O Serviço Nacional de Saúde é uma importante conquista de Abril, tendo demonstrado «no terreno» a sua eficácia no combate à pandemia do Covid-19. Reconheceu hoje, o presidente da Câmara de Oeiras, durante as cerimónias do 25 de Abril, em Oeiras.
«Hoje, está a vista de todos a importância dos cuidados» de saúde, afirmou o presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, no decorrer das cerimónias oficiais comemorativas da revolução dos cravos, que decorreram nos Paços do Concelho, onde foi cantado, à janela, o Hino Nacional.
Isaltino Morais, após ter referido os condicionalismos originados pela pandemia, fez questão de salientar que «não foi apenas a liberdade que o 25 de Abril trouxe». Para o autarca, a revolução dos cravos «trouxe-nos um Estado reforçado para a defesa da dignidade da pessoa humana, com universalização do acesso aos cuidados de saúde e educação».
E, porque em abril foi a data em que Portugal conquistou a democracia, Oeiras não podia deixar de comemorar «um dos mais importantes momentos de coragem do nosso povo», celebrando-o, este ano, de uma forma diferente, «devido ao momento difícil que vivemos em que impera o isolamento social».
Como a festa é do povo, o município disponibilizou uma programação on-line e, para além da cerimónia oficial que inclui o hastear das bandeiras e a colocação simbólica de 46 rosas e cravos junto ao monumento alusivo ao 25 de abril, convidou várias personalidades ligadas à cultura que através de concertos, leitura de poemas e mensagens se associaram a esta comemoração online.
Palmas para o nosso Serviço de Saúde
O autarca oeirense, que condenou as «ideologias de quinta categoria», aplaudiu «os profissionais de saúde que todos os dias asseguram cuidados num ambiente inimaginável em tempos de paz», salientando o papel dos professores, lembrando que, «hoje, pedimos aos professores que se adaptem à pressa ao ensino à distância, com recurso às novas tecnologias, e muitos deles fazem-no enquanto tem os filhos em casa».
«A todos aqueles» para quem «os funcionários públicos eram o demónio», esta pandemia veio demonstrar precisamente o contrário e a importância desses profissionais: «Hoje, além de distinguir o grande trabalho dos profissionais de saúde, reconhecemos aos bombeiros a coragem, a generosidade e abnegação perante a adversidade, são eles que põem em risco a sua saúde para levar quem precisa de receber cuidados de saúde».
Isaltino Morais agradeceu, ainda, aos profissionais das forças de segurança, que «asseguraram o cumprimento zeloso do estado de emergência», e também aos cantoneiros de limpeza que, «manhã à noite, cuidam de manter o espaço público limpo».
Do ponto de vista do autarca, «todos estes trabalhadores têm em comum o facto de serem na sua maioria funcionários públicos e das suas carreiras profissionais terem sido sucessivamente depreciadas» por alguns «vendedores do templo que pediam privatizações e Estado mínimo».
Para o presidente da Câmara de Oeiras, que realçou o papel desempenhados por todos os autarcas portugueses no combate ao Covid-19, «este vírus teve o condão de nos mostrar o que são realmente as funções essenciais», recordando que agora se pede aos funcionários públicos «mais sacrifícios».
As medidas e as respostas do município
Isaltino Morais referiu-se ainda que a resposta municipal «em tempos de crise», assentou em dois pilares: «promovendo a resposta de emergência e preparando a resposta de médio e longo prazo».
O edil salientou, «no que respeita à resposta de emergência foi criado um grupo de crise para coordenar a resposta imediata do município, tendo sido decidido o apoio a todas as instituições e pessoas carenciadas do concelho».
«À policia, bombeiros, hospitais (São Francisco Xavier e São João de Deus) e IPSS foram entregues equipamentos de proteção individual e às escolas, esquadras, centros de saúde, lares e viaturas (municipais, táxis ou carros funerários) foram objeto de desinfeção e nebulização, garantindo condições de segurança a quem trabalha e aos utentes», revelou Isaltino Morais, salientando que foram garantidas, até ao momento, mais «de 27 mil refeições» a a família e idosos carenciados ou isolados, bem como às forças de segurança e proteção civil.
No entanto, perante os riscos que todos os «homens e mulheres» que estão na primeira linha de combate, Isaltino Morais adiantou que está «montado um sistema de hospedagem dos profissionais de saúde que não podem ir para casa no Hotel Solplay, enquanto no Hotel Real estão os profissionais das funções essenciais em quarentena e, no Hotel Sol Palmeiras, os infectados pelo vírus».
Após uma palavra amiga aos povos irmãos da CPLP, Isaltino Morais defendeu que «não é mais possível ignorar que o modelo de desenvolvimento económico, social e ambiental que vinha sendo seguido não servia a maior parte da população» e, por isso, «urge criar um modelo de governação do sistema internacional capaz de regular a globalização, mais democratizadora, que sirva efetivamente as pessoas».