CRESCE ONDA DE SOLIDARIEDADE EM LISBOA

A onda de solidariedade está a crescer com a crise provocada pelo novo Covid-19. Em Lisboa mais de mil pessoas estão inscritas na Rede solidária, demonstrando que, para muitos, a crise não é de valores.Até hoje, são mais de mil as pessoas que se inscreveram na Rede Solidária (www.redesolidaria.pt), abrangendo todas as 24 freguesias da cidade, uma iniciativa lançada pela Câmara Municipal de Lisboa na passada semana. Muitas destas pessoas já foram contatadas pelos serviços da Câmara e serão chamadas consoante as indicações de necessidades das Juntas de Freguesia.
Destes voluntários, cerca de 100 estão a trabalhar no «apoio às respostas que o município tem atualmente em funcionamento», estando já a ser organizadas as equipas de trabalho para garantir que todas as «tarefas têm o devido acompanhamento».
Para o vereador Manuel Grilo, responsável pelo pelouro dos Assuntos Sociais, «esta resposta dos lisboetas é muito importante nestes tempos de incerteza. Estas pessoas irão garantir a distribuição de refeições a pessoas idosas, pessoas com deficiência, assim como muitas outras pequenas tarefas que exigem sair de casa».
Estes voluntários irão, nos próximos dias, começar a colaborar com as Juntas de Freguesia da cidade na realização de tarefas para pessoas idosas, pessoas com deficiências ou outras pessoas cujo confinamento domiciliário impossibilita a realização de tarefas essenciais. «Quem ainda não foi contactado sê-lo-á numa fase seguinte (em breve) para garantir que há rotatividade na garantia das tarefas», informa uma nota do gabinete do vereador dos Assuntos Sociais, Manuel Grilo.
Manuel Grilo salienta que «queremos garantir a segurança de quem se solidariza, que terá todos os equipamentos de proteção necessários, assim como a segurança alimentar e sanitária de quem fica em casa. Estes lisboetas mostram, ao participar na Rede Solidária, a sua generosidade para com quem mais precisa. Desde a pessoa idosa com dificuldades de mobilidade, às pessoas em situação de sem abrigo que estão na rua ou nas respostas da CML preparadas para o efeito, ninguém ficará para trás.»
Esta mobilização inédita está agora a sofrer uma triagem para afastar potenciais membros de grupos de risco, dividir pessoas por tipos de tarefas preferidos, assim como por freguesias da cidade.
Distribuídas mil refeições/dia
Por outro lado, segundo o gabinete do vereador Manuel Grilo, desde sábado, a Câmara está a garantir a distribuição suplementar de 1000 refeições diárias para resposta social em Lisboa, com confecção garantida pelas escolas básicas da cidade e da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. A sua distribuição é feita, tanto ao almoço como ao jantar, em colaboração com as Forças Armadas em três locais chave: junto ao Lux, em Santa Apolónia; na estação do Cais do Sodré; e na Praça Paiva Couceiro, na Penha de França.
O vereador Manuel Grilo afirmou que «este incremento histórico na distribuição de refeições na cidade de Lisboa vem responder ao visível aumento de pedidos de ajuda de pessoas que não dormem na rua». O impacto socioeconómico da pandemia «já se faz sentir na cidade e afeta hoje muita gente que perdeu emprego, fonte de rendimento ou simplesmente deixou de ter as respostas sociais que tinha».
Por isso, salienta, a «Câmara está aqui para garantir que as respostas continuam e que ninguém fica para trás». Para isso, conta com as pessoas que se inscreveram na “Rede Solidária” e a ajuda das Forças Armadas na distribuição das mais de mil refeições quentes.
Além destas respostas, a Câmara Municipal tem 3 centros de acolhimento de emergência abertos recentemente especificamente para responder às necessidades da população em situação de sem abrigo durante a pandemia. Não configuram uma política pública de longo curso, que continua a ter como opção o programa “Housing First”, mas responde às necessidades imediatas de quem não tem casa para cumprir o distanciamento social.
Antigos sem-abrigo apoiam os que vivem na rua
Entretanto, o jornal «Público», citando um comunicado do «É Um Restaurante», dá conta da onda de solidariedade das pessoas que já estiveram sem abrigo e que, neste momento de crise, ajudam quem dorme na rua, distribuindo, desde quarta-feira, 200 refeições diárias à população sem abrigo de Lisboa.
O «É Um Restaurante» é um projecto da Associação Crescer para dar formação profissional e um emprego inicial a pessoas que estiveram em situação de sem-abrigo. Nesta crise originada pelo Covid-19, este restaurante juntou-se ao movimento de solidariedade para com aqueles que são mais vulneráveis à pandemia do coronavírus.
«Nesta fase tão complexa para todos serão exatamente as pessoas que já se encontraram nessa situação que, agora, em conjunto com as nossas equipas, irão cozinhar para quem ainda não tem tecto», anuncia o É Um Restaurante, em comunicado.
Obrigado, como todos os outros, a fechar as portas para evitar a propagação da pandemia, o projecto, que conta com o apoio dos chefs Nuno Bergonse e David Jesus, está a procurar a melhor forma de se tornar útil durante a crise. «Não sendo a distribuição de comida uma atividade que a Associação costume fazer durante o ano, mas sabendo que muitas equipas que distribuíam comida deixaram de o fazer por falta de recursos humanos ou por falta de apoio logístico, decidimos voltar a abrir o restaurante com esse objectivo», explicam. «Assim, contribuímos com o que melhor sabemos: cozinhar».
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