O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, e o vice-presidente do Banco Europeu de Investimento (BEI), Ricardo Mourinho Félix, assinaram hoje, 22 de julho, um contrato no valor de 90 milhões de euros, destinado a financiar o Plano Geral de Drenagem de Lisboa (PGDL).
O contrato, no valor de 90 milhões de euros, entre a Câmara Municipal de Lisboa e o Banco Europeu de Investimento (BEI), foi assinado nos Paços do Concelho, e vai financiar o Plano Geral de Drenagem de Lisboa (PGDL). O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, considerou que a obra do plano geral de dragagem da cidade será o legado que irá deixar aos lisboetas, já que será a maior do seu mandato.
Esta é a quinta, e última, tranche de um programa de empréstimo no valor de 250 milhões de euros (o Lx XXI, iniciado em 2016), destinado a modernizar as infraestruturas da cidade, nomeadamente o reforço da capacidade de resposta a fenómenos meteorológicos extremos, como inundações e tempestades.
O Plano Geral de Drenagem de Lisboa, com o período de execução 2016-2030, vai proteger a cidade para os impactos das alterações climáticas, nomeadamente evitar cheias e inundações, permitir a reutilização de águas e diminuir a fatura da água potável, estando prevista a construção de dois grandes túneis, um entre Monsanto e Santa Apolónia, com 5 quilómetros, e outro entre Chelas e Beato, com uma extensão de 1 quilómetro, num investimento total de 250 milhões de euros.
Um dos túneis vai implicar cinco estaleiros, que estarão na Avenida da Liberdade, Rua de Santa Marta, Avenida Almirante Reis, Santa Apolónia e Campolide.
Carlos Moedas lembrou que as obras «vão causar incómodo» aos lisboetas, mas espera que «seja o menor possível».
«Este contrato representa muito, representa hoje tornar o invisível em visível. Há um legado que vou deixar seguramente, que é transformar aquilo que é invisível em visível e esta obra é invisível aos olhos das pessoas, mas será a maior obra em Lisboa no nosso mandato», afirmou Carlos Moedas.
O presidente da autarquia explicou que a obra mudará Lisboa «a 70 metros de profundidade», pelo que «as pessoas não vão ter oportunidade de ver essa mudança, esses túneis de cinco metros de diâmetro que vão evitar que as cheias aconteçam» e lembrou as cheias «tantas vezes vividas nas ruas de Santa Marta e São José, em Alcântara ou na Baixa Lisboeta».
Carlos Moedas salientou ainda que uma das coisas que a luta contra o clima tem, e «que é terrível para quem a faz», é que as pessoas não notam aquilo que se está a mudar no âmbito do combate às alterações climáticas.
Carlos Moedas considerou, por outro lado, que o apoio do BEI, «vai permitir-nos mitigar uma das mais sérias consequências das alterações climáticas: as inundações», assinalou o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, sublinhando que «estamos a ajudar a que a cidade esteja mais protegida na sua normalidade, e a normalidade precisa de uma obra destas».
Carlos Moedas reforçou que o Plano Geral de Drenagem é uma obra «extraordinária e única em termos europeus», indicando que o empréstimo é para financiar a 100% a construção dos dois túneis previstos neste âmbito, que chegam a ter uma profundidade de 70 metros.
Recorde-se que em outubro de 2019, foi concluído o primeiro túnel do Plano de Drenagem de Lisboa (PGDL). Com 310 metros de comprimento e 1,2 metros de diâmetro, este é o maior túnel exclusivamente de drenagem alguma vez construído em Lisboa. Situado na junção da Avenida Infante Dom Henrique e Avenida de Berlim, melhorou drasticamente a capacidade de drenagem no Parque das Nações, principalmente na bacia junto à Gare do Oriente
«Queremos reforçar a parceria estratégica do município de Lisboa com o BEI em áreas tão decisivas como a sustentabilidade e ação climática, economia azul, inovação e habitação social», concluiu Carlos Moedas.
Por seu lado, o vice-presidente do BEI, Ricardo Mourinho Félix, disse que «o empréstimo de 90 milhões de euros para o município de Lisboa ajudará a cidade a combater as alterações climáticas e a preparar-se melhor contra eventos climáticos severos, como inundações e tempestades».
«Este financiamento da União Europeia surge numa altura em que as cidades se deparam com vários desafios fundamentais e o Banco Europeu de Investimento (BEI) orgulha-se de fazer parte da solução, com benefícios visíveis e tangíveis para os cidadãos de Lisboa hoje, mas também para as gerações futuro», acrescentou.
A contratação deste empréstimo junto do Banco Europeu de Investimentos é, segundo foi afirmado no decorrer da cerimónia de assinatura, para aplicação exclusiva ao Plano Geral de Drenagem, nomeadamente a implementação de duas das suas obras estruturantes, o túnel Monsanto – Santa Apolónia, com cerca de cinco quilómetros de extensão e 5,5 metros de diâmetro, e o túnel Chelas – Beato, com cerca de um quilómetro de extensão e igual diâmetro, «numa solução pensada para resolver, entre 70% a 80%, os riscos de inundações na cidade de Lisboa e, portanto, com forte impacto na resiliência da cidade e proteção dos seus habitantes e futuras gerações», lê-se num comunicado da autarquia.
Lisboa foi o primeiro município da União Europeia a beneficiar diretamente do apoio deste plano, também conhecido como Plano Juncker, que prevê investimentos no desenvolvimento sustentável da cidade em áreas como a habitação social, a reabilitação urbana (incluindo a reabilitação de escolas e centros de saúde) e a resiliência face aos efeitos das alterações climáticas.
Segundo a autarquia lisboeta, as prioridades da Câmara de Lisboa e do BEI «continuam alinhadas para o futuro, pelo que desejamos dar continuidade a esta parceria para financiar projetos na área da economia azul, inovação, habitação social e ação climática».
Por seu turno, o engenheiro Silva Ferreira, um dos responsáveis do consórcio vencedor, a Mota Engil / SPIE Batignolles Internacional, revelou que «os trabalhos de furar se vão iniciar até ao final do ano, com uma máquina tubular, que já se encontra em Lisboa, semelhante às que, neste momento, «estão a furar os tuneis do metro de Lisboa».
Silva Ferreira explicou, ainda, que vão ser montados em Lisboa sete estaleiros. «O maior e também o primeiro vai ser instalado em Campolide, na Quinta de José Pinto. O segundo, na Avenida liberdade, 3º em Santo Amaro, 4º na Almirante Reis, 5º em Santa Apolónia, 6º no Beato e, por fim, o 7º em Chelas», revelou o técnico do consórcio vencedor.
Noticia atualizada a 23 de julho
Brochura do Plano Geral de Drenagem