A Câmara de Lisboa tomou um conjunto de medidas de apoio à comunidade ucraniana que vive na capital e está a preparar um centro de acolhimento temporário para refugiados vindos da Ucrânia. O anúncio foi feito hoje, nos Paços do Concelho, por Carlos Moedas: «Lisboa está com a Ucrânia, Lisboa está com Kiev», afirmou o autarca. Ao seu lado, a embaixadora da Ucrânia, Inna Ohnivets, devolveu: «Somos irmãos. Força Portugal e glória à Ucrânia».
A Câmara de Lisboa vai abrir o refeitório municipal de Monsanto para apoiar ucranianos retidos na cidade e criar um centro de acolhimento de emergência para refugiados da Ucrânia num pavilhão da Polícia Municipal, anunciou o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, defendendo que «com o coração dos lisboetas, queremos ajudar em tudo aquilo que seja necessário. Não podemos, neste momento, como lisboetas, ter alguma hesitação».
Segundo revelou Carlos Moedas, as medidas de apoio também se destinam aos ucranianos que terão ficado retidos em Lisboa e que não podem retornar à Ucrânia devido à guerra.
Por isso, para todos os ucranianos que precisam de ajuda e para todos os que querem ajuda, o município tem disponível a partir de agora uma linha telefónica 800 910 111 e o endereço de email sosucrania@cm-lisboa.pt, indicou o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), na conferência de imprensa conjunta com a embaixadora da Ucrânia, Inna Ohnivets, que decorreu ao fim da manhã, nos Paços do Concelho.
«Lisboa está realmente com Kiev, com a Ucrânia, com o povo ucraniano», afirmou Carlos Moedas, referindo que o sentimento de solidariedade «é tão forte como o coração dos lisboetas, queremos ajudar em tudo aquilo que seja necessário, não podemos ter essa hesitação».
Na conferência de imprensa, Carlos Moedas contou que foi precisamente nos Paços do Concelho que a ideia surgiu, quando na semana passada a autarquia decidiu iluminar a sede com as cores da bandeira da Ucrânia. O autarca salientou a «união entre vereadores e a disponibilidade imediata dos 24 presidentes da Junta de Freguesia», deixando uma «palavra de conforto» aos ucranianos e à embaixadora Inna Ohnivets, sublinhando «são palavras que gostava que levasse no seu coração: Lisboa está com Kiev».
Além de retribuir as palavras, a embaixadora ucraniana em Lisboa elogiou as «medidas muito efetivas na área da economia decididas pela União Europeia», destacando a «decisão de fechar o espaço aéreo, que é muito importante».
Na conferência de imprensa conjunta com o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, para apresentação de um conjunto de medidas destinadas a apoiar as famílias ucranianas na capital portuguesa, Inna Ohnivets pediu o apoio de Portugal à iniciativa anunciada pelo Presidente da Ucrânia de adesão do país à União Europeia.
«Também gostaríamos de pedir, de considerar, a possibilidade de romper as relações entre Portugal e a Federação Russa. Esta medida é muito dura, mas é justa neste tempo, porque atualmente temos a situação quando os ocupantes russos matam. Estão a matar os ucranianos no nosso país, nomeadamente as crianças. Já morreram 16 crianças», declarou a embaixadora da Ucrânia.
A diplomata ucraniana agradeceu a ajuda de Portugal pela assistência militar e no fornecimento dos materiais militares, referindo que «isso é um sinal forte para o povo ucraniano».
«Lutamos não só pela Ucrânia, mas também por toda a Europa», frisou Inna Ohnivets, adiantando que o exército ucraniano «luta muito bem, mas é preciso também ajuda da parte da União Europeia».
Plano de solidariedade dividido em duas fases
Por outro lado, Carlos Moedas anunciou também a criação de uma equipa que dará apoios ao nível de alimentação, alojamento, vestuário e medicação, adiantando que o plano de solidariedade da cidade de Lisboa, centralizado na Câmara Municipal e que inclui as 24 juntas de freguesia lisboetas, divide-se em duas fases, em que a primeira passa por «dar um apoio imediato de alimentação, alojamento, vestuário, medicação e apoio psicossocial aos ucranianos retidos na capital portuguesa», que se estima serem cerca de 50.
