A Marcha do Bairro Alto parte este domingo para França para participar na Feira de Dax. Até dia 16 de agosto, marchantes e restante equipa vão mostrar o melhor da tradição lisboeta num dos mais importantes eventos daquele país, que junta a música do mundo à tauromaquia.
Antes da partida, e em declarações ao Olhares de Lisboa, Dino Carvalho revelou que a Marcha do Bairro Alto irá fazer dois desfiles e participar ainda em quatro exibições.
O ensaiador da marcha manifestou o orgulho nesta presença num dos mais importantes festivais que junta vários conjuntos de música do mundo.
Esta viagem surge cerca de dois meses depois de mais uma significativa participação no Grande Concurso das Marchas de Lisboa. O responsável afirmou que, tanto no Altice Arena como a Avenida da Liberdade, a Marcha do Bairro Alto mostrou-se mais uma vez à altura, terminando no segundo lugar da classificação, a apenas dez pontos da Marcha de Alfama.
“Ganhámos o desfile na avenida e este ano não houve penalização”, realçou Dino Carvalho. O ensaiador admite que o primeiro lugar poderia ter sido alcançado, caso tivessem obtido uma melhor pontuação na categoria da musicalidade. “Tivemos grandes problemas com os microfones no Altice Arena”, explica.
Sobre os novos regulamentos, o responsável tem apenas um reparo: “deveria ser possível apresentar as duas músicas inéditas na avenida, e não apenas no Altice Arena”.
Dino Carvalho lembra que a Marcha do Bairro Alto não tinha uma grande tradição de classificações favoráveis. “Ficava quase sempre em último”, diz.
Mas “desde 2012 que há um conjunto de ensaiadores, cenógrafos e figurinistas que se vem mantendo, formando uma boa equipa”.
E mesmo com a diminuição acentuada do número de lisboetas a viver nos bairros históricos, como é o caso da Freguesia da Misericórdia, Dino Carvalho não perde a esperança: “muitos dos que foram viver para fora do bairro, participam na mesma na marcha, mesmo que tenham ido viver para longe”.
Uma das soluções seria, na opinião do ensaiador, retomar “em força” as marchas infantis. Ou seja, “a Câmara Municipal de Lisboa deveria promover e apoiar marchas para os mais novos, para que estes entendam e ganhem o gosto pela tradição”.
Uma tradição que já vem desde o início dos anos 30. E a Marcha do Bairro Alto foi uma das três primeiras a desfilar em 1932, a par do Alto do Pina e de Campo de Ourique.