Secretário de Estado garante a autarcas |TRANQUILIDADE RESPONSÁVEL NO REGRESSO ÀS AULAS

Apesar da «tranquilidade responsável» no regresso às aulas garantida pelo Governo a autarcas da AML, os professores avisam para o número excessivo de alunos por turmas e sondagens alertam para a diminuição das vendas de material escolar.
Encarregados de educação e professores estão apreensivos com o regresso às aulas, já a partir do dia 14 de setembro, enquanto o secretário de Estado Adjunto da Educação, João Costa, defende que existe uma «tranquilidade responsável

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«Hoje sabemos mais do que no início da pandemia, conhecemos a capacidade de adaptação muito positiva do sistema educativo, temos mais tempo de preparação e implementámos condições que que nos colocam numa situação de maior segurança e serenidade, por isso vamos encarar o presente com uma tranquilidade responsável», referiu o governante, na abertura de uma reunião ordinária do grupo metropolitano da educação, constituído por vereadores e dirigentes dos 18 municípios que fazem parte da Área Metropolitana de Lisboa e que decorreu ontem, presencialmente, nas instalações da AML.

Melhorar o acesso aos meios tecnológicos, trabalhar a estabilidade emocional das crianças e jovens, alargar as tutorias de apoio aos alunos, reforçar a equipa de apoio técnico nas escolas e acelerar o plano de transição digital, são algumas das medidas que estão a ser trabalhadas no Ministério da Educação, para garantir o bom funcionamento do próximo ano letivo.

Na reunião, conduzida pelo secretário metropolitano João Pedro Domingues, o secretário de Estado João Costa garantiu que o acesso às áreas artísticas, os cuidados específicos com alunos portadores de doenças crónicas e a atenção às crianças e jovens em risco farão igualmente parte das medidas que vão exigir cuidados suplementares durante o ano letivo 2020/21.

Autarcas querem mais medidas

Os responsáveis municipais, por sua vez, reivindicaram um conjunto de medidas, cuja implementação é fundamental para que o ano letivo possa decorrer dentro da normalidade possível: a necessidade de contratar mais assistentes operacionais, a adaptação das escolas à presente realidade pandémica e o reforço dos transportes escolares e dos circuitos especiais.

Indo ao encontro das reivindicações dos autarcas, os sindicatos da classe docente falam do elevado número de alunos por turma. Mário Nogueira, da Fenprof, é claro: «Defendemos que as escolas devem regressar com o ensino presencial, mas isto deve ser feito com condições. O Ministério teve julho e agosto para ter criado essas condições e não o fez. A dimensão das turmas é uma questão central e há situações em que vamos ter 26 alunos numa sala de aula».

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Em estilo de resposta a autarcas e professores, João Costa convidou todos os representantes municipais e metropolitanos para não serem a voz do medo neste complexo jogo de equilíbrios: «O medo não pode ser fator de decisão. Não nos vamos deixar dominar pelo medo nas tomadas de decisão. Com a razão chegaremos a melhores resultados».

Auxiliares continuam a faltar

A falta de auxiliares nas escolas é outra preocupação de autarcas e professores, que lembram a João Costa que o «número deficitário» já vinha antes da pandemia. Neste momento, «para além se der necessário fazer o trabalho normal do dia-a-dia, nesta altura de pandemia é obrigatório o reforço da higiene e desinfeção dos espaços», referem. acrescentando que os funcionários auxiliares existentes não são os suficientes.

Entretanto, a Fenprof responsabilizou o Ministério da Educação pela abertura do ano escolar, em regime presencial, sem alegadamente ter assegurado as condições de segurança sanitária necessárias nos estabelecimentos de ensino. «As condições que se exigem para uma abertura das escolas não foram criadas», afirmou o secretário-geral, Mário Nogueira.

Para o dirigente sindical, «o ensino presencial é essencial para devolver alguma normalidade às escolas, já que o ensino remoto, outra vez, seria trágico» para alunos, professores e pessoal auxiliar. O regresso às aulas, entende Mário Nogueira, deve ser acompanhado de “medidas rigorosas”.

Por seu turno, as associações de pais estão também apreensivas com o regresso às aulas, já a partir do dia 14 de setembro. Apesar de confiantes nas tomadas de decisões que tornem seguro este voltar à escola, os encarregados de educação, pedem mais medidas para «evitar situações de contágio»

Todos preocupados com eventual novo confinamento

Mas, na eventualidade de vir a ser necessário um novo confinamento, o que mais preocupa os encarregados de educação no sistema de ensino não-presencial é a dificuldade em acompanhar a aprendizagem dos alunos (62%), com especial incidência entre aqueles que têm estudantes entre o 1.º e o 4.º ano (67%), segundo apurou um inquérito realizado, entretanto, pelo Observador Cetelem, “Regresso às Aulas”.

Para os encarregados de educação voltará a ser necessário mais acompanhamento dos professores e tutorias (73%) para ajudar as famílias, assim como apoios para a aquisição de equipamentos para o ensino não presencial (60%); e a manutenção do regime de trabalho remoto dos encarregados de educação (26%) – ganhando mais expressão entre os que têm a seu cargo alunos no pré-escolar (36%).

No cenário de necessidade de confinamento, os encarregados de educação estão ainda preocupados com a falta de interação dos estudantes a seu cargo com os seus colegas (11%), o possível impacto nos seus trabalhos (9%) mas também o impacto psicológico na família (6%).

No total, um quinto dos encarregados de educação dizem que tiveram gastos em ferramentas de apoio ao estudo em casa, sendo o valor médio de gastos de 245 euros em ferramentas digitais como, por exemplo, acessos pagos a plataformas de ensino, aplicações (apps), aquisição de computadores, entre outras. Os estudantes do ensino superior foram os que mais investiram (349 euros).

Queda nas vendas de material escolar

Entretanto, a plataforma Kuanto Kusta revela que a procura de material escolar caiu 15% em Portugal em 2020 face a 2019, acentuada pela incerteza que se está no regresso às aulas presenciais, sendo que as mochilas (-40%) e os cadernos e blocos de notas (-57%) foram os produtos que registaram maior recuo, informa o Kuanto Kusta [1] (KK), maior plataforma nacional para a comparação de preços.

De acordo com a análise do KK, esta regressão deve-se ao arranque tardio do ano letivo e principalmente ao facto de muitos agregados familiares só terem recebido esta semana a lista do material que devem comprar para os filhos.

Derivado deste facto, a empresa prevê um novo período para o pico da procura, que deverá acontecer já na semana que vem, algo que, antes do efeito pandemia, acontecia nos finais dos meses de agosto.

Esta postura excecional reflete-se também nas campanhas publicitárias, em que a plataforma verificou atraso de algumas campanhas promocionais, normalmente realizadas nas últimas semanas de agosto, por algumas lojas presentes no KK e nos grandes operadores do retalho alimentar.

Segundo o KK, as únicas subcategorias onde se verificou um aumento da procura foram: Calculadoras – +88%; Portáteis – +61% (com previsão de aumento contínuo).

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