As duas passagens superiores que ligam as diferentes fases do Parque dos Poetas, ontem inauguradas, marcam a conclusão deste parque que, segundo Isaltino Morais, «é de Portugal» e representa «a alma e a cultura dos portugueses».
O presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais, inaugurou as passagens superiores de ligação às três fases do Parque dos Poetas e os elevadores de acesso, que implicaram um investimento municipal de 900 mil euros. Com a estreia destes novos equipamentos, está cumprido o desenho projetado para o Parque dos Poetas, todo ele ligado entre si, salientou Isaltino Morais, lembrando que «este é um dos maiores parques temáticos da Europa (superado pelo de Oslo que se debruça sobre a vida) e o único que se debruça sobre a poesia e a língua portuguesa, onde o paisagismo e a escultura incorporam a poesia».
Museu ao ar livre da arte escultórica, o Parque dos Poetas foi um projeto da Câmara Municipal de Oeiras no mandato do presidente Isaltino Morais, nos finais do século XX, que fez nascer o Parque dos Poetas. O tecido empresarial do concelho – reconhece Isaltino Morais – envolveu-se no seu desenvolvimento colaborando com a câmara municipal na concretização do parque, doando algumas das esculturas, investindo somas consideráveis em peças de arte e uma parte contribuindo na construção propriamente dita de todo o parque. A ideia inicial foi concebida pelo poeta e escritor David Mourão-Ferreira e pelo escultor Francisco Simões, aos quais se juntou o paisagista Francisco Caldeira Cabral e a arquiteta Elsa Severino com a sua equipa.
A sua construção foi feita em 3 etapas, inauguradas respetivamente a junho de 2003 (1ª fase), Julho de 2013 (fase B) e Julho de 2015 (fase A). As 3 etapas corresponderam às 3 partes em que o parque se divide, mas não foram construídas de forma cronológica. Sendo a ordem de construção: poetas do século XX; dos trovadores aos poetas da renascença; dos poetas do Barroco aos poetas do Romântico e poetas internacionais da língua portuguesa.
«Acolhendo» poetas de todos os países Lusófonos, como fez questão de referir o presidente da Câmara de Oeiras, o Parque dos Poetas entra agora numa nova fase: desenvolvimento de um programa cultural e de lazer atrativo, que passa pela construção do Oeiras Garden com espaços de restauração e para atividades lúdicas e expositivas, estufa e sala polivalente, a instalação de quiosques.
Segundo anunciou vai ser reforçada a iluminação pública, melhorados os apetrechamentos dos anfiteatros, renovados e melhorados os equipamentos urbanos e finalizadas as intervenções escultóricas num monumento/obelisco que contará e complementará a história do Parque.
O Parque dos Poetas
O Parque dos Poetas, para Isaltino Morais, é um parque urbano de 25 hectares que, neste momento, se pode considerar pequeno, mas que, «brevemente, vai ter mais de 200 hectares, quando estiver ligado à Estação Agronómica, ao Parque das Perdizes, à Pedreira Italiana, ao convento da Cartuxa, descendo para Caxias, e passando pelo Palácio do Marquês e Jardim Municipal».
O autarca referiu ainda que a conceção paisagística, além do lazer, desporto e beleza dos jardins, tem na sua base a homenagem à Poesia de Língua Portuguesa através da representação escultórica de 60 poetas, da autoria de 40 escultores. E, é por isso, um museu ao ar livre, repositório da arte escultórica contemporânea com a presença das várias correntes estéticas.
A construção do Parque, correspondente a um investimento global de cerca de 40 milhões de euros, foi faseada, ficando concluída a 1ª fase em junho de 2003 e a última em julho de 2015.
O Parque dos Poetas teve, na sua génese de projeto, a ideia de um percurso romântico de uma alameda ou “boulevard “, ao longo do qual se poderiam encontrar ou lembrar, através de obras escultóricas, a Poesia e os mais importantes Poetas da Língua Portuguesa.
Assim, com um desenho urbano orgânico, a alameda é entrecruzada por caminhos secundários serpenteantes, dirigidos a jardins temáticos, contidos num formato de folha, onde se homenageia a poesia lusófona através de 60 Poetas (mais representativos) representados por esculturas contemporâneas da autoria de 40 dos escultores mais importantes de Portugal e dos países de expressão cultural portuguesa.
Nos jardins temáticos, os conjuntos escultóricos são enquadrados paisagisticamente por um desenho organizado, onde os materiais e a flora se associam ao conteúdo da obra poética de cada um dos representados.
Mas este percurso dos Poetas desde a fundação da nacionalidade até ao século XX, incluindo os países e territórios de expressão portuguesa, não é linear e diferencia-se nas 3 zonas principais do Parque, de acordo com cada época poética representada e seus escultores autores.
Há ainda uma vertente de sustentabilidade, cujo desafio foi imposto logo na génese e por isso foram implementados sistemas de rega sofisticados e está concretizado o abastecimento de água captada do subsolo.