Cerimónias Fúnebres nos Jerónimos

Ontem, sábado dia 24, dia de S. João, realizou-se no Mosteiro dos Jerónimos, as cerimónias fúnebres das 5 vitimas mortais do Incêndio em Pedrógão Grande.

Cheguei pelas 14h45 ao Mosteiro dos Jerónimos. Já várias pessoas ali estavam para prestarem as homenagens à Família Lacerda: Miguel , Mafalda, os filhos António de 6 anos e Joaquim de 4 anos, para além do avô Fausto. As pessoas que os conheciam bem, ia chegando. Uma fila já se estava a formar. Outra fila, a dos turistas, também já estava vedada, para que não houvesse mistura.

Eu, estava junto das pessoas de um infantário, onde os filhos por lá tinham passado. Educadores, auxiliares e outras ia-se aproximando. Famílias, e amigos próximos das vitimas, já estavam na fila e iam cumprimentando quem conheciam. Choros, abraços, um pouco misturado com os olhares dos que ali se aproximavam pelo que assistiam.

Eu não me encontrava ali como repórter, mas porque a minha esposa os conheciam bem, já que os miúdos andavam no infantário, onde ela trabalha. Como bom observador, ia prestando a atenção ao que se ia passando. Junto de mim, alguns elementos da família, que iam conversando sobre as últimas aparições daquela família que morrera.

Um deles, era padrinho de casamento do Miguel com a Mafalda, onde antes da tragédia tinha estado em casa deles e depois, ainda seguiram para o Porto, antes de rumarem a Pedrógão, onde estavam de férias. Estavam no entanto a chegar coroas e coroas de flores. Ramos e pessoas que traziam apenas uma flor. Os seguranças, iam conduzindo os turistas em sentido lateral,onde nos encontrávamos, para que não fossem para um funeral.

A hora da chegada dos carros funerários, que estava previsto para as 15h30, estavam prestes a chegar. As pessoas, já se aglomeravam junto da porta principal, onde se prestariam as devidas homenagens. Umas conversas ali, uns abraços acolá, familiares e amigos, estavam destroçados. Pouco depois, vinham as ordens para que se começasse a entrar.

Fotos: Olhares de Lisboa

Eram de facto muitas as pessoas, entre amigos, familiares e gente que não conhecia, mas que a tragédia, os fez chegarem ali.. A capela era comprida e cabia lá toda aquela gente. Sentaram-se, espalhando-se quer pela entrada até ao altar, quer nas laterais. Numa dessas laterais, eram para os escuteiros, que iriam cantar algumas canções em oração! Finalmente, e já com a igreja completamente cheia, começam a entrar os 2 primeiros caixões brancos mais pequenos, que se sabe serem dos pequenos António e Joaquim.

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Depois, e com toda a gente de pé e em silêncio, passam mais 3 caixões castanhos, dos pais e do avô. Olho em redor e vejo uma onda solidária de dor e de consternação. Dá-se então o inicio das cerimónias. O Padre relembra a tragédia, e do que tudo isso se abateu naquela família. O ponto alto e emotivo, foi a leitura de um texto do irmão do falecido,tio das crianças e filho do Fausto e cunhado da Mafalda, o Jorge.

Este estava de rastos, e o texto lido por uma familiar, era disso exemplo, o seu percurso junto do irmão e sobrinhos e do melhor filho que poderia ser e da cunhada que era inteligente, simpática e faziam um casal muito feliz. Leitura, que descrevia algo forte,emotivo,único e mostrava, que acima de tudo continuava sem ter qualquer explicação para o que aconteceu.

Eu, nunca tinha assistido a tal coisa. Se um funeral já custa, podem imaginar 5 numa só cerimónia.

Vê-se lá ao fundo, as carrinhas funerárias, que estavam à espera, que os caixões fossem saindo e ocupando os respectivos carros.

Rogério Rosa, (Repórter da Escrita. (24-06-17)

CURRICULUM-CRONOLÓGICO

Nota: Texto sem edição

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