PENSAR O COMÉRCIO (…) A “PRETO E BRANCO”?

Após superar-se a pandemia, existem fortes razões para apostar em abordagens inovadoras e ambiciosas de se pensar, planear e trabalhar o comércio das nossas cidades, vilas e aldeias.

Num tempo em que já poucos fazem questão de recorrer e valorizar o uso do “preto e branco” e em que parecem ser outras as cores que (pre)dominam, no setor do Comércio, onde cada vez serão menos os que fazem crer no dito, tradicional ou de proximidade, e mais os que fazem por querer a sua transição para o digital, onde a multiplicidade de cores será infinitamente explorável, há sinais, pequenos é certo, mas curiosos, que se afirmam, ano após ano, tal podendo apenas mais não ser do que a tal exceção que virá confirmar a regra.

Refiro-me, em concreto, à sexta-feira NEGRA, mais conhecida, por efeitos da globalização, por Black Friday e à(s) noite(s) BRANCA(s), eventos, tão distintos como coincidentes no seu propósito, que se têm vindo a difundir e a afirmar, um pouco por toda a parte, essencialmente, como veículo para o … consumo.

Quem se interessa pelas artes de “pensar o Comércio”, terá assim de recorrer à palete de cores, extravasando em muito o básico “preto e branco”, pois ao que parece só pincelando as ideias é que estas poderão contribuir para dar alento e colorido àquilo que é, acima de tudo, uma atividade económica que dá cor, dá vida e dá cor à vida das cidades, das vilas, dos seus centros históricos, das suas Baixas e das suas gentes.

Mas, não só!

Tendo conhecido dias mais cinzentos do que outros, nem sempre a palidez da sua ação (leia-se da Administração, seja ela central ou local) tantas vezes por omissão, terá conseguido justificar tudo o que de menos bom ocorreu.

Sinais vermelhos de alerta redobrado, laranja de cautelosa precaução ou verdes de esperança renovada, têm caraterizado a evolução recente de um setor que jamais pode ser lido e encarado à parte de outras “cores” – do planeamento, do ordenamento, do urbanismo, da cultura, do património, enfim, da economia urbana, encarada em sentido lato.

Centro de Enfermagem Queijas

Nestas coisas de mercado, em que os tons da oferta têm de se “misturar” com as tonalidades da procura, nem sempre o resultado final resulta em cores agradáveis, e da mesma forma, para ambas as partes.

Percecionada a diferença entre as cores da compra e do consumo, percecionados os seus efeitos no comércio e nos seus comércios, por vezes, tudo poderia não passar de … gostos, de preferências, de escolhas, enfim de … procura(s), mas todos sabemos que não será bem assim!

Depois de superada esta fase das nossas vidas, esta sim bem negra para todos e para o(s) Comércio(s), em geral, haverá fortes razões para apostar em abordagens verdadeiramente inovadoras e ambiciosas de se pensar, de se planear e de se trabalhar o Comércio das nossas Cidades, das nossas Vilas e Aldeias, pintando-o de todas as cores, pouco nos importando, decerto, a cor da origem das políticas, das medidas e das ações que importa começar a gizar.

Em suma, o Comércio vive e faz viver, mas como a vida, tem cores que a razão, ainda, desconhece, como a vida, aliás, faz questão de nos mostrar e demonstrar!

por João Barreta

Mestre em Gestão do Território / Especialista em Urbanismo Comercial e ex-Diretor Municipal de Atividades Económicas (DMAE) da Câmara Municipal de Lisboa

Publicidade

#ComércioNaLinhaDaFrente

Quer comentar a notícia que leu?