A segunda fase, implementada em coordenação com a embaixada da Ucrânia em Portugal, prevê a construção de «um centro de acolhimento de emergência para refugiados num pavilhão desportivo na sede da Polícia Municipal de Lisboa», na zona da Praça de Espanha, e que assim que for necessário estará pronto no máximo de 72 horas.
Para já, estará aberto a partir de hoje, segunda-feira, o refeitório de Monsanto para os ucranianos retidos em Portugal e ficará também disponível o centro de acolhimento temporário para refugiados, a funcionar na sede da Polícia Municipal de Lisboa.
Para facilitar a comunicação, a autarquia criou uma linha telefónica e um e-mail que já se encontram em funcionamento, «para que todos aqueles que queiram, nos contactem de imediato», adiantou Carlos Moedas.
O presidente da Câmara de Lisboa deixa claro que «aquilo que é importante é realmente antecipar», explicando «somos a capital do país, somos o sítio onde muitos vão chegar e nós temos de estar preparados antes deles chegarem».
Juntas de Freguesia e particulares solidários
A onda de solidariedade para com o povo ucraniano estende-se de norte a sul do país. Em Lisboa, Juntas de Freguesia e entidades privadas criaram uma corrente de solidariedade, com pontos de recolha de bens alimentares, medicamentos e outros produtos.
Assim, a Junta de Freguesia da Misericórdia está a recolher bens essenciais para apoiar a população ucraniana deslocada devido à invasão russa. Os bens poderão ser entregues, na segunda e na quarta-feira, na sede da Junta de Freguesia, entre as 09h00 e as 20h00.
O mesmo está a realizar a Junta de Freguesia da Ajuda, que vai receber a partir de quarta-feira donativos para ajudar as vítimas da invasão da Ucrânia. Entre as 09h00 e as 19h00 pode deixar bens alimentares não perecíveis, produtos de higiene pessoal e agasalhos no Pavilhão Multiusos da Ajuda (ao lado do Pingo Doce).
Por seu turno, a Junta de Freguesia de Benfica, em parceria com a Paróquia de Nossa Senhora do Amparo de Benfica, está a organizar uma recolha solidária de bens essenciais para enviar para a Ucrânia. A recolha de bens essenciais decorre na segunda e terça-feira, entre as 09h00 e as 22h00
Já na Junta de Freguesia do Areeiro pode entregar bens de primeira necessidade esta segunda-feira entre as 16h00 e as 23h00.
Por outro lado, um grupo de médicos do Hospital de Santa Maria, Hospital de CUF, Hospital de Lusíadas Lisboa e Hospital Beatriz Ângelo, que escolheu Portugal como destino de emigração, também está a pedir doações, que chegarão à Ucrânia, através de transporte efetuado pela Associação Solidária Anjos de Misericórdia – instituição de caridade.
Grupo hoteleiro oferece alojamentos
Por último, o grupo hoteleiro HUB está disponível para abrir as portas dos seus estabelecimentos de Lisboa, Ericeira e Peniche a refugiados ucranianos. Segundo um comunicado da empresa, «o HUB está solidário com a Ucrânia e com os seus cidadãos abrindo as portas das suas unidades em Lisboa, Ericeira e Peniche para receber algumas famílias Ucranianas que procuram refugio em Portugal. Esta ação nasceu da colaboração com a Embaixada da Ucrânia em Portugal e como forma de ajudar esta comunidade a encontrar alojamento e segurança na chegada do nosso País».
O grupo apela ainda a toda a comunidade Hosteleira, Alojamento Local e Hoteleira para se juntar a este movimento de solidariedade para «que se possa abrigar o maior número de refugiados ucranianos. Vamos dar casa a quem, infeliz e inesperadamente, teve de fugir da sua».