O arquiteto Manuel Salgado pediu a demissão de vereador do Planeamento, Urbanismo e Obras da Câmara de Lisboa, no mês em que completa 75 anos e 12 anos de autarca. Ricardo Veludo é o «senhor que se segue».
Docente na Escola Superior de Atividades Imobiliárias, o futuro vereador do Planeamento, Urbanismo, Património e Obras Municipais está na Câmara Municipal de Lisboa desde 2013, altura em que iniciou funções de apoio administrativo na área da habitação e do desenvolvimento local no gabinete da vereadora Paula Marques. Mais tarde transitou para o gabinete das Finanças, liderado pelo atual vice-presidente da Câmara de Lisboa, João Paulo Saraiva.
Fernando Nunes da Silva, professor catedrático do Instituto Superior Técnico e antigo vereador da mobilidade da Câmara de Lisboa, lembra-se de Ricardo Veludo como estudante no IST – «foi um dos melhores alunos de engenharia do território. Convidei-o para trabalhar como bolseiro na minha equipa do centro de investigação, onde esteve durante muito tempo». A saída de Manuel Salgado e a entrada de Ricardo Veludo para o pelouro do urbanismo é uma «mudança importante, na medida em que vem remover um dos principais obstáculos a uma maior transparência e discussão da política urbanístico da câmara de Lisboa», defende o antigo autarca.
Recorde-se que Manuel Salgado anunciou esta semana a renúncia ao cargo que ocupa há mais de uma década. Em entrevista ao jornal Expresso, o homem forte do urbanismo na autarquia da capital disse querer «abrandar um pouco». E garantiu que a decisão de deixar a vereação municipal não é de agora, foi tomada no final do último mandato, em acordo com o Fernando Medina».
Na carta de renúncia ao cargo, divulgada pela agência Lusa, Salgado justifica a saída com a necessidade de «renovar os decisores e os procedimentos, abrindo novas perspetivas e permitindo novos olhares sobre os projetos para a cidade. Nesse sentido, e porque entendo ter chegado o momento daquela renovação, venho apresentar a minha renúncia ao mandato de vereador da Câmara Municipal de Lisboa».
Na missiva, dirigida a Fernando Medina, faz questão de afirmar que, aquando da constituição das listas para as últimas autárquicas, pediu que «ficasse logo salvaguardada a possibilidade de substituição a meio do mandato».


No mesmo texto, Salgado queixa-se que «a vida pública e política piorou muito» ao longo dos últimos doze anos. «O clima de sectarismo, a possibilidade de manipulação dos ‘media’ e a difusão da mentira, da violência, e até do ódio, através das redes sociais, dificultam o diálogo sereno, o confronto de argumentos e a discussão aprofundada dos fundamentos das propostas», escreve Manuel Salgado.
Ao longo dos últimos anos, Salgado esteve no centro de várias polémicas relacionadas com operações urbanísticas na capital. A última delas – o Portugália Plaza, um edifício de 49 metros projetado para a Avenida Almirante Reis – vai agora passar para as mãos do seu sucessor.
Manuel Salgado deverá abandonar o cargo no final de agosto. Recorde-se que o responsável é, desde julho de 2018, presidente da Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) e, segundo disse ao Expresso, o facto de deixar este cargo político não implica que vá deixar a presidência da SRU. «Estou disponível para continuar, se tiver a confiança da Câmara», disse.