PARA PRESERVAR ÁGUA, É PRECISO MUDAR MENTALIDADES

Realizou-se esta terça-feira, dia 10 de outubro, a 7ª edição do encontro ‘O Caminho da Inovação’, organizado pela Águas do Tejo Atlântico. Este foi dedicado ao tema “Água na Ação Climática” e realizou-se na Fábrica da Água, em Alcântara. Os vários oradores partilharam experiências e perspetivas sobre esta temática, reconhecendo que, para além de medidas inovadoras, é também preciso mudar mentalidades para preservar recursos hídricos.

Neste encontro, reconheceu-se a água como um bem escasso e os vários oradores presentes reconheceram a necessidade de se tomarem medidas urgentes para a preservação da água. A abertura da sessão coube ao presidente do Conselho de Administração da Águas do Tejo Atlântico, Nuno Brôco. O responsável frisou, na sua intervenção, que “estamos a ficar para trás” na matéria das alterações climáticas. Por isso, é necessário pensar, urgentemente, em medidas inovadoras para mitigar os efeitos destas alterações.

Ao Olhares de Lisboa, o responsável frisou que, no caso da Águas do Tejo Atlântico, estão em curso várias iniciativas. Uma delas diz respeito à ‘Água+’, isto é, as águas residuais que são recicladas para diversos fins. Um dos seus principais usos, atualmente, é na rega de espaços verdes, algo que já acontece no Parque Tejo. Nuno Brôco revelou ainda que, atualmente, a empresa está também a promover a utilização destas águas residuais na rega dos campos de golfe, por exemplo. “Queremos alargar o uso da Água+”, reforçou.

Água é vista como um bem adquirido

“Há um conjunto de micronutrientes presentes nas águas residuais e que permitem o crescimento das plantas mais rápido”, explicou o presidente da Águas do Tejo Atlântico, justificando as vantagens de se usar estas águas recicladas também na agricultura. No entanto, Nuno Brôco reforça ainda que é igualmente necessário mudar mentalidades, como forma de contribuir para a poupança de recursos hídricos. “A água é vista como um bem adquirido e não lhe estamos a dar o valor suficiente”, sustentou o responsável, considerando que muitos só irão dar valor a este recurso numa “situação de escassez”.

“Esperemos nunca chegar a uma situação dessas em Portugal”, confessou, admitindo, porém, que já existe escassez de água no setor da agricultura. Por isso, outro dos objetivos da Águas do Tejo Atlântico passa também por encaminhar parte das suas águas recicladas para uso na agricultura. “Todos os anos, tratamos muitos milhões de metros cúbicos de água, mas não temos um utilizador que consiga consumir toda essa água. Portanto, este excedente de água acaba por ir para o Tejo”, explicou Nuno Brôco.

O responsável reforçou ainda que é igualmente importante diminuir as perdas de água. “Temos em Portugal vários munícipios onde as perdas de água estão na casa dos 70%”. Neste sentido, defende a aposta em mais infraestruturas e na sensibilização para a preservação de água. “Não precisamos de estar a lavar ruas com água potável”, justificou.

Valorizar mais a água

O mesmo encontro contou também com o painel ‘O Valor da Água: abrindo caminho para uma sociedade resiliente às Alterações Climáticas e Inteligente no Uso da Água‘, por Andrea Rubini, da Water Europe. Esta empresa promove a inovação, a pesquisa e a tecnologia no setor das águas em toda a Europa, contando com cerca de 250 membros. O seu objetivo é, em conjunto com várias entidades, promover a água como um bem escasso e valioso. Por outro lado, encontra-se também a desenvolver projetos inovadores que evitem a poluição das águas e que as tornem mais resistentes aos impactos das alterações climáticas.

Contudo, Andrea Rubini defendeu que isto só acontecerá se existirem “mudanças locais” e a definição de um objetivo comum entre todas as entidades, desde os munícipios, as universidades, entre outros agentes. “Se não tomarmos uma atitude, vamos perder”, reforçou o responsável da Water Europe. A seguir a este painel, houve ainda um momento de networking, e que antecedeu o segundo painel, intitulado ‘Desafios e Oportunidades na transição climática’.


Os oradores foram Charles P Joseph, da IWA; Claus Homman, da Aarhus Water; e ainda Joana Balsemão, da Câmara Municipal de Cascais. Esta palestra foi moderada por Gualter Crisóstomo, do Centre of Engineering and Product Development. Da parte da tarde, o encontro contou ainda com os painéis ‘Casos práticos para a transição climática e para a Economia Circular’ e ‘Projetos de Inovação’, que contou com a presença de vários oradores. Por fim, o evento incluiu ainda a entrega dos prémios relativos à 6ª Edição do “Desafio à Inovação”, terminando com uma after party.

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