A Assembleia Municipal de Lisboa rejeitou a petição para o alargamento para 23 o número de marchas a concurso nas festas de Lisboa, apresentada pela Comissão de Moradores de São Domingos de Benfica.
A comissão de moradores da freguesia lisboeta de São Domingos de Benfica queria o alargamento do número de marchas populares na capital, de 20 para 23 participantes, mas a vereadora da Cultura e a Assembleia Municipal de Lisboa rejeitaram esta possibilidade.
A presidente da Comissão de Moradores de São Domingos de Benfica, Isabel Mendes, mostrou-se decepcionada com a decisão dos deputados da Assembleia Municipal de rejeitar o alargamento do número de marchas a concurso nas Festas da Cidade, salientando que, com este este alargamento, «mais freguesias, coletividades e bairros” podiam fazer parte das marchas.
Na perspectiva de Isabel Mendes, que representa os mais de 900 subscritores desta petição, as marchas constituem uma forma de congregar pessoas de diferentes gerações ao longo do ano, numa “cidade que está cada vez mais descaracterizada”, avançando que devia existir uma marcha por freguesia.
Catarina Vez Pinto, vereadora da Cultura da CML, considerou, por seu turno, que, quando fecharam “definitivamente o número de marchas a concurso” no regulamento, solicitou à empresa municipal de Cultura, EGEAC, que «todas as coletividades fossem envolvidas e todas manifestaram apoio ao número de 20».
«As marchas são um projeto antigo, há anos que as candidatas sabem que há um número limite, mas isso faz parte do sistema», vincou, acrescentando que o desfile na avenida da Liberdade na noite de 12 de junho tem também de se coadunar com os tempos convenientes à transmissão televisiva, sendo que «já é demasiado grande».
Para a presidente da comissão de Cultura, Simoneta Luz Afonso (PS), «o novo regulamento foi discutido largamente», tendo entrado em vigor em agosto passado, e que os peticionários deviam ter apresentado esta reivindicação nesse âmbito. Mas Isabel Mendes não está de acordo e, por isso, argumenta que, na altura, ainda não existia a comissão de moradores.
As aspirações da comissão de moradores foram apoiadas pelo presidente da Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica, António Cardoso (PS), e pelas deputadas municipais do PSD Virgínia Estorninho e Ana Mateus, bem como pela deputada municipal do PPM e do PS, respectivamente Aline de Beuvink e Luis Filipe Monteiro.
Todos os deputados municipais, incluindo os do PS, foram unânimes em considerar que, nesta altura, é prematuro realizar alterações num regulamento aprovado em agosto, defendendo que é necessário «experimentar» este regulamento e, só depois, proceder a eventuais alterações.
Posição do CDS
Chegou à redação do Olhares de Lisboa uma nota do CDS/PP, assinada pelo líder da bancada, Diogo Moura, referente ás marchas populares. Por considerarmos que esta nota clarifica o sentido de voto deste partido, vimos publicá-la na íntegra :
” Enquanto líder da bancada municipal do CDS venho dar nota de que também nós, durante a discussão em plenário da petição, reivindicámos a necessidade de alterar, não só por se tratar da manifestação cultural e popular mais importante da cidade mas também, e como foi afirmado pelo deputado municipal do CDS Gabriel Baptista Fernandes, não podemos concordar com a avaliação que o júri fez à Marcha de São Domingos de Benfica no que se refere a critérios de figurinos, cenografia e principalmente comparações com o histórico de outras marchas, que desfilam há décadas, entre outros.
Também a deputada municipal do CDS Margarida Bentes Penedo se insurgiu contra as intervenções do PS, que menorizam as marchas colocando-as ao nível de outras representações locais das comunidades e bairros.
Assim, há que reflectir sobre as necessárias alterações ao regulamento após a edição de 2019, para que haja uma representação equilibrada dos bairros de Lisboa, de resto, como é o caso da Marcha de São Domingos de Benfica, a única existente na freguesia com o mesmo nome.
Acrescento ainda que, à semelhança do PPM e do deputado socialista Luís Monteiro, o CDS absteve-se, o PCP votou contra e as restantes forças políticas a favor.”
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