REABRIU CASA FERNANDO PESSOA RENOVADA

A Casa Fernando Pessoa reabriu hoje, na sexta-feira, ao fim de ano e meio encerrada para obras gerais de requalificação, e com conteúdos renovados. Fernando Medina e Catarina Vaz Pinto marcaram presença na reabertura deste espaço onde viveu Pessoa.

Depois de um ano e meio encerrado, o número 16 da Rua Coelho da Rocha, em Campo de Ourique, a última morada conhecida do escritor Fernando Pessoa, em Lisboa, posteriormente transformada em Casa Fernando Pessoa, voltou a abrir portas.

Depois de obras gerais de requalificação, igualmente ao nível da acessibilidade e da sustentabilidade, este espaço lisboeta volta a receber o público que admira este poeta português e, como afirmou o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, «existem muitos motivos para os portugueses visitarem a casa onde viveu e trabalhou» o pai do modernismo português.

A Casa Fernando Pessoa reabriu também com os seus conteúdos renovados, nomeadamente os dedicados à biblioteca particular do autor do «Livro do Desassossego» bem como os referentes à criação dos vários heterónimos do escritor (25) que, salienta Fernando Medina, «ganharam uma nova forma de as pessoas conhecerem Fernando Pessoa e as suas diversas personalidades». Do ponto de vista do presidente da autarquia lisboeta, «quem visitar esta casa deve sentir que está a visitar uma casa que também habita».

Fernando Medina e a vereadora com o pelouro da Cultura, Catarina Vaz Pinto, acompanhados pelo presidente da Junta de Freguesia de Campo de Ourique, Pedro Miguel Tadeu Costa, pelo presidente do Turismo de Lisboa, Paulo Monge, e por Joana Gomes Cardoso, presidente da EGEAC, estiveram presentes na ocasião que assinalou o regresso deste equipamento municipal, sob a gestão da EGEAC, ao contacto com o público.

A Casa Fernando Pessoa tem uma área expositiva consideravelmente aumentada. Na museografia em preparação, grande parte dos livros que pertenceram ao escritor, classificados como Tesouro Nacional e o mais importante acervo da Casa, estarão em exposição ao mesmo tempo que é garantida a sua conservação.

Também será dado destaque a obras de arte em que Fernando Pessoa é representado, como o célebre quadro de Almada Negreiros ou os desenhos de Júlio Pomar. Documentos vários e objectos pertencentes ao escritor serão igualmente mostrados nesta exposição que pretende dar conhecer a Fernando Pessoa aos vários públicos, de forma mais aprofundada, intimista e acessível.


A renovação permite ainda um funcionamento mais sustentável de todo o edifício, tendo existido uma grande preocupação com as pessoas com mobilidade reduzida e também com os invisuais.

A «vida» de Pessoa em três pisos

Mas, um facto é que a Casa Fernando Pessoa mudou. Mudou e fez crescer a área expositiva que agora se divide por três pisos, cada um dedicado a um núcleo distinto, sendo que o percurso é descendente – do terceiro para o primeiro andar.

No último piso, que é também o primeiro desta nova empreitada, a exposição é dedicada aos heterónimos de Pessoa. A sua máquina de escrever é o mote para o visitante partir à descoberta dos muitos “eus” que o poeta assumiu desde cedo na sua vida, desde um exemplar d’O Palrador, o primeiro jornal elaborado por Fernando Pessoa, a um manuscrito do Livro do Desassossego, emprestado pela Biblioteca Nacional. Ao longo desse núcleo é possível acompanhar a evolução e o desmembramento do poeta nos seus heterónimos através de alguns livros e exemplares da biblioteca pessoal do escritor, onde é visível a marginália, ou seja, as anotações que o autor fazia nos livros. É ainda possível explorar detalhadamente os heterónimos Bernardo Soares, Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis e o próprio Fernando Pessoa – este espaço é acompanhado de descrições áudio sobre cada um, narradas por actores portugueses.

O segundo piso é também o segundo momento da exposição, agora dedicado à biblioteca pessoal de Pessoa, onde é possível, com a estante que lhe pertenceu a ocupar uma das paredes, percorrer as lombadas de dezenas de referências literárias que o poeta lia e anotava – mais uma vez, é notória a importância da marginalia. Logo ao lado há uma sala de leitura, não para aceder aos livros da colecção particular, mas sim àqueles que unem as peças que Pessoa deixou em vida e que hoje elevam a literatura portuguesa a outro patamar.

O primeiro piso, e último, foi virado do avesso para agora se apresentar como uma réplica do apartamento do poeta, que ficava exactamente naquele espaço há mais de 100 anos. Este último núcleo expositivo recria a planta da casa com as respectivas divisões e onde, em cada uma, há elementos biográficos que contam o percurso de Fernando Pessoa – da colher de infância aos livros da sua juventude em Durban, na África do Sul, do contrato daquela casa, que data de 1920, ao mapa das 16 moradas que teve em Lisboa.

Terminada a exposição, no piso térreo «entra-se» no auditório da Casa Fernando Pessoa e a biblioteca dedicada ao poeta e à poesia, agora renovada e onde é possível fazer consulta e estudo dos livros em questão.

Visitar agora o edifício pressupõe marcação prévia, para que possa ser controlado o número de visitantes dentro do espaço de forma a manter todas as regras de segurança e higiene exigidas pelas autoridades de saúde. As marcações são feitas por e-mail (visitas@casafernandopessoa.pt) e as visitas decorrem dentro do horário da Casa que estará aberta de terça a domingo, entre as 11.00 e as 16.00. A entrada será gratuita até ao final do mês de Setembro.

Descubra a Casa Fernando Pessoa

 

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