CÂMARA DE LISBOA ADIA APOIOS AO FADO E PEDE UNIÃO DAS CASAS DE FADO

Na quinta-feira ia ser votado um protocolo de apoio a casas de fado, no valor de cerca de meio milhão de euros, mas foi adiado. A Câmara de Lisboa está a trabalhar numa «solução mais consensual» depois de casas de fado protestarem sobre os critérios.

A Câmara de Lisboa adiou a votação da proposta de protocolo de apoio a casas de fado, prevista para a reunião do executivo camarário, e marcou novo encontro com representantes do setor, com o objetivo de obter o consenso «mais amplo possível» entre as casas de fado integradas e não integradas na Associação das Casas de Fado de Lisboa (ACFL).

A Câmara tinha previsto, na agenda da reunião de quinta-feira, a votação de um protocolo, no valor de 500 mil euros, de apoio à ACFL, contestado por cerca de três dezenas de casas de fado, que se consideravam excluídas do apoio financeiro, questionando os critérios da autarquia.

Clara Sevivas, a representante de casas de fado da cidade, não integradas na ACFL, que se manifestaram em frente aos Paços do Concelho, foi entretanto recebida na Câmara de Lisboa e, segundo essa responsável, a autarquia «reiterou que se mantém permanentemente aberta a receber projetos das entidades que os apresentem, procedendo à sua avaliação técnica, seleção e posterior deliberação», aconselhando os elementos deste movimento a integrarem-se na ACFL.

Segundo o que Clara Sevivas, após esta reunião, as conversações vão continuar para chegar a um entendimento. Clara Sevivas, que também é fadista, ficou responsável por passar as informações sobre a ACFL que «saíram desta reunião às Casas de Fado para ver se há condições de haver uma recetividade maior das casas e fadistas».

Não há, para já nova reunião oficial. «Vamos ver que casas querem integrar esta Associação, sendo que a admissão de novos associados compete à direção sob proposta de três associados efetivos».

Clara Sevivas está convicta que se vai realizar «uma reunião entre a Associação das Casas de Fado de Lisboa e as outras casas de fado, para que as partes tentem chegar a uma solução mais consensual», tendo em vista «tentar encontrar o mais amplo consenso possível junto do setor».


Recorde-se que várias casas de fado que se consideram excluídas do apoio financeiro dado pela Câmara de Lisboa à ACFL, manifestaram-se na Praça do Município, com a presença de músicos e fadistas. Entre as casas de fado que protestaram encontravam-se o restaurante S. Miguel D’Alfama, Fama d’Alfama, Esquina de Alfama, Baiúca, Adega dos Fadistas, Viela de Alfama, Boteco da Fá, Fermentação, Grandes Cantorias, Fora de Moda, Portas de Alfama, Bohemia Sé, Coração de Alfama e Fuga, do bairro de Alfama, e ainda casas de fado do Bairro Alto, da Mouraria e de outras zonas de Lisboa, estimando-se que empreguem mais de 240 pessoas, entre as quais artistas, segundo os seus empresários.

Os representantes das casas de fado não integrantes da recém associação consideram-se à margem do apoio financeiro prometido pela Câmara de Lisboa à recentemente constituída Associação de Casas de Fado da capital, e questionam os critérios da autarquia, porque «se só umas Casas de Fado são apoiadas, só umas vão sobreviver«, diz Clara Sevivas, que é também vice-presidente da Associação de Comerciantes de Alfama.

Num documento enviado ao SAPO24, a união de Casas de Fado escreve que a 4 de maio enviaram uma exposição desta situação via correio eletrónico, “ao cuidado do Dr. Fernando Medina com conhecimento da Dra. Catarina Vaz Pinto (vereadora da Cultura),” e o respetivo pedido de esclarecimento “nomeadamente quanto à atribuição dos apoios e critérios definidos para os mesmos.” E acrescentam que o documento “foi assinado (…) por 137 cidadãos indignados e afetos, direta ou indiretamente, ao setor.” Dizem nunca ter tido resposta.

Os cerca de meio milhão de euros de apoio anunciado às casas de fado não foram, assim, ainda aprovados. A Câmara Municipal de Lisboa diz que a proposta de protocolo não foi votada “com vista a tentar encontrar o mais amplo consenso possível junto do setor”.

Segundo o que Clara Sevivas, após esta reunião, as conversações vão continuar para chegar a um entendimento. Clara ficou responsável por passar as informações sobre a ACFL que saíram desta reunião às Casas de Fado para ver se há condições de haver uma recetividade maior das casas e fadistas.

Não há, para já nova reunião oficial. «Vamos ver que casas querem integrar esta Associação, sendo que a admissão de novos associados compete à direção sob proposta de três associados efetivos».

O objetivo era claro: “Nós queremos cantar, queremos cantar fado. Já nos cansámos de mandar e-mails e queremos mostrar que existimos”, frisando «não queremos de forma nenhuma que pareça que estamos contra essas Casas de Fado. Queremos é perceber porque não há um apoio que abranja todas as Casas ou, pelo menos, o critério para perceber porque é que umas são abrangidas e as outras não. Alfama – e Lisboa – não vai viver com 16 casas de fado. Não vão dar trabalho a todos os músicos. Não faz sentido estar só a salvar algumas».

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