PAVILHÃO CHEIO ASSISTIU À TOMADA DE POSSE DE RICARDO LEÃO, EM SACAVÉM

O pavilhão da Escola Básica Bartolomeu Dias, em Sacavém, Loures, foi pequeno para albergar «a multidão» que quis assistir, ontem, à cerimónia da tomada de posse da Assembleia Municipal e da Câmara Municipal de Loures. A intervenção da noite estava reservada para Ricardo Leão, o presidente eleito da Câmara Municipal de Loures, que deixou claro que «é um verdadeiro defensor da descentralização».

Numas eleições autárquicas menos favoráveis à CDU, foi a candidatura do socialista Ricardo Leão, à Câmara Municipal de Loures, uma das que se apresentou como vitória surpresa, impedindo a reeleição de Bernardino Soares. Ontem, Ricardo Leão tomou posse numa cerimónia pública, no pavilhão desportivo da Escola Básica Bartolomeu Dias, em Sacavém, prometendo dar continuidade aos projetos que contribuam para «o bem-estar e qualidade de vida» das pessoas de Loures, sem olhar a quem os propõe.

«Para mim, pouco importa de onde é que vêm as propostas, importa-me é a finalidade que elas têm junto da população», salientou o novo presidente da Câmara, garantindo que vai terminar com a visão «que, durante anos e anos, reinou no nosso concelho do passa culpas e queixume».

Ricardo Leão, que fez questão que a sua tomada de posse se realizasse na Escola onde estou e na freguesia que acolheu os seus pais vindo do Alentejo, em que cresceu, garantiu, no seu discurso de tomada de posse, que quer «iniciar um novo ciclo de governação e ser um parceiro do Governo na concretização do processo de descentralização, sublinhando que a população do concelho «vai ter finalmente soluções e respostas», defendendo: «O que posso dizer aqui é que vamos ser parceiros do Governo e queremos intervir, sendo ou não da nossa responsabilidade».

Recordando que o seu pai ( José Leão) foi presidente da Junta de Freguesia de Sacavém e que ainda hoje é recordado pela população, o empossado presidente de Câmara fez questão de sublinhar que, com o novo executivo autárquico, «inauguramos em conjunto e com todos, um novo ciclo da vida da nossa terra. Um tempo das pessoas, para as pessoas e com as pessoas».

O autarca socialista, que também foi até quarta-feira deputado parlamentar e até ontem à noite presidente da Assembleia Municipal de Loures, conquistou a presidência da autarquia a Bernardino Soares, com 31,52% dos votos (quatro mandatos), contra 29,05% da CDU (4 mandatos).

Na tomada de posse dos novos órgãos autárquicos, que decorreu na cidade de Sacavém, na zona oriental do concelho, o autarca recém-eleito começou o discurso por afirmar que é um «acérrimo defensor da descentralização e quer trazer mais desenvolvimento para o concelho», adiantando que este «é o tempo das pessoas, de governar para as pessoas e com as pessoas», prometendo «pôr fim a um ciclo de estagnação e marasmo» provocado pela gestão comunista.


Num discurso marcado por muitas críticas ao anterior executivo, que presidia a Câmara de Loures desde 2013, Ricardo Leão prometeu mudar a relação com o Governo e tornar-se um “parceiro”.

Não às privatizações dos serviços municipalizados

Outra mensagem que o novo autarca de Loures quis transmitir, até para sossegar os mil trabalhadores dos SIMAR, foi a de que «jamais irá privatizar os Serviços Intermunicipalizados de Águas e Resíduos (SIMAR)», que partilha com o município de Odivelas, acusando o anterior executivo de fazer circular algumas «mentiras» a esse respeito.

«Há gente que pensa que por se dizer mil vezes uma coisa passa a ser verdade. Eu jamais irei privatizar os SIMAR. Agora, é curioso que quem quer passar essa mensagem (fez) ao longo destes últimos oito anos a privatização dos resíduos», argumentou, referindo que atualmente «mais de metade da recolha dos resíduos é feita por privados».

«Não irei privatizar os SIMAR. Comigo e com o meu executivo, os SIMAR serão sempre serviços públicos, serão sempre da esfera municipal. Pelo contrário, assumo aqui, tudo farei para contrariar e inverter a política de privatização destes serviços seguida nestes últimos 8 anos, nomeadamente na privatização dos serviços de recolha de resíduos em que grande parte dos circuitos de recolha é hoje realizada por empresas privadas – Temos que inverter este estado da situação», afirmou.

«Vamos inverter a política de privatização dos serviços municipalizados», nomeadamente na recolha dos resíduos, prometeu, asseverando que conta «com todos os trabalhadores dos serviços municipalizados», que fazem «parte desta grande equipa que é a Câmara de Loures», para alterar as privatizações.

Mostrando-se «disponível para dialogar com todos e chegar a consensos, desde que não sejam ultrapassadas linhas vermelhas», Ricardo Leão adiantou que vai «agora entrar em processo de diálogo com todas as forças políticas com assento na Câmara, mas com uma linha vermelha e intransponível. O que importa aqui é o cumprimento do programa eleitoral do PS, pois foi aquele que foi sufragado pela maioria da população do concelho de Loures».

Na perspetiva de Ricardo Leão, vai-se «iniciar um novo ciclo, colocar um fim a este clima de medo, sem receios com quem se fala ou quem se relacionam, sem medos vamos dialogar e vamos falar», prometendo «uma mudança das políticas municipais que inverta este ciclo de desorganização, de marasmo e de estagnação».

Para Ricardo Leão, «Loures merece e terá uma agenda de ambição, de desenvolvimento e de concretização». Entre as prioridades para desenvolver Loures, Ricardo Leão destaca a necessidade de atrair empresas dos sectores da investigação e ciência, e sobretudo o máximo aproveitamento das verbas do Plano de Recuperação e Resiliência.

Os novos eleitos

O novo executivo da Câmara Municipal de Loures será composto por quatro eleitos do PS, incluindo o presidente, quatro da CDU, dois do PSD e um do Chega.

A Assembleia Municipal de Loures, que também tomou posse, é composta por 18 deputados municipais do PS, 13 da CDU, 6 do PSD, 3 Chega, 1 do Bloco de Esquerda, 1 da Iniciativa Liberal e 1 do PAN, sendo previsivelmente presidida pela socialista Susana Amador, que foi secretária de estado, deputada parlamentar e presidente da Câmara Municipal de Odivelas (2005-2015). Está tudo dependente dos acordos que, entretanto, forem negociados na primeira reunião da Assembleia Municipal de Loures.

Também tomaram posse como membros da Assembleia Municipal, por inerência, os Presidentes de Junta eleitos dos quais destacamos, Jorge Silva do PS, que foi um dos triunfadores da noite de 26 de setembro, conquistando a União de Freguesias de Santo António dos Cavaleiros/Frielas e o novo Presidente da Junta de Freguesia de Bucelas, Hélio Santos, que foi outro dos triunfadores da noite eleitoral, com uma maioria absoluta.

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