As Festas de Nhu Santiago regressaram no último fim de semana, dias 30 e 31 de julho, ao Alto dos Barronhos, em Carnaxide, após dois anos de paragem imposta pela Covid-19. A edição de 2022 contou com a presença do Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves.
Para o presidente, o concelho de Oeiras é “um município modelo”, na medida em que faz “um bom trabalho de integração dos imigrantes, sobretudo da comunidade cabo-verdiana”, e reforçou que esta sua visita a Portugal vai servir para estreitar ainda mais os laços de proximidade com a Câmara Municipal de Oeiras, mas também com outras autarquias, instituições, escolas, entre outros.
“Acho que há um antes e um depois desta visita”, considera José Maria Neves, que aproveitou para saudar ainda o regresso das Festas de Nhu Santiago, que têm como objetivo celebrar o dia do munícipio de Santa Cruz, após estes dois anos de paragem forçada. “É bom estar junto das pessoas”, salientou o presidente, acrescentando ainda que o povo cabo-verdiano é um povo “afetivo, carinhoso e cuidadoso”.
Por sua vez, o presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais, realçou a “relação muito próxima” com o povo cabo-verdiano e salientou que existem “cerca de 10 mil cabo-verdianos no concelho de Oeiras”. Para além do Nhu Santiago, o autarca relembrou ainda a realização das Festas de Santa Catarina, no Bairro da Outurela, que, a par desta, “traz também uma mostra de gastronomia fantástica e que chama imensa gente da Área Metropolitana de Lisboa”.
Joaquim Tavares aproveitou ainda para agradecer à Embaixada de Cabo Verde em Portugal, ao presidente da União de Freguesias de Carnaxide e Queijas, Inigo Pereira, ao presidente da Assembleia Municipal de Santa Cruz e ao Padre José Manuel, a quem incentivou a ir a Cabo Verde, promessa já com 19 anos, de forma a “levar a freguesia” àquele país africano.
Já o presidente da União de Freguesias de Carnaxide e Queijas, Inigo Pereira, agradeceu também a estas personalidades, que estiveram presentes no Nhu Santiago, e expressou a sua satisfação pelo regresso do evento, que “celebra um dia muito especial para a nossa comunidade cabo-verdiana, mas também para todos nós”.
O autarca destacou ainda a grande amizade com o povo cabo-verdiano, o que, na sua perspetiva, “faz com que este dia também seja nosso”, agradecendo também a “todas as entidades que participaram na organização deste evento”, entre as quais a Câmara de Oeiras, os Serviços Intermunicipalizados de Água e Saneamento de Oeiras e Amadora (SIMAS), organizações locais, entre outras.
Inigo Pereira aproveitou o seu discurso para passar uma mensagem aos jovens residentes nos bairros municipais: “aproveitar as oportunidades”, referindo-se às bolsas de estudo oferecidas pela autarquia de Oeiras, que tem ainda em curso o projeto ‘Eu Sou do Bairro’, “uma campanha que pretende acabar com o estigma que existe sobre os bairros municipais e sobre as pessoas” que ali vivem.
O autarca relembrou ainda as suas origens humildes, passadas no Bairro da Outurela. “Recordo-me que os meus pais, assim como os meus vizinhos, trabalhavam com o objetivo de melhorar as condições de vida da família”, disse Inigo Pereira, que lembrou ainda o fim dos bairros de barracas em Oeiras. “Há ainda muito para fazer, o município está atento a isso, mas as condições de vida nos bairros municipais são muito melhores do que aquelas que existiam há uns anos” nos bairros de barracas, considera o presidente da União de Freguesias de Carnaxide e Queijas, que considera ainda que “existe um grande espírito de união nos bairros” municipais e apelou aos jovens aqui residentes para que lutem “pelos seus objetivos” e para que se esforcem para “vencer na vida”.
Ainda de acordo com o autarca, o concelho de Oeiras teve uma enorme evolução, sendo de momento o segundo município do país com o maior volume de negócios e o concelho com o maior índice de literacia, “indicadores que fomos conquistando ao longo dos anos”. No entanto, Isaltino Morais reconhece que os “problemas ainda não estão todos resolvidos”, sendo que um dos principais problemas do país, a ser ver, é a falta de habitação pública. O presidente da Câmara de Oeiras abordou ainda o Programa 1ºDireito, lançado há dois anos pelo Governo, com recurso a fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), e que estima construir 26 mil casas de renda apoiada em todo o país.
O presidente da Câmara de Oeiras disse estar a fazer tudo para melhorar as condições de vida da população, tal como aconteceu com o povo cabo-verdiano. Esta evolução no concelho, considera, “acabou com a distinção dos Oeirenses e dos cabo-verdianos”, e agradeceu a esta comunidade, cujo “trabalho e empenho” foi fundamental para aquilo que o concelho é hoje.
No mesmo discurso, Isaltino Morais agradeceu a presença de José Maria Neves, dizendo que esta visita é importante “ter conhecimento das políticas portuguesas” que envolve os cabo-verdianos, mas também para conhecer o concelho de Oeiras, onde foram erradicados todos os bairros de barracas, nos quais residiam muitos habitantes cabo-verdianos. O presidente da Câmara de Oeiras referiu a “relação muito próxima” entre portugueses e cabo-verdianos, destacando a “evolução social” que os últimos foram tendo ao longo dos anos.
Por fim, discursou José Maria Neves, dizendo que “participar no Nhu Santiago é muito gratificante” e agradeceu à comunidade cabo-verdiana, residente em Portugal e no Mundo, pelo seu contributo “para o desenvolvimento” de Cabo Verde. O presidente deste país agradeceu também o trabalho de Isaltino Morais e da Câmara de Oeiras, que se têm empenhado “em integrar a comunidade cabo-verdiana”.
Para José Maria Neves, “Isaltino Morais é também o presidente da Câmara de todos os cabo-verdianos”, destacando todo o apoio dado por esta autarquia na habitação, educação e na cooperação com os municípios cabo-verdianos. O Presidente da República de Cabo Verde considera que Isaltino Morais é “uma referência na cooperação descentralizada” e é, no seu entender, como se fosse um “presidente de uma das Câmaras Cabo-verdianas”.
Por fim, o presidente disse que a melhor forma de ajudar este país é “também ser Oeirense” e aproveitou a sua intervenção para agradecer também à Paróquia da Imaculada Conceição pelo “acolhimento e colaboração no Nhu Santiago”.