A exposição “Are you a tourist?” – inaugurada ontem, no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, pela vereadora da Cultura da Câmara de Lisboa, Catarina Vaz Pinto – questiona residentes locais e visitantes sobre o que é ser turista e as suas práticas
Fotografias de turistas, recolhidas pelo fotógrafo Luís Pavão, nas filas de entrada para a Torre de Belém e para o Padrão dos Descobrimentos, assim como numa estação ferroviária, acompanham, nas paredes da exposição, todo o percurso da visita que, segundo a vereadora Catarina Vaz Pinto, «levanta algumas questões sobre a problemática do turismo»
No fundo, como refere, a exposição é «uma encenação que pretende transformar os turistas num próprio destino turístico, quer através do espelho na entrada da exposição, quer pelas fotografias nas paredes».
O ponto central da exposição, segundo António Viana, responsável pela realização e conceção plástica, é «um gabinete de curiosidades, desenhado num conceito de linhas retas, inspirado nesses gabinetes dos séculos XVII, XVIII e XIX», que reuniam uma multiplicidade de objetos associados a viagens ou descobertas nas artes e nas ciências.
Passaportes, taxímetros, utensílios de cozinha, dispositivos burocráticos, símbolos como o galo de Barcelos e a andorinha de Bordalo Pinheiro, bilhetes impressos e digitais, ‘souvenirs’ e outros objetos representativos de viagens e turismo, podem ser contemplados nesta galeria.
Este núcleo é acompanhado por um filme com retratos e testemunhos de cinco mulheres, sobre as práticas turísticas ao longo da história, numa tentativa de «transparecer a dificuldade que as mulheres daquela época durante a ditadura tinham em viajar, sempre com a autorização dos homens», explicou Maria Cardeira da Silva.
Ao longo da mostra, podem ser apreciados «objetos que contam histórias de encontros turísticos, que caracterizem o objetivo das viagens, as motivações de cada um», acrescentou a coordenadora científica Marta Prista, do CRIA.
Evocam histórias que vão desde «casamentos, tatuagens, turismo de raízes, viagens de dimensão ritual, defesa de direitos» que abordam também relatos do turismo profissional ao turismo colecionador, talvez o mais banal», enumera a coordenadora, durante a apresentação da mostra.
«Esperamos muita afluência por parte do público, à semelhança das últimas exposições, que tiveram cerca de 50% dos visitantes do Padrão dos Descobrimentos, o que é ótimo», acrescenta a diretora.