PRIMEIRO TÚNEL DO PLANO DE DRENAGEM JÁ COMEÇOU A SER ESCAVADO

A tuneladora H2Oli começou, esta segunda-feira, 4 de dezembro, a escavar o primeiro de dois túneis previstos no Plano Geral de Drenagem de Lisboa (PGDL), que vai ligar Monsanto a Santa Apolónia, numa extensão de cerca de cinco quilómetros. O momento foi assinalado com a benção da tuneladora e da imagem de Santa Bárbara, padroeira dos mineiros e de todos aqueles que trabalham no subsolo.

Esta cerimónia decorreu no Estaleiro de Campolide, na Quinta do Zé Pinto, e contou com a presença do presidente da Câmara Municipal e do Patriarca de Lisboa, D. Rui Valério. Ao mesmo tempo, estiveram ainda alguns vereadores da autarquia, em especial a vereadora Filipa Roseta, responsável pelo pelouro da Execução do Plano Geral de Drenagem de Lisboa (PGDL). Para a autarca, “é uma honra estar aqui. Esta é uma obra com uma envergadura incrível, que começa hoje, mas começou a ser sonhada em 2004 e aprovada em 2015”.

“Estamos muito longe do primeiro dia, mas cada vez mais perto do último”, reforçou Filipa Roseta, lembrando que o início da escavação do primeiro túnel “é um momento muito importante que se inicia agora”. A vereadora aproveitou ainda o seu discurso para agradecer “aos trabalhadores da obra”. Aqui, disse que esta “é a maior intervenção na cidade desde a reconstrução da Baixa Pombalina”, e que vai “melhorar a resiliência da cidade” em caso de cheias. Por sua vez, a autarca dirigiu também um agradecimento especial ao engenheiro José Silva Ferreira, que “está nisto desde o prinícipio”, e ainda ao presidente Carlos Moedas.

Início de uma nova fase

“É um homem sem medo. Uma obra destas só se faz sem medo. Estamos convictos que esta cidade vai ficar melhor. Será um grande passo para que a cidade resista às alterações climáticas, que tornam a cidade mais vulnerável”, concluíu Filipa Roseta. Já Ângela Silva, engenheira da Spie Batignolles, uma das empresas responsáveis pela construção dos dois túneis do PGDL, disse que é “com enorme satisfação e apreço que nos congratulamos com a presença de todos nesta data importante, não só por aquilo que Santa Bárbara representa, mas também por marcar o início da aventura pelo subterrâneo da nossa capital”.

Para a responsável, “é um privilégio participar numa obra de tamanha importância e envergadura como esta. Vamos continuar a empenhar-nos, para estar à altura das exigências”. Para o CEO da Mota Engil, a segunda empresa que compõe o consórcio, Carlos Mota Santos, “é uma honra estar nesta celebração. É uma obra transformadora da cidade, e que foi desenhada há 20 anos”. Na sua visão, este momento “marca o início de uma nova fase”. “Podem sempre contar connosco para enfrentar os desafios”, concluíu Carlos Mota Santos.

Obra vai melhorar qualidade de vida na cidade

O início da perfuração do primeiro túnel do PGDL, que liga Monsanto a Santa Apolónia, aconteceu no Dia de Santa Bárbara. Esta é a padroeira dos mineiros e todos aqueles que trabalham no subsolo. Por isso, contou com a benção da sua imagem e também da tuneladora H20li, por parte do Patriarca de Lisboa, D. Rui Valério. “Todos somos testemunhas que estamos a escrever uma das páginas fundamentais da história de Lisboa”, começou por afirmar o Patriarca de Lisboa. “Todos sentimos que aquilo que se vai realizar é muito maior que qualquer um de nós. Esta obra nasce para melhorar a qualidade de vida” na cidade, considerou ainda D. Rui Valério, lembrando que esta obra vai estar “ao serviço da população e das pessoas”, evitando as cheias que aconteceram no final de 2022.

PGDL fica para o futuro da cidade

“Vamos invocar a protecção de Santa Bárbara, que deu a sua vida pelos outros. É este o princípio de quem vai trabalhar neste projeto”, concluíu o Patriarca de Lisboa, lembrando que o PGDL vai trazer muitos “benefícios” para a cidade. Já o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, começou a sua intervenção a frisar que “estou aqui, mais do que presidente de Câmara, como engenheiro”. “Esta será uma obra marcante porque vai mudar a cidade e adaptá-la às alterações climáticas”, disse o edil lisboeta, lembrando que esta obra é “feita com a ajuda de todos”.

“Santa Bárbara é uma mulher que representa aquilo que esta obra é, a coragem. Quero que todos fiquem protegidos”, prosseguiu Moedas. O edil disse ainda que a decisão de avançar com o PGDL foi tomada “sem hesitar, porque sabia que era o melhor para a cidade. Esta coragem vem, talvez, da minha profissão. Outro [presidente] que não fosse engenheiro, tinha mais dúvidas em avançar”, assegurou. O presidente da CML lembrou ainda os funcionários afetos à construção dos dois túneis, sendo que muitos deles “vieram de tantos países para ajudar a fazer cidade”. De seguida, Moedas agradeceu a “todos os que deram a sua vida por esta obra e que lutaram para que ela” seja uma realidade.

José Silva Ferreira recebeu Medalha de Honra da Cidade

Deste modo, o autarca aproveitou para fazer uma homenagem ao engenheiro José Silva Ferreira, atribuíndo-lhe a Medalha da Cidade dos Bons Ofícios. “Esta homenagem é dos lisboetas para si”, disse ainda Carlos Moedas. Para o autarca, o arranque desta obra “é um dos momentos mais especiais da história da cidade”. O Plano Geral de Drenagem de Lisboa é um projeto que tem como objetivo proteger a cidade de fenómenos extremos de precipitação, cheias e inundações. O primeiro túnel tem uma extensão de cerca de cinco quilómetros e deverá ficar concluído em 2025.

Já o segundo túnel será iniciado após a conclusão do primeiro e terá um quilómetro de distância, ligando o Beato a Chelas. Ambos têm 5,5 metros de diâmetro e terão uma profundidade até 70 metros abaixo do solo. Desta forma, conseguem ficar muito abaixo, por exemplo, dos túneis do metropolitano, das edificações da cidade, entre outras infraestruturas. O percurso do primeiro túnel conta com três pontos de captação de água. Nomeadamente, na Avenida Almirante Reis, na Rua de Santa Marta, e na Avenida da Liberdade.

Reciclagem de água

Deste modo, a água é captada e segue para o túnel em direcção ao Rio Tejo. No entanto, para além dos túneis, haverá também bacias de retenção. Estas são responsáveis por captar e armazenar as primeiras águas da chuva, conduzindo-as até às Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), no sentido inverso ao da drenagem. Por sua vez, a água reciclada será armazenada em depósitos independentes, que vão depois alimentar os marcos de água reciclada, assinalados com a cor roxa, para se distinguir dos habituais hidrantes vermelhos.

Assim, estas águas pluviais podem ser utilizadas na lavagem de pavimentos, regas e incêndios. Igualmente, haverá também, entre Monsanto e Campolide, uma mini-central hídrica sustentável, que vai permitir reduzir substancialmente o consumo de energia elétrica na Fábrica da Água de Alcântara. A H2Oli estará a funcionar durante 24 horas por dia e irá furar cerca de 13 metros por dia. A tuneladora tem 130 metros de comprimento e uma cabeça de corte com 70 toneladas. Por fim, existem também três motores neste equipamento, que, à medida que vai escavando, vai colocando várias placas de betão ao longo do túnel, formando um anel.

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