A Marcha de Campo de Ourique vai voltar a desfilar na Avenida da Liberdade quatro anos depois, uma vez que não marcharam em 2019. Por isso, e como explica ao Olhares de Lisboa Teresa Correia, uma das responsáveis da marcha, “as expectativas são altas e esperamos ter um bom resultado”.
Devido à não participação no concurso das Marchas Populares em 2019, a organização esperava regressar ao concurso em 2020, ano em que a pandemia da Covid-19 chegou a Portugal e obrigou ao cancelamento de todos os eventos presenciais, algo que se voltou a repetir em 2021.
“No entanto, recuperamos todo o trabalho que já tínhamos iniciado em 2020 e agora estamos a ultimar os preparativos”, prossegue Teresa Correia, acrescentando que esta paragem forçada não “afetou a performance dos marchantes. Quem é marchante nunca perde o jeito, e temos aqui pessoas que já marcham há muitos anos”.
Segundo a responsável, os marchantes mais experientes “tentam ensinar o melhor aos estreantes, há muito apoio na nossa marcha, bom ambiente, muita entreajuda”, explica, acrescentando que “todos os integrantes do grupo se dão bem”. De acordo com Teresa Correia, este ano houve “mais dificuldade em arranjar marchantes homens, mas isso é sempre todos os anos. Acho que os rapazes e os homens já não têm aquele chamariz para a marcha como de antigamente”, explica.
Contudo, a responsável acha também que “a pandemia também veio trazer alguma dificuldade na captação de marchantes, porque ela fez com que muita gente tivesse de mudar de emprego, outros começaram a trabalhar por turnos, outros tiveram filhos, e isso faz com que muita gente não tenha disponibilidade para vir aos ensaios”, acrescenta.
Os ensaios para a Marcha de Campo de Ourique começaram em março e decorrem de segunda a quinta-feira na Escola Manuel da Maia, em Campo de Ourique. “Aconselhamos o uso de máscara, há marchantes que usam outros não usam”, explica Teresa Correia, que espera ainda “que ninguém teste positivo à Covid-19, porque ficamos numa situação complicada”, uma vez que só existem dois suplentes. A responsável conta ainda que, em 2022, a marcha “vai contar com alguns estreantes, sendo muitos deles jovens”.
No entanto, muitos destes jovens vêm da escola de dança da Sociedade Filarmónica Alunos da Apolo, coletividade organizadora da marcha, sendo que “existem outros que nunca tiveram contacto com este mundo das marchas e tiveram curiosidade e inscreveram-se”, conforme explica a responsável. Ao todo, o grupo é composto por marchantes dos 15 aos 50 anos, sendo alguns oriundos de outros bairros.
“Atualmente, o bairro de Campo de Ourique de agora já não é o mesmo daquele que era há uns anos, há muita gente que saiu daqui, também agora existem mais estrangeiros a residir em Campo de Ourique”, explica Teresa Correia, acrescentando que não existem requisitos específicos para entrar na marcha, “apenas saber marchar e ter gosto por este mundo e fazê-lo com alma”.
A Marcha de Campo de Ourique apresenta-se no Altice Arena a 5 de junho e depois desfila na Avenida da Liberdade de 12 para 13 de junho. “Estamos muito empolgados por voltar a marchar, e estamos a trabalhar para uma boa classificação”, acrescenta Teresa Correia.
A responsável espera ainda “que a Avenida esteja cheia para ver as Marchas Populares, que já são uma tradição e fazem falta a Lisboa”. A marcha já ganhou o concurso em 1932, e já conquistou bons resultados depois desse ano. “Depois estivemos uns bons anos parados e regressámos em 2016”, acrescenta ainda Teresa Correia.
Em 2022, a Marcha de Campo de Ourique vai ter como padrinhos Maria João Gama e Nuno Miguel Henriques. Os ensaiadores são Carlos Espanhol, Margarida Martins e André Martins. A coreografia é também de Carlos Espanhol e os figurinos de João Henrique Praia. Os autores das canções são Carlos Espanhol (letras) e Rui Tenrinha (músicas). Já as mascotes são Santiago Martinho e Margarida Guerreiro, filhos de marchantes.