APESAR DOS RECEIOS COM O REGRESSO ÀS AULAS, VAMOS GANHAR ESTE ANO

Presidente da República, Primeiro-Ministro, ministros e secretários de Estado andam, de escola em escola, a explicar que é necessário recuperar a rotina apesar da pandemia. Em causa está o regresso às aulas, porque, como diz Marcelo, «nós vamos ganhar o ano».

Milhares de alunos portugueses voltam à escola até quinta-feira, depois de seis meses em casa. Hoje, em algumas escolas de Lisboa, nomeadamente no Rainha D. Leonor, houve a receção de alunos para lhes ser explicado que no novo ano letivo, a começar até quinta-feira, professores, vão experimentar uma escola diferente, em relação aos anos anteriores, com um conjunto de regras e normas de funcionamento que foram implementadas para ajudar a manter a escola aberta o máximo tempo possível.

Ao contrário do que aconteceu em março, quando todas as escolas foram encerradas para conter a propagação do novo coronavírus, o ensino presencial vai ser a regra e o encerramento uma medida de último recurso, tomada apenas em situações de «elevado risco», segundo a Direção-Geral da Saúde.

Para isso, o uso de máscaras é obrigatório para todos a partir do 2.º ciclo, o distanciamento físico será, sempre que possível, de pelo menos, um metro e entre os diferentes espaços da escola, que serão higienizados frequentemente, estão definidos circuitos de circulação.

Estas são algumas das principais regras que foram definidas pelo Ministério da Educação e pela Direção-Geral da Saúde, mas na organização e funcionamento das escolas, os diretores foram mais além e, entre horários alargados ou desfasados, intervalos mais curtos ou intercalados, turmas organizadas em «bolhas», com salas destinadas a cada uma para evitar o contacto entre diferentes grupos, foram muitas as soluções implementadas nas milhares de escolas do país.

No Maria Amália, a jovem aluno do 10º ano, Lura, diz que compreende a necessidade destas medidas, mas alerta para a inevitabilidade de surgimento de surtos nos estabelecimentos de ensino.

Já um professor do Rainha D. Leonor, considera praticamente impossível cumprir todas as normas da Direção-Geral da Saúde, que pede o distanciamento de um metro entre alunos nas salas de aulas, entre outras medidas que exigirão o reforço do pessoal docente e não-docente, recordando que, em anos letivos anteriores, muitos estabelecimentos já acusavam a falta de recursos – turmas com muitos alunos, carência de materiais, insuficiência de pessoal.

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Para os diferentes sindicatos dos professores, apesar das orientações das autoridades de saúde e da organização preparada por cada escola, o ano letivo é encarado com alguns receios, estando também preocupados com as condições de trabalho dos profissionais, em particular daqueles que integrem grupos de risco e que não poderão recorrer ao teletrabalho, sobrando-lhes a baixa médica.

Acalmar pais, alunos e professores

Entretanto, para «acalmar» pais, alunos, professores e funcionários dos estabelecimentos escolares, o primeiro-ministro, António Costa, tem realizado visitas a escolas, acompanhado pelo ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, que, entretanto, tem salientado que o calendário escolar neste ano letivo vai ser diferente, com mais dias de aulas e menos dias de férias. «Uma alteração que, segundo o ministro da Educação, serve, sobretudo, para dar mais tempo aos alunos e professores para recuperar e consolidar aprendizagens do ano passado».

Tarefa nacional

Por seu turno, o Presidente da República, que também tem efetuado visitas a escolas, considera que o regresso às aulas «é um desafio e missão nacional», esperando que o ano letivo «corra bem porque, se esse não for cumprido com sucesso, não há planos para a economia, saúde e justiça social que funcionem».

«Isto é uma tarefa nacional, todos estamos interessados em que o ano letivo corra bem, é uma missão nacional, não é a missão de um governo, de um partido, de um sindicato, de um patronato, de responsáveis de escolas, de pais, de alunos ou de autoridades sanitárias, é uma missão de todos», afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, numa visita à Escola Básica de Gueifães, na Maia.

Assumindo que vai ser um ano letivo «difícil e muito especial», o chefe do Estado frisou que, dentro das suas dificuldades, vai ter de correr «o melhor possível» porque, se assim não for, é o país, as crianças e jovens, os pais, os professores, os auxiliares e os autarcas que perdem o ano. «E isso não é possível, não é concebível e não vai acontecer», sublinhou.

Fazer para que tudo corra bem

Manifestando-se convicto de que o ano vai correr bem, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que o desafio de Portugal é fazer com que corra bem porque, se assim não for, não há planos para o emprego, justiça social, economia e saúde que funcionem porque «está tudo ligado».

«Nós vamos ganhar o ano», afirmou o Presidente da República, acrescentando que todos aqueles que têm uma palavra a dizer, desde alunos, professores, dirigentes, têm de «remar no mesmo sentido transformando aquilo que é um pequeno problema num pequeno problema que se resolve e não num pequeno problema que se converte num grande problema».

Marcelo Rebelo de Sousa disse esperar que quando se chegar ao Natal se olhe para trás e se possa dizer: «o que parecia muito complicado é agora menos, apesar de ainda continuar a levantar algumas questões, mas ultrapassámos o tempo mais difícil».

Dias de ansiedade e expectativa

Os primeiros dias de aulas vão ser para muitos jovens, professores, pais e encarregados de educação de expectativa, dúvida e ansiedade, mas 15 dias e um mês depois tudo será diferente, considerou Marcelo Rebelo de Sousa.

O Presidente da República assumiu ter a certeza de que «aos poucos e em conjunto será possível ultrapassar as dúvidas e convertê-las em confiança e esperança».

Já o Primeiro Ministro, António Costa, aconselho «precaução é fundamental porque nenhum de nós pode relaxar. O vírus está mesmo entre nós e é cada um de nós que transmite o vírus uns aos outros. A escola, em si, não transmite o vírus a ninguém. Precaução significa usar a máscara, na escola sempre, desinfetar e lavar as mãos, o maior número de vezes possível, manter o distanciamento físico, cumprir regras dos circuitos definidos…»

Vão ser contratados mais assistentes operacionais

Em resposta aos sindicatos de professores e a responsáveis das direções escolares. o chefe do Governo prometeu que ainda esta semana vai ser anunciada a contratação de mais assistentes operacionais para as escolas, sem especificar um número concreto, e elogiou a «organização especial, criando como que caixas estanques entre cada turma, cada sala só para uma turma, cada carteira só para um aluno».

«Só a precaução pode diminuir a ansiedade. A direção da escola e os professores, assistentes e técnicos podem fazer o melhor trabalho possível, mas, se cada aluno ou família não fizerem o melhor possível, não funciona», vincou.

Para Costa, «é tão necessária precaução dentro da escola como fora da escola», acrescentando que «não vale de nada não haver contacto físico dentro da escola se, depois, saindo da escola, toda a gente se for abraçar ou fazer festas para os jardins à volta».

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