é mais um projeto de referência em Lisboa e com o qual mostramos também o nosso compromisso com esta cidade e com a autarquia. Vamos conviver aqui, em estreita colaboração, com a comunidade local e estamos fortemente determinados em associar este projeto a todo o ecossistema empreendedor aqui envolvente, empreendedor e criativo de todas estas zonas aqui do Beato Innovation District. Estamos certos que vamos conseguir ainda estar mais próximos e mais envolvidos com os nossos consumidores e proporcionar-lhes experiências diferenciadas”.

Já para o presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Carlos Moedas, começou a sua intervenção a referir que “é um grande gosto estar aqui”, agradecendo a toda a equipa da Browers, “por tudo aquilo que têm feito por Lisboa”, mas também aos arquitetos que desenharam este projeto, “um grande projeto de arquitetura”. O autarca agradeceu também a Duarte Cordeiro, antigo Ministro do Ambiente, e antigo vereador e vice presidente da CML, pelo contributo que deu a este projeto, assim como Miguel Fontes. “Este é um momento bonito e mostramos que é esta moderação e esta capacidade de fazer coisas que é importante para a cidade”. Dirigindo-se ao arquiteto Nuno Graça, referiu que este “veio aqui, de certa forma, sem eventualmente conhecer aquilo que é a visão que nós temos para a inovação, descrevê-la de uma forma muito única.

Juntar a inovação com a tradição

“Aqui, o que nós vemos, é como é que esta central elétrica hoje pode inspirar aqueles que, no mundo digital, já estão num mundo em que ser digital é banal. Aquilo que nós temos que conseguir é, através do digital, transformar o mundo. E aquilo que nós vemos todos os dias aqui é esse sentimento de comunidade, de uma comunidade que quer realmente transformar o mundo. E a energia que se sente aqui nesta Fábrica de Unicórnios, é única”, disse Moedas, lembrando que esta Fábrica foi uma ambição da autarquia, para ter em Lisboa as melhores empresas. “Vieram doze unicórnios para a cidade, mais de 60 empresas tecnológicas e fizemos, realmente, a diferença. E eu acho que é essa diferença, essa capacidade de ter ambição, de ter audácia, de não ter medo, que também aqui é vista neste projeto de arquitetura”.

“Há toda uma interseção com a cultura, que eu penso que vamos viver aqui”, referiu ainda o presidente da CML, lembrando ainda que também tem a ambição “que todos estes unicórnios, todas estas grandes empresas e scale-ups que aqui estão, possam contribuir para a sociedade e para aqueles que mais precisam”, ressalvando que é fundamental o envolvimento destas empresas com a comunidade sem-abrigo e o projeto de inovação social que a CML está a desenvolver em parceria com a Fábrica dos Unicórnios no sentido de dar resposta às necessidades sociais da cidade.

Espaço pode produzir até 120 mil litros de cerveja por ano

“Nós vamos lançar três prémios de inovação social com o dinheiro que recebermos da capital da inovação europeia. Recebemos um milhão de euros e com esse milhão de euros vamos estabelecer três prémios que serão os maiores prémios de inovação social da Europa. São 360 mil euros em prémios para exatamente podermos ir buscar ideias na área da educação, na área da saúde e na área das migrações para podermos incluir todos”. “Uma cidade aberta é a cidade que inclui todos, em que todos podem ser diferentes e todos são respeitados por ser diferentes e em que nenhum realmente quer ser igual. A democracia não é o direito a ser igual. É o igual direito a ser diferente”.

Nesta cerimónia, também esteve presente o diretor executivo da Unicorn Factory Lisboa, Gil Azevedo. A nova cervejeira manteve a traça antiga do espaço, e conta com uma microprodução de cerveja artesanal, com capacidade até 120 mil litros anualmente, em fabricos de 1.000 litros de cada vez. O objetivo é garantir uma atividade cervejeira em parceria com clientes do Super Bock Group e com outros microcervejeiros. No entanto, está também inserida no Beato Living Lab, e, neste contexto, será plantada, no rooftop da Factory, a primeira cultura de uma variedade nova e portuguesa de lúpulo, a planta que é uma das principais matérias-primas da cerveja.

Restaurante abrirá em outubro

Igualmente, todas as cervejas produzidas localmente sob a chancela Browers vão juntar-se com outras marcas de cerveja nacionais e internacionais, sendo que este projeto conta ainda com o apoio do chef Luís Gaspar, que desenhou uma carta para a Browers, baseada no espírito das cervejarias tradicionais portuguesas. Este restaurante irá abrir em outubro com uma carta especial. Por fim, haverá também um espaço para a realização de eventos sociais, culturais e recreativos. Após a abertura oficial desta sala de eventos, está prevista uma programação regular, com festas e concertos, mas também cursos e workshops cervejeiros.

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