Chegaram a Portugal mais 99.450 doses da vacina da Pfizer. A ministra da Saúde, Marta Temido, que pretende, até ao final do mês, vacinar 100 mil profissionais da saúde, anunciou ainda que os titulares de órgãos de soberania vão ser vacinados já na próxima semana, e que, em Fevereiro, vai iniciar-se a vacinação de pessoas com mais de 50 anos com comorbilidades de risco.
Portugal recebeu hoje mais 99.450 doses de vacinas contra a covid-19, elevando o total acumulado pelo país desde o início da vacinação em 27 de dezembro para 411.600 doses, avançou hoje a ministra da Saúde, Marta Temido, durante uma conferência de imprensa realizada no Ministério da Saúde, em Lisboa, após uma reunião com a ‘taskforce’ do plano de vacinação. A governante esclareceu também que até domingo tinham sido efetuadas 255.700 inoculações, nomeadamente a profissionais de saúde e utentes e funcionários de lares, existindo a expectativa de atingir os 100 mil vacinados no setor da saúde até final desta semana.
«Estimamos que até ao final deste mês estejam vacinados 100 mil profissionais de saúde do Serviço Nacional de Saúde (SNS), Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), Instituto de Saúde Ricardo Jorge (INSA), Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPTP), das forças armadas, dos estabelecimentos prisionais e dos setores privado e social de estruturas que estão a receber doentes covid», afirmou.
A ministra Marta Temido indicou que já foram administradas doses de vacina a mais de 162 mil utentes e funcionários de estabelecimentos residenciais para idosos (ERPI) e da rede nacional de cuidados continuados integrados (RNCCI), sublinhando que «é possível concluir brevemente este processo, uma vez que faltam poucos profissionais e residentes para vacinar». Contudo, lembrou que os lares onde existem surtos de covid-19 permanecem como exceção.
Por outro lado, a ministra da Saúde adiantou que, a primeira semana de fevereiro vai marcar também o arranque da vacinação das pessoas com mais de 50 anos e que tenham uma das quatro comorbilidades identificadas como sendo de risco para o internamento em covid-19, nomeadamente doença coronária, insuficiência cardíaca, insuficiência renal e doença pulmonar obstrutiva crónica.
«Este grupo tem um universo de cerca de meio milhão de pessoas, um pouco menos. A sua identificação através dos registos dos centros de saúde, o processo de realização de contacto com as pessoas e da identificação das mesmas através dos serviços privados está preparado para ser iniciado na semana que vem», referiu a ministra.
A alteração do prazo de 21 dias entre as duas tomas da vacina da Pfizer/BioNTech que tem sido feita em alguns países mereceu também um comentário da titular da pasta da saúde no Governo, para assumir que o Ministério já pediu um esclarecimento a nível europeu.
«Portugal continua a fazer os 21 dias de intervalo entre as duas tomas da vacina. Fizemos, conjuntamente com outros países, um pedido de apreciação à Agência Europeia do Medicamento (EMA) sobre este tema. Ainda não temos uma recomendação e, por isso, mantemos os 21 dias», frisou.
Titulares de cargos públicos vão ser vacinados
Por outro lado, a ministra da Saúde revelou que a administração de vacinas contra a covid-19 aos titulares de órgãos de soberania vai começar na próxima semana. «Seguidamente, iremos avançar para a vacinação dos outros serviços essenciais, como tínhamos previsto: profissionais de emergência pré-hospitalar – designadamente bombeiros -, profissionais de serviços essenciais, forças de segurança e, entre eles, titulares de órgãos de soberania. Iniciarão a sua vacinação a partir da semana que vem», afirmou. Os autarcas vão também estar envolvidos no lote de titulares de órgãos de soberania a vacinar já na próxima semana, não se restringindo aos cargos mais altos do país, como o Presidente da República, o presidente da Assembleia da República ou o primeiro-ministro.
Segundo Marta Temido, «os presidentes das câmaras municipais são também as autoridades municipais de proteção civil. Isso confere-lhes uma circunstância de essencialidade para a resposta à covid-19 e, naturalmente, isso será tido em consideração. Estão a ser agora feitos os contactos no sentido da identificação exata dos indivíduos para que possam começar a ser identificados esta semana e vacinados no início da semana que vem», acrescentou.
Sobre a questão de membros de direção de alguns lares terem recebido doses de vacina sem alegadamente estarem em contacto direto com os utentes das instituições, Marta Temido revelou que da reunião com a ‘taskforce’ vão ser definidos «mecanismos de controlo destas situações». Sem falar em eventuais sanções, a ministra preferiu apontar à «censura social destes casos».
Em causa está o episódio da última semana da vacinação do presidente da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz, José Calixto, que é igualmente presidente da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva (FMIVPS), responsável pelo lar de idosos onde se registou um surto no verão e que provocou a morte de 18 pessoas, tendo sido por via dessa função que viu o seu nome ser incluído na lista de pessoas a vacinar pela instituição.