Câmara de Oeiras oferece rastreios grátis ao VIH e Hepatites B e C

A Câmara Municipal de Oeiras (CMO) lançou, a 8 de janeiro, um programa de rastreios gratuitos ao VIH e às Hepatites B e C. Até ao momento, já aderiram à iniciativa 27 pessoas, sendo que a autarquia espera aumentar este número. Para incentivar a população a fazer os rastreios, o presidente da CMO, Isaltino Morais, esteve, na manhã desta quinta, 8 de fevereiro, a fazer o despiste a estas doenças, na Farmácia Oeiras Figueirinha, em Oeiras.

Desde o passado dia 8 de janeiro que os residentes no concelho de Oeiras podem, gratuitamente, efetuar o seu rastreio gratuito ao VIH e às Hepatites B e C. Esta é uma medida que resulta de uma parceria entre a Câmara Municipal de Oeiras (CMO) e a Associação Nacional das Farmácias (ANF). Os rastreios estão disponíveis para todos os maiores de 18 anos, e decorrem em 11 farmácias aderentes em todo o concelho. Cada munícipe poderá efetuar até três rastreios, a cada seis meses. Contudo, podem ainda optar por fazer apenas um, dois ou os três testes em simultâneo.

De forma a incentivar a população residente a aderir aos rastreios, o presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais, esteve, na manhã desta quinta-feira, 8 de fevereiro, na Farmácia Oeiras Figueirinha, em Oeiras, onde realizou o seu exame. O despiste faz-se apenas com uma picada no dedo, de forma a retirar uma gota de sangue para análise. O resultado é conhecido 15 minutos depois, de forma confidencial e anónima. O rastreio é realizado por um farmacêutico com competências nesta área. Igualmente, será este profissional que ficará responsável por referenciar e acompanhar o doente, em articulação com as equipas de saúde locais.

Preocupação com os cidadãos

“A importância [destas iniciativas] é fundamental”, disse o autarca, no final do teste. “Mesmo quando os munícipios não tinham responsabilidades na área da saúde, houve sempre muitos concelhos que, em situações de divergência, se substituíam ao Estado”, reforçou Isaltino Morais. Na perspetiva do presidente, “as Câmaras Municipais já mostraram muita competência” nesta matéria. “A particularidade dos munícipios e dos autarcas é que, normalmente, têm uma preocupção extraordinária pelos seus cidadãos”, disse ainda o autarca oeirense.

De acordo com Isaltino Morais, estes rastreios ao VIH e Hepatites B e C sucedem-se a um conjunto de rastreios que a CMO já ofereceu no passado, nomeadamente ao Cancro da Mama. “Logo que haja possibilidade de fazermos o rastreio ao Cancro do Cólon, a Câmara Municipal imediatamente se colocará em campo para facilitar aos seus cidadãos a realização desse rastreio”, adiantou ainda o presidente. “Faz parte das preocupações do nosso munícipio”, reforçou ainda Isaltino Morais. O edil lembrou ainda outras medidas postas em práticas pela CMO, tais como “o médico em casa, a comparticipação nos medicamentos”, entre outras.

11 farmácias aderentes ao projeto

“A Câmara Municipal de Oeiras já se substitui ao Estado há muitos anos”, sustentou ainda o presidente. Por fim, Isaltino Morais agradeceu ainda à Associação Nacional de Farmácias por se ter associado a esta iniciativa. Até ao momento, poderá realizar o seu rastreio nas farmácias Costa Pinto, Estação de Algés, Miramar, Nova do Dafundo, Oeiras e Oeiras Figueirinha. De igualo modo, também o poderá fazer nas farmácias Sacoor, Sacoor de Santo Amaro de Oeiras, Sacoor do Fórum de Oeiras, Silveira Alegro Alfragide e Veritas. “A cooperação entre o munícipio e as farmácias não foi desenvolvida no Covid, foi muito antes”, frisou o presidente da CMO. Contudo, ressalva que foi na pandemia que “se atingiu o expoente da cooperação”.

Sobre o rastreio que realizou, Isaltino Morais disse ainda que “não dói mesmo. É um exame facílimo, é uma picadinha na ponta do dedo e é tão pequeninha que é preciso espremer para o sangue sair. Venham fazer o teste, porque realmente é muito fácil”, disse, incentivando assim todos os munícipes a fazer o seu rastreio.Por sua vez, Ema Paulino, presidente da ANF, explicou que a iniciativa “surgiu no âmbito de uma colaboração com a Câmara Municipal de Oeiras, nomeadamente, no que se prende com os testes rápidos de antigénio, e que depois evoluiu para a identificação de outro tipo de parcerias”.

Chegar a mais pessoas

Desta forma, reforçou, pretende-se ainda “criar um elo de proximidade com a população”, e ainda “identificar pessoas que não estão diagnosticadas para estas doenças, pudessem beneficar de um diagnóstico precoce”, o que possibilita, “um tratamento precoce e mais eficaz”. Com esta iniciativa, acrescentou ainda a responsável, pretende-se ainda “dar oportunidades às pessoas de poderem ir ao local onde se sentem mais confortáveis”. “O objetivo é aproveitar todas as oportunidades de contacto para identificar estas pessoas” que podem beneficiar de um diagonóstico atempado.


“Já sabemos, através de estudos que foram realizados, que o envolvimento das farmácias permite atingir um conjunto de pessoas que não procuram as instituições de saúde formais, tais como os centros de saúde”, entre outras. Estas pessoas, referiu Ema Paulino, são, por exemplo “os imigrantes, que, muitas vezes, não sabem onde estão essas respostas”. Contudo, acrescenta ainda, “existem também pessoas que normalmente não procuram as associações” que fazem este tipo de rastreios. Por isso, realça, “a farmácia comunitária é uma alternativa e um ponto complementar para ajudar a identificar essas pessoas”.

Até ao momento, Oeiras é o único concelho do país que disponbiliza estes rastreios nas farmácias. A iniciativa decorre ainda da adesão do município ao projeto internacional “Fast Track Cities – Cidades na via rápida para acabar com a epidemia VIH”. Ou seja, este projeto pretende promover e concretizar ações de resposta à infeção pelo VIH e atingir as metas “95-95-95”, até 2030.

Acabar com o estigma associado ao VIH

Desta forma, pretende-se que, neste ano, 95% das pessoas que vivem com VIH terão conhecimento do seu diagnóstico; 95% das pessoas diagnosticadas estejam em tratamento anti retrovírico; e 95% das pessoas em tratamento apresentarão carga viral suprimida. Igualmente, pretende-se também eliminar o estigma e a discriminação face às pessoas que vivem com VIH.
“Já temos a perspetiva de virmos a alargar esta iniciativa a outros concelhos. O facto de estarmos agora a avançar em Oeiras, permite-nos recolher dados para depois apresentar aos munícipios e desafiá-los a ter um mecanismo semelhante”, adiantou Ema Paulino.

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