A discrepância de número de casos de Covid, apresentados pela DGS e pelas autoridades locais, mantém o concelho em situação de risco muito elevado, acusa Bernardino Soares, que exige a retificação dos números.
O presidente da Câmara de Loures, Bernardino Soares, em carta dirigida à ministra da Saúde, Marta Temido, reclama a revisão da situação de risco muito elevado atribuída ao município, denunciando a existência de uma discrepância do número que é reportado pelas autoridades locais e pela Direção-Geral da Saúde.
Durante a última reunião do executivo municipal, realizada ontem, dia do início do novo período de estado emergência que mantém Lisboa e Loures como ilhas de risco, Bernardino Soares informou os vereadores que escreveu à ministra da Saúde, Marta Temido, alertando-a para discrepâncias nos números que são divulgados pela Direção-Geral da Saúde e os que são reportadas pelas autoridades locais.
«Sempre houve uma discrepância que andava sempre entre os 10% e os 20%, mas neste momento os dados que a Direção-Geral da Saúde (DGS) publica são mais do dobro daqueles que temos aqui», afirmou Bernardino Soares.
Por isso, defende, é necessário confrontar o Ministério da Saúde com essa diferença, que coloca o município de Loures na lista dos concelhos com risco muito elevado e, portanto, com maiores restrições.
Segundo o autarca, «alguém tem de explicar esta discrepância que não é agora de 10%, 20%, que podíamos atribuir a algum retardar dos dados. O último relatório nacional tinha 120% mais casos do que o relatório local do mesmo dia. Portanto, há aqui alguma coisa que tem de ser melhor explicada».
Face a esta situação, Bernardino Soares considera «urgente» a DGS rever os dados disponíveis de forma a «ir ainda a tempo de rever as medidas», caso os dados das autoridades locais de saúde sejam os mais aproximados da realidade.
«Se concluirmos que estamos mesmo em risco muito elevado muito bem, mas se não for assim então a situação tem de ser revista porque as medidas têm impacto na vida das pessoas e na economia local», sublinhou.
O autarca adianta, por outro lado, que o último relatório das autoridades de Saúde locais apontam para uma diminuição do número de casos ativos, que desceram dos 651 para os 556, o que representa 303 casos por 100 mil habitantes.
O autarca adiantou ainda que existem atualmente 29 casos ativos em escolas do concelho, com 20 turmas em isolamento, e situações mais complexas em dois lares, que obrigaram à ativação das brigadas de intervenção rápida.
O novo período do estado de emergência em Portugal, que vigora até 23 de dezembro, iniciou-se às 00:00 de ontem, com um total de 113 concelhos do continente em risco de transmissão de covid-19 extremamente elevado ou muito elevado.
Em novembro, o executivo tinha dividido os municípios em quatro grupos, consoante o nível de risco de transmissão – moderado, elevado (entre 240 e 480 casos por 100 mil habitantes), muito elevado (entre 480 e 960 casos) e extremamente elevado (mais de 960 casos
Nos dias úteis, o período de recolhimento domiciliário nestes 113 municípios inicia-se apenas às 23:00 e os estabelecimentos comerciais têm de encerrar até às 22:00. Os restaurantes, equipamentos culturais e instalações desportivas devem encerrar até às 22:30 (estabelecimentos de restauração podem funcionar até à 01:00, mas apenas para entregas ao domicílio).
Já nos concelhos de risco elevado, e do qual faz parte o de Loures, mantém-se até dia 23 a proibição de circulação na via pública, com o respetivo dever geral de recolhimento domiciliário, entre as 23:00 e as 05:00 de todos os dias.
Uma vez que oito municípios da Área Metropolitana de Lisboa passaram agora do nível muito elevado para elevado (Odivelas, Oeiras, Seixal, Setúbal, Sintra, Amadora, Cascais e Vila Franca de Xira), não têm nos próximos dois fins-de-semana as limitações de circulação à tarde. O mesmo não acontece com Almada, Barreiro, Lisboa e Loures, os únicos territórios da área metropolitana que continuam com risco muito elevado e, portanto, com maiores restrições.