RICARDO VELUDO É O SENHOR QUE SE SEGUE À FRENTE DO URBANISMO EM LISBOA

O arquiteto Manuel Salgado pediu a demissão de vereador do Planeamento, Urbanismo e Obras da Câmara de Lisboa, no mês em que completa 75 anos e 12 anos de autarca. Ricardo Veludo é o «senhor que se segue».

O urbanismo é um dos pelouros com maior peso na Câmara de Lisboa, com a demissão de Manuel Salgado este pelouro muda de mãos e vai passar a ser da responsabilidade de Ricardo Veludo, um engenheiro de 47 anos, que assume atualmente as funções de coordenador da equipa de missão do Programa de Renda Acessível.

Docente na Escola Superior de Atividades Imobiliárias, o futuro vereador do Planeamento, Urbanismo, Património e Obras Municipais está na Câmara Municipal de Lisboa desde 2013, altura em que iniciou funções de apoio administrativo na área da habitação e do desenvolvimento local no gabinete da vereadora Paula Marques. Mais tarde transitou para o gabinete das Finanças, liderado pelo atual vice-presidente da Câmara de Lisboa, João Paulo Saraiva.

Fernando Nunes da Silva, professor catedrático do Instituto Superior Técnico e antigo vereador da mobilidade da Câmara de Lisboa, lembra-se de Ricardo Veludo como estudante no IST – «foi um dos melhores alunos de engenharia do território. Convidei-o para trabalhar como bolseiro na minha equipa do centro de investigação, onde esteve durante muito tempo». A saída de Manuel Salgado e a entrada de Ricardo Veludo para o pelouro do urbanismo é uma «mudança importante, na medida em que vem remover um dos principais obstáculos a uma maior transparência e discussão da política urbanístico da câmara de Lisboa», defende o antigo autarca.

Recorde-se que Manuel Salgado anunciou esta semana a renúncia ao cargo que ocupa há mais de uma década. Em entrevista ao jornal Expresso, o homem forte do urbanismo na autarquia da capital disse querer «abrandar um pouco». E garantiu que a decisão de deixar a vereação municipal não é de agora, foi tomada no final do último mandato, em acordo com o Fernando Medina».

Na carta de renúncia ao cargo, divulgada pela agência Lusa, Salgado justifica a saída com a necessidade de «renovar os decisores e os procedimentos, abrindo novas perspetivas e permitindo novos olhares sobre os projetos para a cidade. Nesse sentido, e porque entendo ter chegado o momento daquela renovação, venho apresentar a minha renúncia ao mandato de vereador da Câmara Municipal de Lisboa».

Na missiva, dirigida a Fernando Medina, faz questão de afirmar que, aquando da constituição das listas para as últimas autárquicas, pediu que «ficasse logo salvaguardada a possibilidade de substituição a meio do mandato».


No mesmo texto, Salgado queixa-se que «a vida pública e política piorou muito» ao longo dos últimos doze anos. «O clima de sectarismo, a possibilidade de manipulação dos ‘media’ e a difusão da mentira, da violência, e até do ódio, através das redes sociais, dificultam o diálogo sereno, o confronto de argumentos e a discussão aprofundada dos fundamentos das propostas», escreve Manuel Salgado.

Ao longo dos últimos anos, Salgado esteve no centro de várias polémicas relacionadas com operações urbanísticas na capital. A última delas – o Portugália Plaza, um edifício de 49 metros projetado para a Avenida Almirante Reis – vai agora passar para as mãos do seu sucessor.

Manuel Salgado deverá abandonar o cargo no final de agosto. Recorde-se que o responsável é, desde julho de 2018, presidente da Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) e, segundo disse ao Expresso, o facto de deixar este cargo político não implica que vá deixar a presidência da SRU. «Estou disponível para continuar, se tiver a confiança da Câmara», disse.

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