“O júri não é pressionável. Eu seria o primeiro a denunciá-lo”.

A Câmara e a EGEAC escolhem sempre os melhores em cada área, para julgarem essas mesmas categorias. A letra, a música, o figurino, a cenografia…”.

São muitas as críticas das colectividades ao regulamento das marchas, mas são as próprias colectividades que definem e aprovam esse mesmo regulamento, diz-nos Pedro Franco, o presidente da Associação de Colectividades do Concelho de Lisboa e do júri dos desfiles.

O regulamento que vigorará em 2018, resultando desses mesmos contributos dos clubes que organizam as marchas, “não diferirá muito do actual”. No entanto, na primeira quinzena de Setembro haverá uma reunião das colectividades, para serem debatidas e estudadas hipotéticas alterações àquilo que já foi aprovado e publicado em boletim municipal.

Se os organizadores e participantes das marchas mostram nunca estar satisfeitos com as regras, Pedro Franco garante que, nas reuniões, os autores dessas críticas “nunca colocam questões de fundo. Queremos que nos falem dessas questões, que não haja acanhamento nem vergonha. Dizem sempre mal do júri e do regulamento mas nunca apresentam propostas concretas”.

Muitos dos detractores acusam os elementos dos júris de não serem entendidos na matéria… “A Câmara e a EGEAC escolhem sempre os melhores em cada área, para julgarem essas mesmas categorias. A letra, a música, o figurino, a cenografia, todas as áreas…”.

Outro clássico das acusações aos júris são os favoritismos, beneficiando sempre os mesmos bairros históricos. “Nunca vi, nestes anos todos, que votassem sempre nos mesmos. Os elementos do júri nunca foram pressionados, e a EGEAC nunca exerceu quaisquer pressões. Eu seria o prmeiro a denunciá-lo. Estou presente em representação das colectividades, e para garantir que as coisas correm bem”.

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Os elementos do júri são “os únicos” que estão com atenção total durante os desfiles, e por isso é que algumas marchas, às vezes, não percebem porque ficaram em último. Há determinados pormenores de execução técnica, “aprovados e decididos pelas colectividades”, que fazem a diferença e determinam uma desclassificação ou uma derrota.

Se as críticas dos marchantes não se ficam por aqui, são também algumas as queixas do presidente do júri. No pavilhão e na avenida, os seus elementos “deveriam estar melhor posicionados”.

No pavilhão, estão muito longe dos desfiles. Na Avenida, estão na última fila da bancada VIP, atrás de todas as figuras públicas que vão apoiar os seus bairros.

Seja qual for o acerto das diversificadas críticas das colectividades, um dos seus pedidos já foi atendido. A verba atribuída pela Câmara Municipal a cada marcha vai passar dos actuais 27 mil euros aos anteriores 30 mil, embora os clubes tivessem pedido que o novo valor fosse de 35 mil.

Mesmo assim, é uma mudança, e “para já está bem. Não podemos exagerar. Com a passagem do tempo e a evolução da Economia, veremos”.

Afinal como funciona o júri?

As marchas são todas gravadas para que não haja quaisquer dúvidas sobre as classificações.

Pedro Franco, presidente da Associação de Colectividades do Concelho de Lisboa e do júri do concurso, refere que, sempre que há alguma incerteza sobre este ou aquele pormenor, os vídeos dos desfiles são repetidos e analisados à lupa. Há dois anos, isso aconteceu com 11 bairros. “Não foi por acaso que saímos quase às nove da manhã”.

Além do presidente, do representante da EGEAC e dos seis especialistas, os melhores de cada área (nomeadamente letras, música, coreografia, cenografia…), existem quatro apontadores, que, no terreno, anotam aspectos técnicos e específicos de cada um dos desfiles, contabilizados depois nas classificações.

Verificam os tempos (um segundo a mais conta dez pontos), a roupa dos aguadeiros, o seu número, os adereços (festão, arraial, trono), os arcos, os emblemas das colectividades, o símbolo da cidade, as entradas no recinto (só podem entrar os padrinhos e as mascotes)…

Os exemplos são muitos. Como o de uma marcha que fez uma magnífica pirâmide humana e gostaria de ter ficado melhor classificada. Mas os marchantes não são bailarinos profissionais na mais perfeita das formas físicas de atletas de competição, a Avenida não é direita…

Se o júri da coreografia é o melhor profissional da sua área, claro que classificará rigorosamente todos os detalhes que falharem. Se o júri é composto pelos melhores profissionais do seu campo, pede-se, igualmente, o máximo de “rigor e perfeição” aos marchantes.

Pedro Franco recorda com saudade a exigência, a disciplina e o brio de Carlos Mendonça, que, “se pegasse na pior das marchas de Lisboa, punha-a em primeiro lugar”.

O mestre das marchas nunca deixaria ninguém ensaiar ou desfilar sem ser rigorosamente pontual e estar totalmente e absolutamente sóbrio, afirma o presidente do júri. E considera que todos os dirigentes das marchas deveriam fazer exactamente o mesmo, o que nem sempre acontece, declara.

Novo regulamento discutido pelas colectividades em Setembro

O júri das marchas não deve andar escondido, pede o seu presidente, Pedro Franco.

O dirigente da Associação de Colectividades do Concelho de Lisboa sente que a Câmara de Lisboa tem receio de expôr os elementos do júri, e não concorda com tal atitude.

“Percebo, respeito e agradeço que nos queiram proteger de alguma atitude mais antipática, mas não há quaisquer razões para ter medo. E os júris dos concursos de televisão, não são totalmente mostrados a toda a gente?”.

Enquanto representante das colectividades no júri, o responsável sublinha que não está para prejudicá-las, mas para “defendê-las e promovê-las”.

NR:  Entrevista concedida antes das apresentações no Meo Arena e publicada na edição de Olhares de Lisboa junho 2017

Regulamento de Marchas Populares publicado no Boletim Municipal a 23 fevereiro 2017

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Veja a pontuação da sua Marcha no concurso 2017

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Marchantes 2017

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