A Misericórdia é uma das freguesias que nasceu da reorganização administrativa que entrou em vigor nas autárquicas de 2013. Nasce da união das antigas freguesias da Encarnação, Santa Catarina, Mercês e São Paulo, e ganha este nome devido à presença da sede da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa no seu território.
Com 13 044 habitantes, a freguesia da Misericórdia acolheu durante muitos séculos as casas de diversas instituições religiosas de apoio à infância, em concreto para a cristianização de mouros e judeus. Com a expulsão dos jesuítas, as casas da Companhia de Jesus foram doadas à Santa Casa da Misericórdia.
Com os Descobrimentos, a freguesia foi crescendo para Norte, adquirindo uma população mais ligada às atividades marítimas.
Foi só depois do terramoto de 1755 e da reconstrução de Lisboa que foi criado o Cais do Sodré. A presença da nobreza no território ficou igualmente marcada pela construção de inúmeros palácios, como é o caso dos Palácios Cunhal das Bolas, Alvito, Almada Carvalhais, Marquês de Ficalho, Conde de Lumiares, Marquês das Minas, Bichinho de Conta, Ludovice e Condes de Tomar, entre outros.
Este foi provavelmente o espaço onde se concentraram o maior número de artistas e intelectuais de Lisboa: Sebastião José de Carvalho e Melo, Manuel Maria Barbosa du Bocage, Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Camilo Castelo Branco e Ramalho Ortigão são alguns exemplos.
Também a imprensa se instalou no espaço da atual freguesia, ocupando palácios devolutos, tais como o Diário de Notícias, o Revolução de Lisboa, o Mundo e o Século.
Do Bairro Alto e Príncipe Real ao Cais do Sodré, são incontáveis os pontos de interesse turístico: os ascensores da Glória e da Bica, o Mercado da Ribeira, os Miradouros de São Pedro de Alcântara e de Santa Catarina e os próprios bares, restaurantes e vida noturna do Bairro Alto e Cais do Sodré.