As Galerias Romanas da Rua da Prata, que abrem duas vezes por ano, vão abrir ao público durante esta sexta-feira, sábado e domingo, das 10 às 19h. São esperados mais de três mil visitantes em três dias.É com um misto espanto e incredulidade que muitos turistas observam várias pessoas a entrar num buraco no meio da Rua da Conceição e desaparecerem para o seu interior. Curiosos, perguntam o que se passa debaixo do solo em plena Baixa lisboeta, e ficam surpreendidos quando sabem que ali estão ruínas romanas.
Numa visita guiada para jornalistas ao interior das Galerias Romanas, as responsáveis pelo Museu da Cidade explicaram um pouco da sua história.
Explicam a razão pela qual estas Galerias só abrem duas vezes por ano, em abril e setembro. O monumento romano, quando se encontra fechado, tem um nível de água superior a um metro de altura, proveniente de lençóis freáticos que correm por baixo de Lisboa, havendo por isso necessidade de uma operação de bombeamento da água para possibilitar a visita ao seu interior e ainda uma limpeza posterior para que as visitas se realizem em segurança.
As Galerias Romanas foram descobertas em 1770 por altura da construção de edifícios da Baixa Pombalina. Têm 2.000 anos e foram construídas algures entre os séculos I a.C. e I d.C., durante o governo do Imperador Augusto. Os arqueólogos não sabem ao certo qual a função que o espaço terá tido, mas na parte superior terá existido uma grande praça pública e um fórum de mercadores, que funcionaria como um centro de negócios de Olisipo, a Lisboa romana.
Atualmente, algumas teses defendem a possibilidade destas galerias romanas terem sido um criptopórtico, solução arquitetónica que criava, em zona de declive e pouca estabilidade geológica, uma plataforma horizontal de suporte à construção de edifícios de grande dimensão, normalmente públicos.
A descoberta de uma inscrição dedicada a Esculápio, deus da Medicina, atualmente no Museu Nacional de Arqueologia, poderá ser uma confirmação do carácter público destas galerias. Gravada numa das faces de um bloco de calcário e datada do século I a. C., a inscrição romana é feita em nome de dois sacerdotes do culto imperial e do Município de Olisipo, fórmula consagratória que não surge em ambientes privados.
No início do séc. XX, estas galerias ficaram conhecidas como as “Conservas de Água da Rua da Prata” por serem utilizadas pela população como cisterna.
Compra bilhetes online
As inscrições funcionam através de reservas no site do Museu de Lisboa, sendo que depois da reserva e receção da confirmação, tem de efetuar o pagamento (2€) e levantar os bilhetes no núcleo selecionado na inscrição (Palácio Pimenta, Santo António ou Teatro Romano).
Todos os visitantes devem estar no local (junto ao nº 64 da Rua da Conceição) 15 minutos antes da hora da visita e devem ter os bilhetes para acesso.
Além das visitas orientadas, o Museu de Lisboa promove outras atividades nas Galerias Romanas, como uma sessão de poesia (28 de setembro, 19h30) ou um percurso pedestre por Felicitas Iulia Olisipo, das Galerias Romanas ao Teatro Romano (29 de setembro, 11h30 e 16h00).