Um conjunto escultórico, intitulado «Permanência do Vinho de Carcavelos», foi inaugurado ontem, em Oeiras, para assinalar a fama e o prestigio internacional deste vinho generoso, que já faz parte do quarteto de luxo dos generosos portugueses, juntamente com o Porto, o Madeira e o Moscatel de Setúbal.
Fama antiga e prestígio internacional não foram suficientes para evitar o declínio dos vinhos de Carcavelos. Entre as moléstias da vinha e o avanço do betão, a região esteve à beira do fim. Felizmente, a luz ao fundo do túnel acendeu-se, quando nos anos 90 do século passado a Câmara de Oeiras celebrou um protocolo de cooperação com a Estação Agronómica Nacional, para preservar a vinha existente e recuperar a produção deste vinho generoso. Mas, a nova era do vinho de Carcavelos começou, realmente, em 2009. E, é todo esse «percurso de vida», com mais de três mil anos, que a Câmara de Oeiras perpetuou e homenageou com a criação de um do Conjunto Escultórico denominado “Permanência do Vinho de Carcavelos” no interior da rotunda localizada na Avenida da Republica, em Oeiras.
Desta forma, o Vinho de Carcavelos Villa Oeiras, que obteve os prémios de Grande Medalha de Ouro atribuída ao Villa Oeiras Superior e duas Medalhas de Prata ao Villa Oeiras 7 anos e Colheita Tinto 2009, pela ViniPortugal, recebeu agora mais esta distinção: a instalação de um Conjunto Escultórico, constituído por 17 colunas cilíndricas que sugerem a forma de pipas, empilhadas umas sobre as outras, evocando a produção do Vinho de Carcavelos, amplificado pela plantação, em linhas que seguem a orientação do eixo maior da rotunda, de videiras das castas utilizadas para a produção do famoso vinho.
Com este conjunto escultórico, denominado “Permanência do Vinho de Carcavelos”, pretende-se celebrar o vinho produzido na autarquia e que é uma referência histórica e identitária do concelho, «concentrando-se», ainda, uma série de referências associadas à atividade milenar da produção do vinho, salientou Isaltino Morais, presidente da autarquia, durante a inauguração deste conjunto escultórico.
Localizada na rotunda de interseção da Rua da Estação Agronómica Nacional, Avenida da República e Rua da Quinta das Palmeiras, em Oeiras, a obra é da autoria artista plástico Rui Sanches, que salienta que a «forma final da colunata lembra um campo arqueológico, onde os restos de uma arquitetura clássica nos apareçam reduzidos aos fustes desiguais de uma série de colunas. A coluna, elemento essencial do sistema construtivo poste e lintel, é uma das formas distintivas da nossa cultura Clássica. As estruturas em aço corten que abraçam as colunas sugerem a forma de pipas, empilhadas umas sobre as outras».
Esta obra, que custou 356.700 euros, representa também o «reconhecimento da autarquia da importância deste património histórico, cultural e turístico», que estava e vias de extinção «se não fosse a Câmara de Oeiras, nos anos de 1990, ter assinado um protocolo de cooperação com a Estação Agronómica Nacional, para preservar a vinha existente e recuperar a produção deste vinho generoso que, na última Presidência Europeia portuguesa, foi servido «aos principais lideres europeus».
Câmara controla produção
Isaltino Morais, após ter defendido que as uvas da vinha plantada junto ao monumento poderão ser utilizadas para a produção do Villa Oeiras, lembrou que a adega do palácio, que foi de Marquês de Pombal, tem hoje centenas de barricas do vinho que o também primeiro Conde de Oeiras tornou célebre.
Recuando um pouco no tempo, Isaltino Morais salientou que a produção do vinho na região, assim o demonstram alguns achados arqueológicos, tem mais de três mil anos, recordando que, em 2001, a autarquia investiu na adega e desde então já expandiu os hectares plantados. «Hoje é a Câmara que controla todo o processo, da manutenção da vinha ao engarrafamento», explica. «A vocação de uma autarquia não é produzir vinho», reconhece o responsável, sublinhando, contudo, que é obrigação «preservar património».
Se inicialmente a ideia de que uma autarquia ia fazer vinho foi recebida com descrédito, o projeto de recuperação deste vinho acabou por despertar a curiosidade de especialistas internacionais. Com 18,5% de teor alcoólico, o Villa de Oeiras é um vinho fortificado. A produção é de 50 mil litros por ano, estando a ser engarrafados 11 mil, mas este número pode aumentar nos próximos anos para 50 mil assim as vendas o permitam.
Na perspetiva do autarca, este vinho reforçou a identidade do concelho, lembrando que todos os anos a população é convidada a participar na vindima do Villa Oeiras. Há sempre um dia aberto, em que munícipes de todas as idades ajudam a apanhar as uvas para o Carcavelos. A vindima está também sempre aberta aos voluntários que aparecem durante essas quatro ou cinco semanas. «O projeto tornou-se identitário do concelho», explica Isaltino Morais