A Academia Recreativa de Linda-a-Velha que, este ano, comemora o seu 128º aniversário, ao serviço da cultura e do desporto, tem dois campeões nacionais de Kickboxing
.Com 127 anos de existência, a Academia Recreativa de Linda-a-Velha tem assumido os seus «compromissos» com a comunidade em que está inserida, tanto em termos culturais e desportivos como em termos sociais, auxiliando os sócios mais carenciados.
Fundada em outubro de 1893, a Academia tem tido, ao longo dos anos, «uma relevância social indesmentível», afirma Horácio Reigado, presidente desta instituição que tem garantido o acesso à actividade física e desportiva, a aulas de música, à prática teatral, à expressão artística, à actividade musical filarmónica. Enfim, disponibilizando um «cem número de iniciativas» culturais, desportivas e recreativas, à comunidade desta localidade oeirense. Algumas destas actividades encontram-se «paradas» e outras estão em vias de ser recuperadas, como por exemplo o teatro.
A vertente de solidariedade social foi sempre apanágio desta instituição que, inclusivamente, criou uma cooperativa de produção de pão e de outros bens alimentares, nos anos 50 do século XX, para distribuir, gratuitamente, aos sócios que necessitavam.
Mais ou menos, por essa altura, a seguir à II Guerra Mundial, criou uma «associação» mutualista para auxiliar sócios em situação de carência económica e ajudá-los a criar melhores condições de vida.
É por isso, e sempre com os olhos postos no futuro, que a Academia, segundo admitem Victor Viçoso (tesoureiro) e Luís Bandeira (vogal), à semelhança do que defende Horácio Reigado, apresenta-se como eixo fundamental de organização e de desenvolvimento de uma comunidade, proporcionando formas e modos de ajudar realmente a preencher os tempos livres, proporcionando aos associados atividades próprias, vocacionadas tanto para os mais como para os menos jovens.
Apoios precisam-se
Contudo, embora desenvolvam a sua actividade tendo por base uma estrutura de custos ligeira, o encerramento das instalações e a interrupção das actividades, principalmente do bar, reduziu as receitas correntes a um valor ínfimo, mas, contudo, mantiveram-se as despesas associadas à estrutura mínima necessária para o desenvolvimento das actividades.
Assim, e após o período pandémico, enfrenta hoje necessidades acrescidas de apoio financeiro para poderem assumir os custos fixos do tempo de encerramento, mas também os custos associados às grandes exigências do relançamento das suas actividades, refere Horácio Reigado, realçando os apoios que tem recebido da Câmara Municipal de Oeiras e da União de Freguesias de Algés, Linda-a-Velha, Dafundo e Cruz Quebrada.
Horácio Reigado, após referir que a Câmara de Oeiras atribuiu à Academia, durante o período de pandemia, uma verba de mil euros para fazer face às despesas imediatas, revelou que, este ano, pela primeira vez a Academia candidatou-se aos apoios da autarquia para efectuar obras de melhoramento no ginásio e no palco. Mas, infelizmente, surgiu a pandemia, que obrigou a autarquia a utilizar o dinheiro em outras «situações mais prioritárias», esperando receber esse apoio no próximo ano, «quando a situação melhorar».
Actividades desportivas e retorno do teatro
Neste momento, os 300 associados da Academia tem diversas atividades principalmente destinadas aos jovens, tais como capoeira, karaté, Kickboxing e está em vias de retomar os ensaios do grupo de teatro, interrompidos por causa da pandemia. Nas instalações, onde regularmente se fazem saraus de fado e, anualmente, se organizam dois «debates de ideias» (comemorações do 25 de Abril e aniversário da Academia), funciona ainda a banda musical «Tuneup Voices».
Com 225 atletas, com idades compreendidas entre os 4 e os 60 anos, a frequentarem as diversas modalidades «sediadas», o Kickboxing da Academia «é o que dá mais nas vistas». De facto, esta modalidade tem os dois campeões nacionais da modalidade, o Samuel Tembe e a Melissa Nascimento.
Relativamente ao grupo de teatro, o dirigente associativo revela que tem sido «feitas várias ações para captar jovens e menos jovens para integrarem o grupo de teatro». A Academia «têm o salão todo à disposição do teatro e temos dois encenadores, a Susana e o Paulo Almeida, só nos faltam os atores. Mas, como é óbvio, no caso do teatro, se os jovens gostarem realmente de teatro tomam essa decisão e vão experimentar», defende.
Segundo os três dirigentes que dialogaram com Olhares de Lisboa, «nós temos um espaço que nos permite proporcionar diversas atividades aos nossos associados e aos filhos dos nossos associados».
Consciência cívica
Em tempos «tivemos aqui uma banda filarmónica, um grupo de cante alentejano e aulas de música», recorda o presidente da Academia, sublinhando que o «movimento Associativo tem um papel importante na sociedade e é visto como um fator de consciência cívica, de cultura e como um elemento valioso da qualidade de vida dos cidadãos».
Do ponto de vista dos dirigentes da Academia de Linda-a-Velha, o associativismo sempre desempenhou um papel relevante na construção das sociedades contemporâneas, na medida em que permitiu a integração dos indivíduos na vida local e promoveu a cidadania ativa.
Nessa perspectiva, tanto Horácio Reigado, como Victor Viçoso e Luís Bandeira, consideram que as associações culturais, desportivas e recreativas são espaços de partilha de conhecimentos, de convívio e de ocupação de tempos livres, mas acima de tudo, assumem-se como espaços de formação de pessoas, em especial, de crianças e jovens.