A expetativa é grande em relação ao que vai ser a Praça de Espanha. Mas, bem à portuguesa, comerciantes e moradores preferem «aguardar para ver». Para já, todos estão de acordo: «vai ser uma ótima zona de lazer. Assim cumpram o projeto».
O projeto de requalificação da Praça de Espanha, em Lisboa, vai custar 6 milhões e 637 mil euros, com um prazo de 10 meses para a execução da obra (finais de 2020), mais um ano de manutenção de espaços verdes. Ou seja, em princípio lá para o início de 2022, a Praça de Espanha, além da ribeira, contará com uma clareira, uma praça central e vias para mobilidade pedonal e ciclável, que facilitam a circulação entre os bairros envolventes. Numa segunda fase, a ideia é aproximar esta zona a Monsanto.
As obras, que, neste momento, estão a cumprir o calendário previsto, vão permitir, ainda em 2020, o acesso direto aos jardins da Fundação Calouste Gulbenkian, com o objetivo de «colocar a natureza à porta da cidade» e restabelecer as «continuidades perdidas».
Moradores e comerciantes «contam começar, ainda este ano, a usufruir do espaço», mostram-se «agradavelmente surpreendidos com a rapidez com que estão a decorrer os trabalhos». Por causa do Covid, «esperávamos que as obras sofressem grandes atrasos, mas, pelos vistos, os empreiteiros estão a cumprir os prazos. O que é anormal na maioria das obras públicas em Portugal, existem sempre atrasos», salientam alguns moradores.
Para os moradores, uma mais valia importante desta reabilitação é o parque verde de cerca de cinco hectares, que pretende recuperar a ligação pedonal entre a Gulbenkian e Sete Rios, assim como os «caminhos da água» agora submersos. «Se montarem, nesse espaço, os parques infantis e as esplanadas, vai ser uma zona de lazer agradável, onde podemos levar os filhos e netos a passear», acrescentam.
Segundo o projeto do NPK – Arquitectos Paisagistas Associados, por baixo das atuais vias de circulação rodoviária desta zona encontra-se «um dos epicentros da maior bacia de drenagem de Lisboa», por onde passam linhas de água entubada oriundas das escorrências das chuvas em direção ao Vale de Alcântara. Estas linhas vão emergir e dar lugar a uma ribeira ladeada por vegetação e por choupos e carvalhos, promovendo a instalação de um ecossistema húmido». A saída do metro ficará na parte pavimentada, onde «um sistema de palas dá sombra e protege da chuva», servindo ainda para albergar um café com esplanada.
Alteração das vias rodoviárias preocupa moradores
Em relação à alteração das vias rodoviárias da Praça de Espanha, os moradores «aplaudem» esta decisão que acabou com «a multiplicação de cruzamentos», passando a existir apenas dois. No entanto, levantam algumas questões, nomeadamente os acessos da Avenida de Berna, quem vai em direção à ponte 25 de Abril, para a Joaquim Augusto de Aguiar e a entrada na Avenida Columbano Bordalo Pinheiro para quem vêm da ponte.
Todavia, consideram que estas mudanças podem «tornar mais simples e rápidas» as ligações rodoviárias mas, como fazem questão de salientar, vai ser necessário «mexer» no trânsito nas ruas «vizinhas» da Avenida de Berna e também em algumas vias do bairro de Palhavã, caso queiram evitar congestionamentos de trânsito para quem se dirige para o Corte Inglês ou para Sete Rios. Mas um facto é que, com a nova Praça de Espanha vai passar a ser possível a ligação direta de quem vem de carro da Avenida de Berna ou António Augusto Aguiar em direção à Avenida de Ceuta.
Em fevereiro quando apresentou o projeto para a Praça de Espanha, o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, referiu que esta intervenção pretende ser o «símbolo de uma cidade em transformação no caminho da sustentabilidade ambiental», uma marca da “Lisboa do futuro”, e «um elemento de coesão do espaço público», prolongando os jardins da Fundação Gulbenkian quase até Sete Rios.