As denúncias de violência contra a mulher aumentaram com o confinamento da Covid-19. Os números apontam para uma «agudização dos casos de violência que já preexistiam», foi revelado pela APAV, durante um encontro com o presidente da Câmara de Lisboa.
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, assinalou hoje o Dia Internacional da Mulher com um alerta contra o crime de violência doméstica, considerando que esta é uma das formas «mais extremas» da diferença que atinge as mulheres. Este alerta de Fernando Medina foi realizado durante uma visita que o autarca realizou às instalações da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) em Lisboa, que destacou o trabalho da instituição no combate aos diferentes crimes de violência, desenvolvido ao longo de 31 anos. Medina aproveitou a ocasião para deixar «uma palavra de agradecimento e de reconhecimento à equipa de profissionais e voluntários».
O presidente da autarquia explicou que decidiu fazer esta visita neste dia específico «porque se a APAV se dedica hoje a um vasto conjunto de vítimas, num muito alargado conjunto de violações de direitos fundamentais na nossa sociedade, há um que infelizmente se continua a destacar, que é o da violência doméstica e, na violência doméstica, é inequívoco que há vítimas primeiras à cabeça: mulheres».
Associando a visita ao Dia Internacional da Mulher, Fernando Medina disse que o município de Lisboa tem desenvolvido vários instrumentos de apoio às vítimas de violência doméstica, inclusive a disponibilização de casas de abrigo, realçando a parceria com a APAV, que tem sido «um parceiro absolutamente fundamental», lembrando que «em plena pandemia, quando tanta coisa fechou, parou, suspendeu, a APAV continuou a fazer o seu trabalho».
Apesar de se registarem avanços no combate à violência doméstica em Portugal, inclusive passou a ser crime público, o problema «continua a ser uma realidade, uma realidade que atinge sobretudo as mulheres», reforçou o autarca, defendendo que «estamos muito longe de poder dar por finda esta batalha e este compromisso com algo que atenta àquilo que é mais fundamental, que é o direito à segurança, a uma vida digna, em especial dentro do seu próprio lar».
Acréscimo na procura de casas de abrigo
Segundo a vereadora Paula Marques, registou-se «um acréscimo de procura de casas de autonomização», tendo assegurado que «não há listas de espera» e que as habitações são utilizadas à medida que vão sendo necessárias por parte das várias organizações. Paula Marques, garantiu que a Câmara de Lisboa «está obviamente disponível» para reforçar a capacidade, inclusivamente este mês vão ser disponibilizadas mais duas casas de autonomização de vítimas de violência doméstica, através de uma nova parceria com mais uma organização.
Cristina Soeiro, vice-presidente da APAV, explicou que ainda não é possível concluir se houve um aumento de casos de violência durante o período de confinamento, adiantando que o projeto termina em maio deste ano, altura em que serão revelados os resultados finais.
Após a apresentação dos dados iniciais do projeto, com a participação do presidente da APAV, João Lázaro, o presidente da Câmara de Lisboa referiu que os números convocam toda a sociedade, reiterando o alerta contra o crime de violência doméstica.
CIG atende 4.500 vítimas
Por outro lado, dados da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG) adiantam que, no período que abrange a pandemia de covid-19, a rede nacional registou 15.919 atendimentos, fazendo agora, e desde a última quinzena de maio, uma média de 4500 atendimentos, cada vez mais presenciais à medida que o desconfinamento avança, e que são quase o dobro dos 2500 atendimentos em média nas quinzenas de abril, que já eram «um número muito significativo».
#ComércioNaLinhaDaFrente