Os espaços verdes e outras zonas de lazer, nomeadamente no Parque do Vale do Silêncio, são algumas das razões que levam os moradores a «apaixonarem-se» pelo seu bairro… os Olivais.
No Parque Urbano do Vale do Silêncio, Olivais Sul, existe, desde 6 de julho, a maior parede artificial de escalada do País. A construção, que teve o apoio da Câmara Municipal de Lisboa, está preparada para a realização de provas nacionais e internacionais, mas também para quem quer praticar no dia a dia.
Este é um dos múltiplos equipamentos desportivos e recreativos existentes nesta freguesia lisboeta que teve na origem do nome “Santa Maria dos Olivais” uma imagem de Nossa Senhora que terá sido encontrada numa oliveira e guardada na sacristia da igreja até 1700, de onde terá desaparecido.
Ana Campos, 51 anos, rececionista, moradora nos Olivais Norte, considera que uma das grandes vantagens da zona é ser bairro: «tem ainda a parte humana, com muito comércio tradicional. No fundo, o bairro está no centro de tudo, apesar de não estar no centro da cidade», sublinha.
Todavia, esta moradora gostaria que existissem mais transportes públicos e que alguns espaços verdes fossem tratados com a mesma frequência que outros espaços da freguesia.
Vítor Gonçalves, de 60 anos, montador de pladur, da zona do Centro Comercial Olivais, é um adepto incondicional da freguesia, classificando excelente este «bairro para viver, porque tem segurança, higiene, comércio, transportes e hospitais».
Estar na moda aumenta rendas
Do ponto de vista deste morador, «é uma freguesia que está na moda e, por isso, muito procurada para morar. A nível de arrendamentos e compra de andares é difícil arranjar uma casa para arrendar. Existe muita procura e pouca oferta. Temos o Parque das Nações à porta, temos o aeroporto, temos comercio, as escolas, as piscinas. Temos também o Vale do Silêncio, que é um dos maiores espaços verdes da freguesia. Com boas acessibilidades».
Francisca Oliveira, 66 anos, reformada, da Rua Cidade de Nampula, é da mesma opinião mas, contudo, defende: «as pessoas estão a ficar descontentes, porque os novos moradores compram uma casa caríssima e, depois, querem estacionar um carro à porta e não podem».
Apesar de haver alguns inconvenientes, como faz questão de referir, «é um bom bairro para se viver», com «muitos espaços verdes, comércio e várias atividades para seniores e crianças».
Maria dos Anjos, 82 anos, reformada e moradora na Rua Cidade da Praia, à semelhança de Francisca Oliveira, também refere o problema habitacional.
«Há falta de casas, as pessoas vivem ‘em cima uns dos outros’. Tenho uma casa pequena e vivem comigo uma filha e uma neta. Tive que tirar coisas de casa, para pôr uma cama para elas», afirma Maria dos Anjos, salientando que o rendimento dela e da filha não suportam uma renda mais cara.
Atualmente, realça, «este bairro é sossegado. Houve tempos em que não era tão sossegado», mas tem como grandes vantagens «o comércio, o centro comercial e, principalmente, o centro de saúde».
Promessas por cumprir
Já Diamantino Correia, 75 anos, residente perto do Metro dos Olivais há 40 anos, lamenta que os mercados, «que deviam ser a alma dos bairros, estejam vazios, reconhecendo, todavia, que existem bons transportes públicos e um Centro comercial «com muita vida».
Com críticas contundes ao poder local, Diamantino Correia queixa-se: «Não temos o bairro limpo. Há casas que não têm condições. A presidente da junta disse que ia dar tintas para se pintarem os prédios, mas isso foi só por causa das eleições».
A freguesia
Olivais é o nome do limite administrativo que resulta da reformulação da freguesia de Santa Maria dos Olivais. O limite anterior continha, na sua zona ribeirinha, a área onde decorreu a Expo 98 que agora se destaca e forma, juntamente com território contíguo a norte (pertença do Concelho de Loures), um limite administrativo autónomo, resultando numa nova freguesia – Parque das Nações.
A freguesia inclui-se na zona oriental da cidade, organizando-se em quatro grandes regiões: o Bairro da Encarnação, o Centro Histórico (ou Olivais Velho), e os Bairros de Olivais Norte e Olivais Sul, que por sua vez se subdividem em diversos outros aglomerados. Grande parte do território ocidental da freguesia é ocupado por parte do Aeroporto de Lisboa.
Por onde passear…
São vários os monumentos e locais de interesse a visitar nesta freguesia lisboeta, a saber: Palácio da Quinta do Contador Mor: edifício onde atualmente funciona a Bedeteca de Lisboa. Também conhecida pela “Toca”, lugar de encontros amorosos entre Maria Eduarda e Carlos da Maia, no romance Os Maias, de Eça de Queirós; Palácio da Quinta da Fonte do Anjo ou Palácio da Quinta da Bica; Convento de São Cornélio: vestígios de antigo convento situado na Estrada de São Cornélio, junto ao atual Cemitério dos Olivais; Centro Histórico da Vila dos Olivais: sede concelhia medieval; Palácio Benagazil ou Palácio da Quinta do Policarpo; Igreja de Santa Maria ou Igreja Paroquial dos Olivais; Igreja de Santo Eugénio ou Igreja Paroquial de Olivais Sul; Instituto Geográfico do Exército e Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos.