O MACHISMO AFASTA OS HOMENS DA MARCHA DOS OLIVAIS

A Marcha dos Olivais começou os ensaios a 20 de março. “Tivemos que começar mais cedo porque este ano vamos ter um tema muito forte e é preciso algum tempo para o trabalhar”, como conta o responsável, Carlos Santos, ao Olhares de Lisboa. 

Segundo o mesmo, há ainda muita partilha de experiências entre os marchantes repetentes e os estreantes, mas que, a seu ver, nem sempre corre bem. “Os mais velhos vão dando conselhos que nem sempre são bons, porque os marchantes mais experientes acabam por ter vícios e também já não nos ouvem tanto. Já os estreantes ouvem-nos mais e acabam por mostrar mais dedicação”.

Na Marcha dos Olivais, muitos destes marchantes entraram por influência dos pais, mas há outros que decidiram experimentar “pela curiosidade”.  Ainda de acordo com Carlos Santos, este ano “foi muito difícil conseguir homens para a marcha”, porque há “muito machismo em relação às marchas, os homens acham que isto não é para eles e são mais tímidos que as mulheres”.

Já pelo contrário, não houve nenhuma dificuldade em conseguir mulheres. No total, “foram 56 mulheres que se inscreveram para a Marcha dos Olivais, de onde foram escolhidas 26”, acrescenta. Para o responsável, a suspensão das Marchas Populares devido à pandemia levou ainda à perda de alguns marchantes.

“As pessoas ficam agora mais em casa, outros ganham outros hábitos e muitos deixaram de vir”, lamenta Carlos Santos, que adianta que, em 2022, a Marcha dos Olivais vai ser composta por marchantes entre os 14 e os 25 anos, todos residentes na freguesia, e onde metade são estreantes.  Ainda sobre os dois anos de paragem, Carlos Santos acrescenta que “foram anos de apreensão, mas onde houve sempre a esperança de regressar e acreditámos sempre que viriam dias melhores”.

Os ensaios para a Marcha dos Olivais decorrem às segundas, terças, quintas e sextas-feiras na Escola Secundária Eça de Queiróz. Segundo o responsável pela Marcha dos Olivais, os ensaios estão a correr bem e dentro “da normalidade”. Em relação aos cuidados com a pandemia, “não usamos máscara durante os ensaios, mas voltamos a pô-la na entrada e na saída”, acrescenta.

Se alguém testar positivo à Covid-19, essa pessoa será imediatamente substituída. “Esperemos que isso não nos aconteça, até ao momento ainda não tivemos ninguém positivo, e espero que assim se mantenha”, acrescenta o responsável da Marcha dos Olivais, que se apresenta no Altice Arena a 4 de junho, e depois na noite de 12 para 13 de junho na Avenida da Liberdade, onde marcharam pela última vez em 2019, antes da paragem forçada devido à pandemia.


De acordo com Carlos Santos, não existem grandes requisitos para entrar na Marcha dos Olivais, sendo que “as escolhas que fazemos é apenas quando temos pessoas a mais e então vamos selecionando conforme as capacidades de cada um, se se adaptam melhor, se aprendem mais depressa, por aí”, explica o responsável.

Os padrinhos da Marcha dos Olivais, em 2022, serão o alfaiate Paulo Battista e a cantora Wanda Stuart. As músicas são da autoria de Tiago Torres da Silva e de Toy, e os figurinos de Carla Pereira. Hugo Barros é o responsável pela cenografia e Alexandra e Armando Serra são os coreógrafos. A Marcha dos Olivais nunca venceu as Marchas Populares de Lisboa, sendo que a classificação mais alta foi um quinto lugar em 2005.

“Este ano estamos com as expetativas altas, quer para as apresentações no Altice, quer no desfile, e esperamos este ano ficar no pódio”, acrescenta Carlos Santos.

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