O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, recebeu terça-feira, o título Doutor Honoris Causa pela Universidade NOVA de Lisboa, numa cerimónia presidida pelo Reitor da Nova, João Sàágua, a decorrer na Reitoria (Campus de Campolide). Elvira Fortunato, vice-reitora da NOVA, foi madrinha e oradora.
A Universidade NOVA de Lisboa atribuiu o título Doutor Honoris Causa ao engenheiro Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal e Lisboa e antigo Comissário Europeu pelos seus contributos para o avanço da ciência e tecnologia na Europa e no mundo. Os antigos Primeiros-ministros Francisco Pinto Balsemão e Passos Coelho, Paulo Portas, Leonor Beleza, Manuel Pinto Luz e Inês Medeiros, foram algumas das individualidades presentes na cerimónia presidida pelo reitor, João Sàágua.
A Vice-Reitora da NOVA, professora Elvira Fortunato, foi a madrinha do laureado, solicitando a atribuição do título de Doutor Honoris Causa como reconhecimento pela excelência do seu trabalho, percurso profissional brilhante e pelo seu valioso contributo para o avanço da ciência e tecnologia na Europa e na ligação do conhecimento à sociedade.
Elvira Fortunato recordou que, «enquanto comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, entre 2014 e 2019, Carlos Moedas foi mentor da criação do Conselho Europeu de Inovação», salientando que «esta unidade complementar do Conselho Europeu de Investigação (ERC) promove a implementação de ideias criativas e disruptivas geradas por talentos à sua aplicabilidade a casos concretos da sociedade».
Por seu turno, o Reitor da Universidade NOVA, Professor João Sàágua, definiu o Eng.º Carlos Moedas como «um Iluminista do séc. XXI, detentor das virtudes que a Universidade NOVA honra, comunga e pratica, pondo o conhecimento ao serviço do desenvolvimento humano e do progresso social».
O Professor Doutor João Sàágua considerou ainda que, no âmbito do novo programa-quadro, Horizonte Europa, Carlos Moedas «desempenhou um papel relevante, ao ter apresentado uma proposta com um aumento do orçamento em cerca de 30%».
Futuro está na ciência
No seu discurso, o Eng.º Carlos Moedas referiu o orgulho por este reconhecimento pelo seu trabalho, enquanto Comissário Europeu, na investigação, ciência e inovação e referiu «aceito esta honra em meu nome, mas principalmente em nome desse valor supremo da curiosidade e dos cientistas que a seguem todos os dias», acrescentando que «ao olhar para trás o que de melhor fiz enquanto comissário aconteceu quando dei voz a essa curiosidade que transforma vidas».
«Sinto particular orgulho de este grau me ser concedido pelo meu papel enquanto Comissário Europeu. Penso que durante aqueles 5 anos em Bruxelas, com o apoio de tantos, conseguimos levar além-fronteiras a ideia de que Portugal é também um País de ciência e da inovação», adiantou o laureado, sublinhando que acredita verdadeiramente «que a Ciência é o nosso futuro. Sem a ciência não somos nada. E fui testemunha em primeira mão dessa capacidade de a ciência mudar o mundo».
«Conheci também Joshua Okello estudante de medicina no Uganda, que um dia teve uma ideia que hoje salva muitas mulheres no Uganda. No interior do país as mulheres eram acompanhadas por parteiras que a única maneira de ouvir o bebé era por um cone em forma de chifre (“Pinard Horn”) para ouvir os batimentos cardíacos dos bebés. Para aprender a fazê-lo a parteiras demoram anos ensinadas pelas mais velhas. Joshua lembrou-se de ligar um simples telemóvel e assim enviar esse ruido cardíaco diretamente a um médico no hospital que em 5 min o analisa e vê se o bebé está bem», lembrou.
Mudar o mundo através da ciência
Para Carlos Moedas, «sempre que conhecia uma destas pessoas inspiradores, pensava no que distingue estes homens e mulheres que através da ciência mudam o mundo. E pensava que os poderes públicos e a sociedade deviam dar-lhes muito mais importância do que dão. Há muitas caraterísticas que os distinguem, mas há uma que todos têm e que hoje se perde nas nossas escolas e nas nossas universidades: Uma curiosidade insaciável de conhecer e saber tudo. Uma curiosidade que os invade em tudo o que fazem».
Para exemplificar a necessidade de os cientistas serem curiosos, Carlos Moedas foi buscar Einstein que «dizia que não tinha grande talento era apenas um curioso apaixonado», ou «Leonard Da Vinci, que tinha uma curiosidade infinita e que todos os dias escrevia no seu caderno aquilo que despertava uma nova interrogação»
Assim, na perspetiva do antigo Comissário europeu, «foi esta curiosidade que levou Einstein a descobrir a antimatéria. Nunca ele sonhou que a antimatéria seria hoje utilizada para fazer PET Scans hoje essenciais no tratamento do cancro. Foi esta curiosidade que levou André Geim bolseiro do European Reseach Council a reparar que ao afiar o lápis caía uma camada mínima de carbono que poderia ser um material 200 vezes mais potente do que o aço e 1000 vezes mais leve do que papel. E descobriu o grafeno. Foi esta curiosidade que levou e Elvira Fortunato a descobrir o transístor de papel. Ou o prémio Nobel Ben Feringa a pensar que podia construir nano carros que repararam as nossas células e que irão seguramente revolucionar o tratamento do cancro».