A MARCHA DO BAIRRO ALTO GOSTA DE AJUDAR O PRÓXIMO

Recorde-se que as Marchas Populares de Lisboa estão de regresso à capital após dois anos de interregno. No caso da Marcha do Bairro Alto, segundo o responsável, Vítor Silva, ao Olhares de Lisboa, esta paragem foi importante “para se pensar, e modificar alguma coisa que não esteja bem”.

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Para o responsável, “as marchas não é só desfilar, é toda uma dinâmica que exige tempo”. Contudo, o trabalho que será apresentado em 2022 foi iniciado em 2020. A Marcha do Bairro Alto conta com marchantes de vários bairros.

“Hoje em dia é difícil, tirando uma ou outra, existir uma marcha com pessoas só do bairro”, conta Vítor Silva, que acrescenta que o grupo atual tem idades entre os 14 e os 50 anos. “Nos últimos dois anos, houve muita gente que entrou e saiu da marcha, mas há muita gente do grupo que se mantém e já marcha connosco há muitos anos”, explica o responsável, ressalvando que “muitos dos jovens vêm da Marcha Infantil”.

No entanto, de acordo com Vítor Silva, houve uma certa dificuldade em captar novos marchantes para a Marcha do Bairro Alto em 2022. “Em dois anos houve uma mudança radical na vida das pessoas, tivemos que ir à procura, porque há muita gente que não tem horários compatíveis, ou têm filhos, e em 2022 vamos ser megalómanos”, sendo que, por isso , segundo o responsável, há uma certa exigência que nem todos conseguem acompanhar.

Não existem grandes requisitos para entrar na marcha, apenas “gostar de representar o bairro” e “de ajudar o próximo”, acrescenta Vítor Silva, salientando que “na Marcha do Bairro Alto nós ajudamo-nos uns aos outros, mesmo até as outras marchas. Somos competitivos, mas apenas no desfile”.

Os ensaios da Marcha do Bairro Alto começaram em abril e decorrem de segunda a sexta, no Polivalente de Santa Catarina. Todo o grupo está a realizar os ensaios sem máscara, “mas estamos todos vacinados”. No entanto, e de acordo com Vítor Silva, que se mostra preocupado com o atual aumento dos casos de Covid-19, “há muita gente que se está nas tintas para o vírus e sabemos bem que estar vacinado não quer dizer nada”.

Para já, a organização da marcha já se reuniu com a EGEAC no sentido de perceber como é que vão proceder caso alguém teste positivo à Covid-19. “Já coloquei essa questão, a EGEAC para já não nos sabem dar uma resposta, nem sei como vamos fazer nessa situação, porque os suplentes não chegam”, lamenta o responsável.

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Contudo, Vítor Silva salienta que “os ensaios estão a correr bem” e que, por enquanto, ainda não houve percalços. “Agora já estamos na fase de ajustar e limar as arestas”, uma vez que já só faltam poucas semanas para a apresentação no Altice Arena, marcada para o dia 3 de junho, e para o desfile na Avenida da Liberdade, que acontece na noite de 12 para 13 de junho. “A nossa expectativa para este ano é fazer o melhor possível e fazer uma boa prestação para ganhar”, acrescenta Vítor Silva.

A Marcha do Bairro Alto já ganhou vários prémios de Melhor Letra ao longo da sua participação. No entanto, o responsável não esquece a edição de 2018, quando “conquistámos o primeiro lugar e acabámos por ser espoliados”. Na perspetiva de Vítor Silva, “existem muitas cunhas neste mundo das marchas, há jurados que são amigos de pessoas que fazem parte das marchas e isso vê-se na pontuação que dão”, lamenta.

Ainda de acordo com Vítor Silva, “as Marchas Populares são para explorar e recriar as vivências de cada bairro, e eu sei que é o júri que manda, mas na verdade muitos nem sequer percebem o que é uma marcha”.

A Marcha do Bairro Alto vai ter como padrinhos em 2022 os atores Flávio Gil e Sónia Brazão. Os ensaiadores são Dino Carvalho e Carla Fonseca; e os figurinos e a cenografia estão a cargo de Paulo Miranda e José Condessa. Já os autores das músicas são Flávio e Carlos Dionísio.

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